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Carro zero - Pegadinhas no preço

Consumidor deve ficar atento, com equipamentos opcionais "Cobrigatórios", que elevam custo do veículo. Principal surpresa está no acréscimo da pintura metálica

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Sensor de estacionamento não equipa de série o Polo, que é vendido com o acessório por mais R$ 660

Como o próprio nome indica, o preço divulgado pelos fabricantes para os veículos zero é apenas um valor sugerido, que pode ou não ser seguido pelos revendedores. E, exceções à parte (situações de lançamentos e procura intensa), normalmente os carros são vendidos abaixo dessa quantia. O problema está no momento em que se oferece um preço que não existe. Ou seja, ao valor sugerido, precisa ser acrescentado algum opcional, sem o qual não é possível comprar o carro.

Exemplo recente são os Volkswagen Polo e Polo Sedan 1.6. Alardeado como equipamento que é a sensação para o modelo no segmento, o sensor de estacionamento é cobrado à parte nas versões de entrada. E não é possível comprar o carro sem adquirir o acessório, que é caracterizado como "opcional obrigatório". Assim, são acrescidos R$ 660 no preço do carro. Segundo a Volkswagen, o fato de o modelo não ser vendido sem o sensor de estacionamento se deve a uma questão de "oferta frente à demanda", que é grande pelo item. Quanto à possibilidade de passar a ser de série, a fábrica diz que está avaliando.

Pintura
Desta ninguém escapa. Com raras exceções, todos os preços divulgados pelos fabricantes, assim como os anunciados como oferta das concessionárias, sempre dizem respeito ao carro com pintura sólida. E, pela metálica, como o prata, por exemplo, é necessário pagar, a mais, de R$ 600 a R$ 1 mil, conforme o veículo. O problema é que as opções de cores com pintura sólida são restritas e, pior, em alguns casos, não existem. É o que acontece com alguns veículos Citroën. A pintura metálica do C3 XTR, por exemplo, custa R$ 685. E a do C4 Pallas, R$ 925. Os valores precisam ser inevitavelmente somados ao preço sugerido, já que não há opção de pintura sólida para esses modelos.

Preço sugerido do C4 Pallas é de tom sólido, que não existe


Mas mesmo quando as opções de cores sólidas existem, muitas vezes acabam sendo apenas para constar. As possibilidades mais comuns são o preto - a cor mais pedida, embora carregue o estigma de esquentar muito e fazer aparecer a sujeira -, o vermelho - cor perigosa para revenda, conforme o modelo - e o branco - praticamente descartado para o consumidor comum de Belo Horizonte e outras cidades, em virtude dos táxis. Assim, o cliente, mesmo com a possibilidade de comprar o carro com pintura sólida, acaba tendo de desembolsar mais para adquirir um automóvel com melhor valor comercial.

Frete
Entre os veículos de entrada, é incomum a cilada da cor. A exceção fica com o Peugeot 206, cujo único tom sólido é o branco. Durante um período, a marca até oferecia um preto "especial", que não tinha custo. Atualmente, porém, a opção não está mais disponível, sendo necessário o desembolso de mais R$ 900 por qualquer tom metálico, inclusive o preto. Segundo a Peugeot, a mudança é recente e nada impede que o preto (sem custo) volte a ser oferecido, mas, por enquanto, não há planos. Por outro lado, a Peugeot, a partir deste ano, acaba com outra cilada que ainda surpreendia o consumidor mais desavisado. Ao preço do carro, ainda era necessário acrescentar o valor do frete, prática que era comum no passado, mas que, pouco a pouco, foi desaparecendo, já sendo agora divulgado ao consumidor o preço final do veículo.

Branco
Mas a "soma" da pintura parece estar longe do fim. Para grande parte dos modelos da marca Renault - Clio Sedan, Scénic, Mégane e Kangoo - a única opção sólida também é o branco. E o tom metálico custa pouco mais de R$ 800, variando conforme o carro. O mesmo acontece com o Toyota Corolla, com a pintura metálica custando R$ 873 para a Região Sudeste. De acordo com a fabricante japonesa, o tom metálico é computado à parte porque seria injusto cobrar o mesmo pelo branco, quando essa é a opção desejada. Ainda segundo a Toyota, o mix de vendas do Corolla branco é pequeno, mas considerável.

Lei
Para o advogado Geraldo Magela Freire, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção Minas Gerais, situações como a de exigência de compra do sensor de estacionamento do VW Polo, com acréscimo no preço, assim como nos casos em que não há opção de pintura sólida para a compra, configuram publicidade enganosa, já que o preço divulgado não corresponde à realidade. "Falam que é um preço, mas é outro. Isso é enganar", enfatiza. Segundo ele, resta ao consumidor insistir na compra do carro pelo preço informado, podendo procurar o Procon. Já quando existe a opção sólida, mesmo que seja só o branco, não há como alegar ilegalidade.

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