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Peugeot 307 - Banho de lama

Carro deixado para revisão em concessionária fica destruído, depois de acidente, que o deixa submerso na Lagoa da Pampulha. Seguradora nega indenização e acordo é impasse

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Seguradora do distribuidor autorizado avaliou o veículo como "perda total", mas não liberou pagamento

No dia 5 de março, o médico Amilton Cabral Júnior deixou seu Peugeot 307 hatch 07/07, com pouco mais de 20 mil quilômetros, na concessionária Peugeot Vernon, para uma revisão, quando também reclamou de uma falha na aceleração. Ao autorizar o serviço, mediante um já salgado orçamento de R$ 2 mil, Amilton não imaginava a surpresa que teria, na semana passada, quando descobriu que seu carro havia ficado submerso, na Lagoa da Pampulha.

O veículo ficaria pronto na quarta-feira seguinte, dia 11, mas Amilton recebeu uma ligação da concessionária, com o pedido para que adiasse a volta à revenda, já que ainda não haviam lavado o carro. No dia seguinte, nova ligação informava que o problema na aceleração persistia. Como precisava viajar no fim de semana, Amilton pegou um carro emprestado e deixou para pegar o 307 na volta. Mas antes mesmo que retornasse a Belo Horizonte, ainda na sexta-feira, foi informado de que o "piloto de testes da concessionária havia sofrido um pequeno acidente com o veículo".

"Eu estava viajando e não tinha como voltar. Então deixei para ir até a concessionária na segunda-feira. Até então não sabia a dimensão do acidente. Mas acho que mentiram, na quinta-feira, quando disseram que não estava resolvido o problema da aceleração, porque depois soube que o acidente foi na própria quinta", afirma o médico. "E, quando cheguei na concessionária, na segunda-feira, e vi o estado do carro, ainda me disserem que era porque havia caído num barro próximo à lagoa. Foi vendo o Boletim de Ocorrência, feito depois do acidente, que soube que havia ficado submerso", desabafa, indignado.

Amilton Júnior mostra a chave e miniatura do 307, o que sobrou do automóvel, comprado zero-quilômetro, há dois anos, e batido por funcionário da revenda Vernon, enquanto fazia testes na Pampulha


Estourado
Foi também pela ocorrência que Amilton soube da alegação do motorista que dirigia o veículo no momento do acidente: o pneu dianteiro direito teria estourado, provocando a perda do controle da direção. Depois de retirado o carro, no entanto, constatou-se que o pneu não havia estourado. Fato que foi assumido pela concessionária. O motorista, de fato, tinha autorização para testar o carro e, inclusive, usava as placas de testes exigidas para a situação. Diante, porém, da gravidade do fato, foi demitido.

Totalmente destruído e cheio de lama, o carro não tem como ser consertado, foi avaliado pela seguradora da revenda e será objeto de "perda total". Mas a maior apreensão de Amilton está justamente no impasse da indenização. No mesmo dia (16) em que viu o veículo batido, Amilton recebeu, da revenda um carro emprestado e concordou em esperar até o fim da semana, quando a concessionária teria um parecer oficial da seguradora e lhe faria uma proposta de ressarcimento. Mas, duas semanas depois, isso ainda não aconteceu.

Defesa
De acordo com a Vernon, o acidente, de fato, ocorreu, na quinta-feira, 12, quando um funcionário realizava testes no veículo, no intuito de verificar se os defeitos reclamados estavam sanados. "No mesmo dia, o proprietário foi informado que o automóvel não poderia ser entregue e, no dia seguinte, foi-lhe relatado o acidente". Desde o ocorrido, a concessionária vem tentando solucionar a questão de maneira rápida e satisfatória para ambos, tendo fornecido ao cliente um carro, enquanto não se chega a uma solução.

Ainda segundo a concessionária, "apesar do propósito amistoso, no último 16, o proprietário do veículo compareceu à revenda extremamente exaltado, exigindo uma solução imediata". Em nota enviada à reportagem, a revenda ressalta a intenção de solucionar a questão o mais rápido possível. A explicação, contudo, é de que, por força de contrato de seguro, não se pode fazer nenhuma transação antes de autorização prévia da seguradora, o que, de fato, estava previsto para ocorrer até o dia 20, mas não aconteceu, o que foi explicado ao cliente.

Impasse
Ainda segundo a Vernon, na última terça-feira, a seguradora respondeu, negando a cobertura do sinistro e apresentando como justificativas vedações contratuais. Mesmo não concordando, a concessionária, então, apresentou ao cliente proposta de indenização e aguarda resposta. Amilton Júnior confirmou o recebimento da proposta, mas disse que ficou de analisar, já que se trata de um outro 307, mas usado e, nesses caso, o normal é o ressarcimento do valor do carro, em dinheiro.