De São Paulo (SP) - Apesar do azul ("blue") no nome, a ideia da Volkswagen é de aderir ao movimento "verde", conferindo uma pitada de ecologia a alguns de seus modelos. Ela começou pelo Polo, mas vai estender a ideia a Gol e Fox.
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A faceta ecológica é politicamente correta e reduz as emissões do temido CO2, um dos responsáveis pelo aquecimento global. Mas o apelo vai também ao bolso do freguês, pois o escapamento mais limpo vem acompanhado de uma redução - em até 15% - do consumo de combustível.
A fábrica convidou jornalistas para realizar um teste num trecho de quase 300 quilômetros de estrada num comboio integrado por seis Polos nas versões BlueMotion e normal. Todos equipados com medidores eletrônicos de consumo para comparar o desempenho e comprovar as vantagens do Blue Motion no bolso e na atmosfera.
. PACOTE
Quais as diferenças da versão BlueMotion?
1) Aerodinâmica - Nova grade, saias laterais, aerofólio, spoilers dianteiro e traseiro, limpadores de para-brisa, pneus estreitos e altura do solo rebaixada em 15 mm reduziram o coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,35 para 0,31.
2) Peso - As rodas foram reduzidas de 15"para 14" de diâmetro e de liga mais leve. O conjunto de rodas e pneus pesa 28 kg menos que o original.
3) Pneus - São especiais, da marca Dunlop (importados), com sílica em sua composição. Além de reduzir o atrito com o piso, sem diminuir a aderência, são calibrados com 42 libras (os pneus convencionais pedem 29 libras de pressão), aumentando substancialmente o rolamento do carro.
4) Direção - Em vez da hidráulica, que rouba potência constantemente do motor, o sistema de assistência é eletrohidráulico, mais eficiente.
5) Caixa de marchas - Com as relações alongadas, as engrenagens foram todas reprogramadas para reduzir as rotações do motor e, consequentemente, o consumo de combustível.
6) Injeção eletrônica - Recalibrada para se adequar às novas relações de marchas e contribuir para a redução de consumo.
. RESULTADO
No trecho percorrido, o "pacote" superou a vantagem anunciada pela Volkswagen: quase 20% com gasolina no tanque, quase 25% com álcool. Fácil de explicar: a redução de 15% é média cidade/estrada. Como os carros só rodaram em rodovias...
O Polo BlueMotion reduz consumo, mas o motorista sofre com o alongamento da caixa de marchas. Por serem mais longas, exigem trocas mais frequentes. Em compensação, caem os giros e o nível de ruído. O motor 1.6 Total Flex tem torque razoável (15,4 kgfm com gasolina ou 15,6 kgfm com álcool) e o desempenho do carro não fica comprometido.
No trecho em que os Polos foram testados (entre Guarulhos e Limeira) não havia lombadas nem outros obstáculos no asfalto (que pudessem esbarrar em seu fundo) para avaliar se o rebaixamento da suspensão em 15 mm tornou o chassis mais sujeito a "raspadas" no piso. Outro problema de ordem prática: os pneus são importados e de reposição muito cara.
O pacote custa cerca de R$ 5 mil: o Polo passa de R$ 41.150 (1.6 Total Flex normal) para R$ 46.270 (BlueMotion).
A Volkswagen foi bastante conservadora (e realista) em suas previsões de vendas do novo Polo, pois estima um reduzido volume de 25 unidades mensais de seu carro ecológico.
. PÉ NO CHÃO
A primeira iniciativa no Brasil objetivando redução de consumo foi da Fiat, no ano passado, com o Uno Economy. Mais "pé no chão" que a engenharia da VW, a da fábrica de Betim introduziu algumas sutis modificações na suspensão, na quinta marcha, no motor e adotou pneus "verdes" (nacionais). E dotou o painel de um "econômetro", um reloginho que "ensina" o motorista a dosar o pé para evitar desperdício de combustível. A Fiat anuncia resultados semelhantes aos da VW, mas depende de o motorista respeitar o reloginho. Não se trata de um modelo especial: toda a linha Uno foi contemplada com essas alterações, sem aumento de preço ao consumidor.
O pacote BlueMotion é tecnologicamente mais bem elaborado que o Economy. Entretanto, não é um acelerador de vendas, mas uma ação de marketing institucional da Volkswagen, com o enfoque voltado para o tema - muito em voga - da eficiência e da correção ambiental.
Como não poderia deixar de ser, as primeiras manifestações de interesse na compra do Polo "verde" vieram de órgãos governamentais da área de ecologia, meio ambiente e afins. Mais preocupados em sinalizar o interesse ecológico do que a relação custo/benefício.
Fazer graça com dinheiro do contribuinte é sempre menos estressante...
(*) Jornalista viajou a convite da Volkswagen do Brasil