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Família americana deixa tudo para trás para morar em uma Kombi 1971 que roda o mundo

Sem data para voltar aos Estados Unidos, os Rehm receberam o Vrum em uma das paradas da família pelo planeta, no Santuário do Caraça, no interior de Minas

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

De Catas Altas, MG - Há quase quatro anos, um casal americano e seu pequeno "Bode", decidiram largar tudo nos Estados Unidos e partir para uma viagem pelas Américas. A princípio, o plano era chegar até a Costa Rica em um ano e depois voltar pra casa. Mas, a viagem proporcionou tantos prazeres à família que eles decidiram seguir em frente. Descendo pela América, passando sem rumo pelos países latinos e fronteiras sul americanas. Ah, em relação ao Bode, não se trata daquele animalzinho da família dos caprinos, bem comum nas roças e fazendas brasileiras. Mas Bode é o filho do Jason e da Ângela, o casal viajante. A pronúncia não é como a nossa aqui no Brasil. É algo como a mistura de "bowl" e "body". Se você sabe inglês, vai entender o que estou falando. Segundo o casal, o nome "Bode" se refere a uma árvore encontrada por Buda que lhe permitiu encontrar a iluminação.

 

Clique aqui e veja mais fotos da família Rehm e sua Kombi 71!


Jason era um homem muito preocupado com o trabalho. Engenheiro envolvido no mundo dos negócios em busca do "American dream". Seu tempo era dedicado quase que integralmente ao trabalho e a sua família ficava em segundo plano.
Nessa desagradável situação, o pequeno Bode, em seu aniversário de quatro anos fez um pedido que, inocentemente, mexeu com Jason e Ângela. Bode pediu que seus pais fossem mais presentes em sua vida. Simplesmente isso. Depois desse choque, Jason vendeu tudo que tinha, comprou uma Kombi e decidiu pegar a estrada. "Eu estudei em uma universidade por muito tempo, eu trabalhei pela minha carreira, para crescer na engenharia e nos negócios. Eu trabalhei pesado para conseguir realizar o "sonho americano" e ser bem sucedido baseado na ideia de outra pessoa do que é ser bem sucedido. Mas no fim, eu não estava feliz." Emocionado e tentando conter as lágrimas, Jason, com a ajuda de sua esposa, conta o início desta história. Seu filho, Bode, como o próprio nome já indica, foi a luz que o iluminou para que tudo isso acontecesse.


Os três gostaram tanto da ideia que decidiram seguir adiante. Encontramos com eles no Parque do Caraça, em Minas Gerais. A viagem já dura três anos e meio. Bode, o grande incentivador de tudo, com sete anos, não se queixa de nada. Ele aproveita todos os momentos e curte cada local visitado. Inclusive todos os momentos midiáticos que eles têm: Entrevistas para emissoras de TV´s, jornais, sites...
 
A Kombi
Em relação ao carro, bom... Aspas para o Jason, pois ele conhece bastante: "Sabíamos que queríamos a Kombi, especificamente a Westfalia porque sabemos que ela é feita para acampar. E a ideia era acampar por todas as Américas. Essa Kombi é preparada para que possamos viver dentro dela."

Kombi Westfalia leva a família Rehm pelo mundo


E o modelo 71 é especial porque 1971 foi o último ano em que eles fabricaram  o motor 1600 com a ventoinha vertical. Em 72 os alemães fizeram um motor diferente e mais complicado para encontrar peças de reposição. Mas também, foi em 71 o primeiro ano que a van saiu de fábrica com freios a disco na dianteira. "Eu queria esses discos dianteiros para ter um pouco mais de segurança nos Andes. Algumas vezes é assustador. (risos)." 


A confiança na Kombi e em um modelo da Volkswagen já vinha de longa data. "Sabíamos que iríamos dirigir um Volkswagen por que eu sempre dirigi VW. Aprendi a dirigir em um velho modelo VW e estou muito familiarizado com toda a mecânica, o motor e etc" conta o americano que, além disso, já teve vários modelos de Karmann Ghia e Fuscas. Dentre eles, os mais legais foram um Karmann Ghia 71 conversível e um Fusca, também conversível, do mesmo ano.


A relação de Jason, Ângela e Bode com a Kombi se estreita cada vez mais a cada quilômetro rodado. "É a nossa casa. Nós vivemos nesse veículo e estamos vivendo nele há três anos e meio. E nós conhecemos cada canto e curva dele. Todas as vezes que ele faz um som diferente, imediatamente já sabemos o que é, o que há de errado com ele. E nós o amamos. É como se ele fosse parte de nossa família. E eu espero que ele sempre esteja conosco". Revela o viajante americano. E é o simpático carrinho que atrai mais pessoas e novos amigos ao redor do mundo. Jason fala como a Kombi se torna um imã para novas amizades. "Ele faz essa viagem ser especial porque quando vamos a novas cidades e novos lugares que nunca estivemos antes, pessoas que nunca encontramos chegam até nós e imediatamente se tornam nossos amigos porque eles conhecem esse carro e pensam que ele é parte da família deles. Eles contam histórias de quando eles eram crianças e seus pais tinham uma Kombi e nós, instantaneamente temos algo em comum com quase todo mundo no mundo”.
 
De volta à estrada

Neste momento que você lê esta matéria, Jason, Ângela e Bode podem estar no Brasil, na Guiana Francesa, na África do Sul ou qualquer outro lugar do mundo. A princípio, essa viagem não terá um fim. A volta para casa não existe porque eles sempre estão em casa (na Kombi). Apenas um detalhe pode faze-los voltar para os Estados Unidos. Bode é educado pelos pais. Eles possuem livros didáticos e ensinam tudo que podem para o filho, mas também estão cientes de que o momento do Bode entrar em uma escola "convencional" está próximo.

O pequeno Bode descansa no interior da Kombi


Enquanto isso não acontece, os três americanos e a simpática Kombi seguem caminho por aí, por ali, por lá... A América central já foi toda varrida, a América do Sul está quase. A África é um sonho e o planeta inteiro pode ser um destino. Se você não pode segui-los por aí, acompanhe a viagem pelo site: http://bodeswell.org/

Curiosidade

Você deve estar se perguntando como Jason e sua família se mantêm economicamente durante a viagem. Certo? Bom, além do dinheiro que ele conseguiu arrecadar com a venda do que tinha nos EUA, ele ainda tem um emprego. Seu chefe recusou a sua demissão e sugeriu que ele se tornasse uma espécie de consultor online. Assim, Jason ainda recebe um salário que lhe permite seguir estrada afora.

Kombi estacionada no pátio do Santuário do Caraça