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Década perdida para aviação brasileira

Aumento de 200% no número de acidentes no país nos últimos 10 anos podem exigir novas medidas de segurança na aviação nacional

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Elevada incidência de desastres aéreos exige outra postura na segurança dos voos nacionais


Apesar de todo esforço das autoridades aeronáuticas para chegarmos a uma situação aceitável de voo seguro, as estatísticas demonstram que a última década está perdida. A ocorrência de um número de acidentes 200% maior do que as ocorrências havidas entre 2003 e 2013 podem demandar uma nova atitude na segurança de voo, que não pode ser encarada apenas como uma série de atividades que deve responder unicamente aos requisitos regulamentares.

Um processo de conscientização deve acompanhar o esforço regulatório e atingir todos os provedores da aviação civil: organizações de treinamento homologadas, operadores de aeronaves, organização de manutenção homologada, organizações responsáveis pelo projeto e ou fabricação de aeronaves e aeródromos certificados.

A transição provocada pela orientação da Organização de Aviação Civil (Oaci) para que os Estados- membros adotassem um sistema de segurança operacional ainda não apresentou resultados satisfatórios em seus 4 anos e 10 meses de existência. A segurança operacional é definida como aquela em que as lesões às pessoas ou danos às propriedades seja reduzida e mantida em um nível aceitável, mediante um contínuo processo de identificação de perigos e gerenciamento de riscos.

O Brasil, como estado-membro da Oaci, estabeleceu o seu programa de segurança operacional, visando alcançar um nível aceitável de segurança operacional em suas atividades da aviação civil. O programa foi aprovado em 8 de janeiro de 2009, tendo sido batizado de Programa de Segurança Operacional da Aviação Civil (PSO-BR), que inclui os programas específicos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Comando da Aeronáutica.

Desde aquela época um trabalho intenso vem sendo desenvolvido para a sua implantação. Publicações regulamentares, atingindo os pequenos provedores de aviação civil, como as escolas de aviação civil, aeroclubes e aeródromos certificados, iniciaram o processo de implantação. A seguir, publicações regulamentares vêm sendo divulgadas, buscando atingir os operadores de transporte aéreo público.

A Ação Nacional de Aviação Civil, projeto que se efetivou com a realização de palestras, oficinas e seminários em todas as regiões do país, parece não ter atingido todo o universo de indivíduos que utilizam o meio aéreo para diferentes finalidades.

Quando se observa que de 2007 a 2011 houve um aumento de 57 acidentes e que em 2012 foi atingida a marca de 178, fica evidente que algo precisa ser acrescentado nesse esforço.

Um programa de conscientização bem elaborado, voltado, com ênfase, para o cidadão que tem o próprio avião, que seleciona os serviços a serem realizados em sua aeronave e o executor desses serviços parece ser necessário. É grande a participação desse segmento nas estatísticas.

Os operadores do transporte aéreo público, as escolas e, mais recentemente, as oficinas estão, de forma regulamentar, inseridos no programa de segurança operacional por meio de seus sistemas de gerenciamento da segurança operacional.

Ainda há muito operador privado que se nega a reconhecer o valor da instrução em simulador de voo e que aceita comprar uma peça para o seu avião sem a documentação necessária para identificar a sua origem.

Muitos pilotos da aviação privada têm receio de ir a um centro de treinamento em simulador de voo. Talvez pela dificuldade no idioma ou uma outra operacional oculta.

Para atingi-los, há diferentes meios de apresentar uma campanha educacional de conscientização sobre os temas mais variados.

O acréscimo de 18% no percentual da frota envolvida em acidentes fatais desde a implantação do Programa de Segurança Operacional precisa ser reduzido, valendo-se de todos os recursos para atingir o público-alvo. Uma campanha de conscientização inteligente é a ferramenta que falta.

BIRUTINHAS
DEMORA O retardo na entrega de bagagens no aeroporto de Confins parece estar consolidado. Ainda que haja um indicador do instante em que a aeronave estacionou, parece não haver uma preocupação em diminuir o tempo de entrega de bagagens. Somando os tempos de entrega ao de deslocamento até o Centro da cidade, o total corresponde ao tempo de um voo de Salvador a Confins.

PARCERIA A Líder Aviação acaba de tornar-se uma das parceiras da Associação Mineira de Reabilitação (AMR), instituição que, desde 1964, auxilia crianças portadoras de necessidades especiais. A AMR é uma das maiores referências em reabilitação motora de Minas Gerais e a contribuição de empresas permite a continuidade do excelente trabalho feito pela instituição.

MILÉSIMO A Embraer entregou o milésimo jato da família E-Jets. A aeronave, um E-Jets 175, foi entregue à Republic Airlines, subsidiária da Republic Airways Holdings Inc., que irá operá-la nas cores da American Eagle. Para um projeto que tinha um pay-back de 600 unidades comercializadas, a entrega da milésima unidade evidencia o seu sucesso. Em sua carteira existem outras 700 unidades a serem entregues.

ESTIMATIVA De olho no mercado chinês, a Embraer Aviação Executiva prevê que nos próximos 10 anos a aviação executiva da China irá incorporar 805 jatos. Desse total estima que 51% das encomendas contemplarão jatos executivos de grande porte. A estimativa foi anunciada durante a coletiva de imprensa realizada na Feira Internacional de Aviação Executiva Chinesa.

CLIMA A Air France está participando de um projeto de monitoramento climático, em que mede os níveis de vários tipos de gases de efeito estufa. Os dados desse programa vão ser enviados a centros meteorológicos e cientistas de todo o mundo e serão usados no estudo dos ciclos de carbono e na checagem de emissões de CO2 (de acordo com o Protocolo de Kyoto). Uma aeronave Airbus A340 transporta os equipamentos de medição atmosférica.