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Empresário mineiro vê Porsche 911 novinho pegar fogo e concessionária negar recall

Fábrica havia convocado motoristas exatamente para reparo do sistema de alimentação do motor

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É fogo! Empresário mineiro vê seu Porsche 911 novinho pegar fogo e concessionária negar recall
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Porsche 911 pega fogo em BH e concessionária diz que fez recall. Se fez, foi malfeito



Carro zero nem sempre é sinal de tranquilidade para o dono. Mas ter um Porsche 911, com 2.500 quilômetros rodados, incendiado e ter a traseira derretida é a última coisa que poderia esperar quem pagou cerca de R$ 500 mil pelo carro, modelo 2012 adquirido na concessionária Stuttgart, em setembro do ano passado.

A esposa dele vinha dirigindo o Porsche no bairro Belvedere, em Belo Horizonte, e de repente percebeu a fumaça subindo pelo capô traseiro. O extintor de incêndio não foi capaz de apagar o fogo mas, por “sorte”, tinha um jardineiro na casa em frente que debelou as chamas com uma mangueira de jardim.

O segundo capítulo da história começa quando o carro chega à concessionária, em São Paulo, e o dono é informado de que “estamos fazendo o orçamento do conserto”. Alguém sopra no seu ouvido, entretanto, que uma série de Porsche 911 modelo 2012 (unidades fabricadas entre outubro de 2011 e janeiro de 2012) foi submetida a recall anunciado em maio de 2012. O problema? Serviço de reparo nos dutos de gasolina, que se danificavam ao roçar nas mangueiras de refrigeração. Ou seja, o recall realizado exatamente para evitar a possibilidade de incêndio.

Mas será que aquela unidade estava incluída no recall? A Porsche, consultada, confirmou que sim, não só o 911 incendiado participava da lista mas também que a operação tinha sido realizada pela concessionária/importadora em São Paulo. Mas o dono do carro negou que tivesse sido avisado da necessidade de levar o carro para reparo. O gerente de oficina da Stuttgart negou a existência de recall para o dono do carro.

Nossa reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da concessionária em São Paulo. A primeira informação: “A Stuttgart confirma que não houve recall para o 911 no Brasil”. O caderno Vrum retrucou, afirmando estar de posse de um documento emitido pela própria Porsche, atestando que o carro do empresário foi reparado – em recall – pela concessionária. A Stuttgart decidiu então recuar e explicar que o reparo das mangueiras de gasolina foi realizado durante a revisão de entrega do carro, antes de entregá-lo ao proprietário. Mas não soube explicar o porquê do incêndio mesmo com o reparo feito. Ao contrário do que disse para o dono (pagar pelo reparo), a concessionária informou que a fábrica vai analisar as causas do incêndio e emitir um parecer.

E outra questão: o modelo foi lançado no Brasil em abril de 2012 e, nesse caso, várias unidades foram entregues pela Stuttgart antes de a Porsche anunciar o recall em maio. O importador tinha a obrigação de realizar um recall conforme exigido pela legislação brasileira, comunicando ao Ministério da Justiça e divulgando-o pela imprensa. O que não foi feito.

Resposta da Stuttgart Sportcar De acordo com Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Sportcar, “as causas do incidente que resultou em combustão no 911 Carrera S ainda são desconhecidas, e neste primeiro momento não se descarta qualquer hipótese. Nosso centro técnico está vistoriando o carro sinistrado e o fato já foi comunicado à fábrica. Um completo relatório e fotografias da unidade em questão será enviado à Alemanha nos próximos dias. Com isso, pretendemos esclarecer exatamente o que aconteceu.

Estamos diante de uma situação em que diversas hipóteses permanecem em aberto, não sendo possível neste momento conjecturar uma causa para esse incidente. O Centro Técnico da Stuttgart Sportcar está trabalhando em conjunto com a Porsche AG para que tais respostas sejam dadas ao cliente no menor prazo possível, sendo que realizaremos todos os esforços para suprir quaisquer necessidades de nosso cliente.”