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Discussão estéril: Corolla deve recuperar a liderança no segmento

Toyota também confia que o carro receberá nota máxima no teste de colisão

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Discussão estéril: Corolla deve recuperar a liderança no segmento
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Um dos destaques do novo Corolla está na ousadia do estilo, fugindo do cansativo padrão clássico


Afinal, por que se discute tanto o preço da nova geração do Corolla (11ª no mundo e a 4ª aqui)? De fato, o carro que já está nas concessionárias ficou mais caro. Basta ver os percentuais de aumento para as três versões: GLi, 2,6%; XEi, 3,5% e Altis, 7%; começa em R$ 66.570 e vai a R$ 92.900. A versão de topo, realmente, oferece pouco em relação aos concorrentes diretos.

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Por via das dúvidas, na apresentação à imprensa, a Toyota exibiu outra conta em relação aos preços. Segundo ela, o GLi subiu R$ 800, porém equipamentos adicionais e inexistentes na versão anterior custam R$ 4 mil; no XEi, R$ 1.800 e R$ 6 mil, respectivamente; no Altis, R$ 2.500 e R$ 8 mil. Tentou mostrar ter cobrado menos do que poderia em um modelo inteiramente novo, maior, mais seguro e econômico, fabricado no Brasil, apenas noves meses depois de lançado em outros mercados.

O problema dessa contabilidade é a existência, quase sempre, de alguma “criatividade”. Os fabricantes costumam esquecer de colocar na conta a retirada de alguns itens existentes no modelo anterior ou nos concorrentes. No XEi, por exemplo, que responde por quase 2/3 das vendas, sumiram a iluminação para o espelho de cortesia do passageiro e o rebatimento elétrico dos espelhos externos.

Um dos destaques do novo Corolla está na ousadia do estilo, fugindo do cansativo padrão clássico. No interior fica menos evidente, embora os 10 cm a mais de distância entre-eixos façam grande diferença para quem senta atrás. Alguns materiais internos melhoraram, mas ainda há parafusos aparentes, relógio mal posicionado no painel e pouco cuidado no acabamento menos visível, como as pequenas alavancas de abertura mecânica das tampas do porta-malas e do tanque. Volume do porta-malas não mudou: bons 470 litros.

Novo câmbio automático CVT, de sete marchas virtuais, conseguiu algo incomum: melhoria de desempenho atribuível quase exclusivamente a ele. No motor 2.0, etanol, aceleração até 100km/h em 9,8 segundos e retomada de 80 a 100km/h em 3,4s indicam significativa melhora de 15% e 27%, respectivamente, pelos dados de fábrica. Embora o Corola, na versão com motor 1.8, etanol e câmbio automático tenha ficado 10% mais econômico no ciclo urbano, essa diferença ficou em apenas 1% no ciclo rodoviário. Isso se deve à alteração do método de medição do programa de etiquetagem do Inmetro.

Distância de frenagem a 100 km/h diminuiu 14%, para 51,6 m, nada brilhante. Mudança sutil, porém perceptível ao guiar, foi a melhor angulação (mais vertical) do volante. Suspensões parecem um pouco mais macias e o para-choque mais baixo pode raspar em lombadas. Nível de ruído interno caiu 4% graças ao para-brisa acústico e ao novo pacote fonoabsorvente.

A Toyota confia que o carro receberá cinco estrelas (nota máxima) no próximo teste de colisão do Latin NCAP. São injustificáveis ausências de controle eletrônico de trajetória (ESP) ou de assistência adicional aos freios. Pena também que teto solar e rodas de liga leve de 17 polegadas não estejam disponíveis.

Em resumo, com ou sem preço, o Corolla deve recuperar a liderança do segundo segmento mais disputado no Brasil, o de sedãs médios-compactos. E por mais méritos agora do que antes.

ROIDA VIVA
MERCADO continua andando de lado neste começo de ano. Só no fim do mês se poderá ter ideia melhor, embora o primeiro bimestre de vendas em 2014 tenha sido recordista. Média diária de comercialização continua a apontar acomodação preocupante, refletida no tráfego de clientes nas lojas. Estoques totais subiram de 31 para 37 dias, de janeiro para fevereiro.

VIDA ficará cada vez mais difícil para os tradicionais quatro fabricantes. Soma de participações de mercado de Fiat, Ford, GM e Volkswagen, no mês passado, baixou pela primeira vez de dois terços do total: exatos 66,65%. Tendência natural e, assim, o consumidor pode esperar mais ofertas. Até mesmo a volta da troca com troco, porém com entrada e menos prestações.

VENDER carros de baixo custo em mercados emergentes é um desafio e tanto para marcas com apego ao rigor construtivo. Na China, por exemplo, de custo-país muito competitivo, VW enfrenta dificuldade para projetar e fabricar um modelo acessível na faixa de 8 mil euros (R$ 26 mil), sem impostos. O up! duas portas, aqui, parte de R$ 27 mil, com impostos.

LAND ROVER não se acomodou em razão da boa aceitação do Range Rover Evoque. Já está no Brasil a versão com câmbio automático tradicional de nove marchas que visa principalmente a economia de combustível, além de conforto superior em termos de suavidade de trocas e silêncio a bordo. Preço a partir de R$ 192 mil, bem salgado, mas não parece intimidar os clientes.

NA OUTRA ponta, a de custo muito baixo (vem da China, montado no Uruguai e dispensado de impostos mais pesados), está o Chery Tiggo que, pela primeira vez, dispõe de câmbio automático. Nenhum SUV compacto chega ao seu preço, de R$ 57.990. Apesar do motor 2.0, esse câmbio de quatro marchas acaba por prejudicar o desempenho de forma severa.