UAI

Cinto de segurança pode evitar mortes como a de jovem argentina na BR-381

O acidente que matou a designer argentina María Soledad Fernández na Fernão Dias ilustra bem a importância do uso do cinto de segurança no banco traseiro

Publicidade
SIGA NO google-news-logo
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

A ocupante do banco traseiro perdeu a vida por não usar o cinto de segurança

De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal, Soledad estava em um Doblò, em companhia de outros dois argentinos, e seguia de São Paulo para BH quando, num trecho próximo à cidade de Oliveira, no Centrop Oeste de Minas, o veículo foi atingido por um Golf. Desgovernado, o Fiat saiu da pista e capotou depois de passar sobre uma valeta de água. No momento do acidente, a designer de moda argentina não estava usando o cinto de segurança, foi arremessada para fora do veículo e acabou morrendo. María Soledad Fernández era filha do famoso jornalista argentino Miguel Titi Fernández, que veio ao Brasil para a cobertura da Copa do Mundo. Os outros dois ocupantes, Juan Daniel Berazagueti e Fernando Javier Bruno, que usavam o cinto de segurança, sofreram apenas ferimentos e não correm risco de morte.


Vários estudos realizados no Brasil mostram como as pessoas não têm o hábito de usar o cinto de segurança no banco traseiro. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez uma pesquisa em 2010 que revelou que 62,7% dos passageiros que se sentam no banco de trás de carros de passeio ou vans não usam o dispositivo de segurança. Já entre os que se sentam nos bancos dianteiros, esse número cai para 27,8%. Outro estudo realizado em 2009 pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo, o maior centro urbano do país, apresenta dados desanimadores: apenas 11,2% dos adultos e 25,3% das crianças usavam cinto no banco de trás, enquanto que na frente o índice era de 92,9% entre os adultos e de 88,2% entre as crianças

PESO DESTRUIDOR Mas não adianta nada conseguir altos índices de uso do cinto de segurança apenas nos bancos dianteiros. Boletim divulgado recentemente pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi) alerta para os riscos gerados por essa atitude. De acordo com o informativo, “quando há uma batida de carro, as desacelerações são muito bruscas, e qualquer pessoa (ou objeto) solto no veículo pode atingir um peso elevado quando arremessado”.


O orgão explica que as montadoras e os centros de pesquisa espalhados pelo mundo fazem estudos de impacto de veículos com testes em velocidades desde 2km/h, para avaliação de para-choque, até 64km/h, para checar a segurança dos ocupantes. Nos crash-tests mais severos, feitos à velocidade de 64km/h e contra uma barreira deformável – cuja função é simular a presença de outro veículo –, as desacelerações ocorridas no carro podem multiplicar o peso de qualquer objeto por até 40 vezes.


Ao se transformar nesse peso destruidor, as pessoas sem o cinto de segurança, além de se ferir gravemente (ou até mesmo morrerem, pois o impacto pode ser fatal), podem machucar ou até mesmo matar os ocupantes dos bancos da frente, além de ser arremessadas para fora do veículo, como aconteceu com a designer argentina. Segundo as explicações da Cesvi, “isso ocorre porque, quando a pessoa é arremessada para a frente no momento da batida, os bancos dianteiros são empurrados também, pressionando o ocupante sobre o painel, causando ferimentos graves ou até a morte”.

O passageiro traseiro é arremessado contra o banco da frente com peso de um hipopótamo e pode ser cuspido do carro

 

Análise da notícia

 

Crônica de mortes anunciadas   

Boris Feldman
Não se sabe exatamente por que os passageiros não afivelam o cinto no banco traseiro. Assim foi com o escritor Dias Gomes, cuspido de um táxi no centro de São Paulo. Assim foi com Lady Di, quando o Mercedes de seu namorado bateu numa pilastra em Paris. Mortes que poderiam ter sido evitadas se estivessem protegidos pelo cinto. A descrição do acidente com o Fiat Doblò revela outra falta cometida com frequência pelos motoristas nas estradas: circular pela faixa da esquerda (numa estrada de duas pistas) que deve ser reservada para ultrapassagens. Pouco provável, no momento do acidente, que o Doblò estivesse ali para ultrapassar algum outro veículo na faixa da direita, pois ele, depois de batido atrás, atravessou a faixa da direita antes de sair da estrada e capotar. Se ele estivesse, como deveria estar, à direita...