– Só de piscar o bonequinho as pessoas já arrancam. Eu mesmo já fiz isso quando estava de moto. Mas, depois que passei a andar de carro, não faço mais. De carro é perigoso.
– E de moto não é?
– De moto também, mais ainda, mas motoqueiro você já viu, né?
O diálogo entre a reportagem e o vendedor Gilder Soares reproduz o que virou hábito em Belo Horizonte. No início desta semana, um acidente no cruzamento das ruas Rio Grande do Norte e Cláudio Manoel, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, evidenciou o óbvio: arrancar o carro (moto, ônibus etc.) quando o boneco do sinal de pedestres pisca é um erro que pode ser fatal ou, no mínimo, trazer muita dor de cabeça (e ao bolso).
Quando o bonequinho do sinal de pedestres pisca, o intuito é avisar a quem está a pé que em breve vai fechar. E, consequentemente, quando o sinal de pedestres fecha, abre o semáforo para os carros. O problema é que isso não acontece simultaneamente. Quando o bonequinho do pedestre pisca, o semáforo ainda está vermelho para os veículos. Enquanto do outro lado do cruzamento, pode ainda estar no amarelo e haver outros veículos passando. Logo, o carro que arranca com o sinal vermelho porque o motorista viu o bonequinho do pedestre piscar, além de cometer uma infração de trânsito, está sujeito a bater em outro veículo que esteja do outro lado do cruzamento, acabando de passar no amarelo.
Para avaliar melhor o comportamento dos motoristas em relação ao erro que parece evidente, mas virou prática na capital, a reportagem do caderno Vrum foi às ruas e entrevistou cerca de 30 condutores. Uma enquete também foi realizada em nosso portal (www.vrum.com.br). A grande maioria presencia com frequência a infração, e muitos, a exemplo de Gilder Soares, admitem cometê-la.
“Sou de Caeté, venho muito aqui e observo isso em Belo Horizonte. Ficava pensando. A pessoa começa a arrancar antes da hora, parece até que adivinha que o sinal vai abrir. É incrível como acontece”, comenta a profissional em segurança do trabalho Sirlene Assis. “Frequentemente, acontece. Não vou mentir, de vez em quando também faço. Você está com o pé no acelerador, outro na embreagem, de repente começa a acelerar... Mas é perigoso demais. Pode atingir um pedestre ou outro carro”, diz o taxista Jonatas Elon de Assis. Confira outras opiniões: