Você já parou para pensar como a vida mudou nos últimos anos? A tecnologia invadiu nosso dia a dia e velhos hábitos foram abandonados. O celular praticamente decretou o fim do telefone fixo e permitiu que o cidadão seja encontrado em qualquer lugar. As cartas foram substituídas pelo e-mail e as redes sociais e o WhatsApp encurtaram distâncias e aproximaram as pessoas.
No setor automotivo, não foi diferente. Os carros ganharam sistemas eletroeletrônicos que vieram para eliminar o esforço físico ou para proporcionar mais segurança e comodidade. Mas será que tais avanços tecnológicos são imprescindíveis ou podemos viver sem eles? Vale mesmo a pena pagar mais pelas mordomias?
É só voltar o filme e se lembrar dos carros produzidos no Brasil em passado recente. As manivelas usadas para subir e descer os vidros das portas foram substituídas por motores elétricos, eliminando o que para muitos era um dos poucos esforços físicos do dia. E essa mordomia acabou chegando às travas das portas e aos retrovisores externos, que também passaram a ser ajustados por comandos elétricos. Essas ações eram executadas manualmente sem qualquer dificuldade ou grande esforço físico, mas atualmente são poucos os que admitem comprar um carro sem o famoso “trio elétrico”.
SEM ESFORÇO E não parou por aí. Nos carros mais sofisticados, os comandos elétricos chegaram aos ajustes de altura e distância do volante e do freio de estacionamento. Com isso, para alguns, o simples ato de puxar a alavanca do freio foi reduzido a apenas um movimento de dedo. E ainda tem comando para abrir as tampas do porta-malas e do tanque de combustível. Tudo para que o motorista nem precise sair do seu assento. É a lei do mínimo esforço.
E os caras das montadoras deixaram a imaginação ir longe e fizeram mais para atender a turma da preguiça, os rodas-duras e os aficionados por supérfluos. Os bancos também ganharam ajustes elétricos, aquecimento e massageador. É mordomia demais para quem já dirigiu Fusca, Brasília, Chevette e Fiat 147. São comodidades interessantes, que podem ter muito valor para alguns, mas certamente conseguimos viver sem elas.
Há outras que são polêmicas, como os comandos de áudio, computador de bordo, Bluetooth e controlador de velocidade no volante. Tem gente que acha interessante pelo fato de não permitir que o motorista desvie a atenção do trânsito para trocar a estação do rádio ou aumentar o volume, por exemplo. Mas outros acreditam que acabe gerando mais informações na frente do motorista, provocando poluição visual que pode induzir à desatenção. É difícil agradar a todos.
DESLIGADOS Para os desatentos, a indústria automotiva criou os sensores de chuva, que liga o limpador de para-brisa ao primeiro pingo de chuva, e o crepuscular, que aciona os faróis quando a luminosidade é reduzida. Duas ações muito fáceis de executar sem a ajuda da eletrônica, mas... Tem sensor também para os que têm dificuldade de estacionar. Nos casos mais graves, existem sistemas que estacionam o carro sem a interferência do motorista.
Cúmulo da preguiça ou roda-dura? Para os que têm dificuldades de arrancar na subida, inventaram o “santo” Hill Holder, ou assistente de partida em rampa. Ele segura o carro enquanto o motorista tira o pé do freio e o leva para o acelerador, sem deixar voltar. Para os que têm preguiça de virar a chave na ignição, criou-se o botão start/stop. A chave nem precisa sair do bolso.
Falando em chave, esta também se transformou. De um simples pedaço de metal, virou “canivete”, que fica camuflada dentro de uma pequena caixa de plástico. Ou ainda mais radical: virou um cartão fino, que conta com sensor presencial. Basta encostar a mão na maçaneta para destravar a porta. E para quem gosta de mimos, tem fragâncias no ar-condicionado e para-sol com iluminação, para o momento de embelezamento no trânsito. Sem falar no desejado teto solar e no amado estepe pendurado na traseira. São adereços e recursos que podem parecer muito interessantes para alguns, mas que no fim da história acabam jogando os preços dos carros nas alturas. Cabe, então, a cada um avaliar o quanto eles são realmente necessários.