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Carcaças do Deoesp oferecem risco à moradores do Gameleira

Com mato alto e carcaças de veículos expostas ao tempo, depósito de carros do Deoesp no Bairro Gameleira incomoda vizinhos, que apontam risco de proliferação do mosquito

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Carcaças do Deoesp oferecem risco à moradores do Gameleira
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Mato alto, carros abandonados e expostos ao tempo preocupam moradores da Rua Gilberto Porto, no Bairro Gameleira, vizinhos ao pátio do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil. No trecho, que fica nos fundos do depósito de carros, é fácil encontrar pessoas com dengue. A dona de casa Lucinete da Mota Pereira e o marido, o vigilante Edmilson Francisco Pereira, que do terraço de casa monitoram a situação do terreno, tiveram a doença no início do ano. Já a vizinha, a estudante Tatiane Sousa Morais Leite, se recupera da terceira dengue em menos de quatro meses, enquanto sua irmã e sua mãe, que também foram infectadas, seguem sob cuidados médicos.

Para Lucinete da Mota, o surto de dengue entre os moradores vem de focos existentes no pátio. “Fecho as janelas às 17h30 por causa da quantidade de mosquitos, mas também convivemos com ratos e escorpiões. Tem muito bicho e sujeira aí dentro. É uma ameaça grande”, afirma. O marido dela, Edmilson Pereira, conta que a casa é infestada por mosquitos e que muitos deles são “pintadinhos”, referindo-se às características do Aedes aegypti, que é preto e tem listras brancas no corpo e nas patas. “As pessoas têm medo de denunciar porque é área pública, mas é por isso mesmo que essa situação tem que melhorar”, reforçou ele, que lembra uma série de denúncias feitas pelos moradores.

Tatiane Sousa Morais Leite critica a condição do espaço e diz que os carros, além de cobertos pelo mato alto, também estão sem vidros e podem se tornar um local propício para a proliferação do mosquito. “Quando chove, os veículos devem ficar cheios d’água e também há peças espalhadas e amontoadas”, lamenta. Segundo ela, que vive no local há 22 anos, o clima sempre foi de preocupação. “Já ligamos no 156 e quando os agentes de endemia vêm para as visitas nos informam que não há o que fazer porque mesmo dedetizando o local, os carros continuam ali, e, quando chove, os focos voltam”, comenta.

A céu aberto e corroídos pela ação do tempo, os veículos se transformam em locais propícios para a proliferação do Aedes aegypti, que transmite a dengue, zika e chikungunya

Belo Horizonte declarou situação de emergência pela infestação do vetor no fim do ano passado e, segundo o último balanço de dengue divulgado pela prefeitura, a cidade contabiliza 13.877 diagnósticos positivos para a doença e nove óbitos neste ano. Na Região Oeste, onde fica localizado o pátio do Deoesp, são mais de 1.506 casos confirmados. A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que o Deoesp é considerado pela secretaria e que a Regional Oeste é um Ponto Estratégico (PE) de combate ao vetor e, por isso, o local recebe vistorias dos agentes de combate a endemias de 15 em 15 dias para controle químico. A última visita ao pátio foi feita pela equipe de zoonoses na quinta-feira, quando foi realizado o trabalho de tratamento focal.

No trecho que fica nos fundos do depósito de carros, é fácil encontrar pessoas com dengue

ESFORÇOS A Polícia Civil afirmou que não está poupando esforços para erradicar possíveis focos de dengue nas delegacias e departamentos e que há uma campanha interna de conscientização em andamento. A instituição informou ainda que já está em negociação com a Prefeitura de Belo Horizonte para realizar ações com a finalidade de erradicar os possíveis focos e para o descarte e transferência de veículos e bens que possam servir de criadouro do mosquito Aedes aegypti. O Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), que tem seis pátios credenciados, garantiu que desde o fim do ano passado notificou os proprietários dos pátios sobre a prevenção aos focos e que a notificação é feita em todo o estado.