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Decolagem autorizada

Com motor de 998cm³ de cilindrada, Kawasaki Ninha H2R voa baixo, mas foi feita para circuitos fechados

O modelo só pode rodar em circuitos ou locais fechados - Foto: Kawasaki/Divulgação 

O modelo Kawasaki Ninja H2R é tão exclusivo e singular que só pode ser comprado por encomenda, e para ser entregue em pelo menos seis meses, já como modelo 2018. Mesmo assim, para o futuro candidato entrar nessa fila é preciso depositar nada menos que R$ 357 mil para garantir sua produção. Tudo isso sem poder rodar nas ruas e estradas, pois ela não tem farol, retrovisores e setas, além do escape sem catalizador roncar muitos decibéis acima do limite permitido e os pneus serem lisos, para competição. Acelerar, só nas pistas ou em locais fechados, compatíveis com seu desempenho.

A aerodinâmica inclui asas e aletas para segurar a moto no chão - Foto: Kawasaki/Divulgação
Quando foi apresentada no fim de 2014, a Kawasaki H2R assombrou o mundo com suas ousadas soluções de engenharia e proposta de potência e velocidade. O projeto foi desenvolvido em cooperação com outras áreas industriais da marca, incluindo sua divisão aeroespacial, que desenhou uma refinada e angulosa aerodinâmica, dotada de asas e apêndices. Só que, em vez de ajudar a voar, as asas invertidas são necessárias para ajudar a prender o modelo ao chão em altíssima velocidade e proporcionar mais estabilidade, como nos carros de Fórmula 1.


VITAMINA O motor, com a clássica arquitetura de quatro cilindros em linha e 998cm³ de cilindrada, é vitaminado em doses cavalares com a ajuda de um compressor mecânico (supercharger). Generosas tomadas de ar no bico da moto ajudam a comprimir ainda mais o ar que vai para a combustão em altas velocidades. Esse arranjo produz a obscena potência máxima de 326cv a 14.000rpm – que desce para “apenas” 310cv só com o compressor – e um torque de 16,8kgfm a 12.500 rpm, deixando o modelo com mais aceleração do que as motos de competição do Mundial de MotoGP.

Painel tem destaque para o conta-giros analógico, mas inclui sofisticada tela digital - Foto: Kawasaki/Divulgação
Para pilotar este míssil terrestre, a ajuda da eletrônica é fundamental, embora possa ser desligada junto com o juízo.

Para arrancar, a esportiva conta com o controle de largada, que a impede de dar um salto mortal para trás quando o manete da embreagem é liberado. Andando, tem ajuda do controle de tração em vários níveis, para se adequar às diferentes situações de aderência, minimizando a tendência da roda traseira patinar nas reacelerações. Tem também o limitador de velocidade final, regulado em cerca de 315km/h, embora tenha fôlego para ultrapassar essa marca sem muita dificuldade.
Os pneus são lisos, de competição, para maior aderência nas curvas - Foto: Kawasaki/Divulgação
ANDANDO O banco só tem lugar para o piloto e conta com encosto lombar, que ajuda muito, prendendo o corpo nas alucinantes acelerações. O para-brisa é bem inclinado, para ajudar a vencer a barreira do ar, obrigando o piloto a uma postura igualmente inclinada. Porém, a posição de pilotagem não é desconfortável, permitindo maior intimidade com o modelo e controle da adrenalina. Os pneus lisos, quando aquecidos, convidam a testar novos ângulos nas curvas, mas o cérebro discorda quando lembra do preço e da exclusividade do modelo.

O assento só tem lugar para o piloto e conta com encosto lombar - Foto: Kawasaki/Divulgação
Nas retas, o quick shifter permite trocar as marchas sem acionar a embreagem e sem tirar a mão do acelerador, despejando a cavalaria para sentir a aceleração, que parece não ter fim. Na hora de “brecar”, sistema ABS e dois discos na dianteira com 330mm e pinças Brembo radiais monobloco de quatro pistãos.

A suspensão dianteira é invertida e a traseira, com único amortecedor, fica ancorada em vigoroso monobraço. Ambas são plenamente reguláveis. O quadro é em treliça, com tubos de aço, e o painel tem destaque para o conta-giros analógico, mas inclui sofisticada tela digital.

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