
Tanto dinheiro é justificado pelo histórico do modelo, com design no estilo "pontoom fender", referente às formas arredondadas dos para-lamas do belo carro de corrida preto, que foi produzido entre 1957 e 1958. Além da unidade leiloada, foram fabricadas outras 21, que ajudaram a fazer a fama da marca vencendo 10 das 19 corridas de que participou, entre 1958 e 1961.
Uma olhada rápida nos números da unidade da 250TR leiloada podem não dar a exata dimensão da magnitude do carro: motor V12 de 2.953 cm³ de cilindrada, de 300 cv a 7.200 rpm, câmbio de seis velocidades e entre-eixos de 2,35 metros. O que, entretanto, pode ser a razão de tantos milhões é a bela história. O modelo foi a quarta Ferrari Testa Rossa construída pela fábrica e teve como comprador o preparador de automóveis italiano Peiro Drogo, que também era piloto e competia, com frequência, em corridas na América do Sul. Assim que comprou o carro, fez alterações aerodinâmicas para melhorar a performance e participou dos mil quilômetros de Buenos Aires, na Argentina.
Em seguida, foi para Cuba, onde participou da tumultuada corrida em que Juan Manuel Fangio foi sequestrado pelos guerrilheiros de Fidel Castro, em 1958. Depois voltou à Europa, correu em provas de menor expressão, foi pintada de vermelho e vendida a um piloto do Texas, nos Estados Unidos. Na sequência, passou de mão em mão por diferentes locais, como Nova York, Washington, Japão, participou de corridas simbólicas, como a Mille Miglia, em 1995 e 1996, das corridas de Monterrey e Laguna Seca, além de shows e exposições ao redor do mundo.
Crise
O recorde pode passar a sensação de que a crise que aflige o mundo não afeta uma parcela dos milionários. Entretanto, junto com a 250TR de 1957 foram leiloadas outras 33 Ferraris e três Maseratis, mas nem todas foram negociadas. Seis Ferraris e as três Maseratis ficaram sem comprador. Entre elas, a Ferrari 330 P4, de 1967. O carro de corrida teve apenas três unidades construídas e também era um potencial recordista, pois tinha preço inicial de 7,25 milhões de euros (R$ 20,34 milhões), mas vai ter que aguardar tempos melhores por oferta tão boa.
No total, foram quase 18,285 milhões de euros (R$ 51,303 milhões) comercializados nos 27 modelos em um único dia. Compareceram à fábrica de Maranello cerca de mil pessoas, que além dos carros, compraram itens da história da marca, como uniformes de corrida, ferramentas e peças. Teve também passeio pela fábrica, com direito a muita festa e até test-drive em modelos da marca.
A segunda Ferrari mais cara leiloada foi a 250 GT Berlinetta Speciale Bertone, por 2,310 milhões de euros. Em terceiro ficou a 250 GT California, de 1959, por 2,117 milhões de euros. A pechincha do último domingo em Maranello foi uma Ferrari 330 GT 2 2, de 1965, por 60,5 mil euros. A mais velha foi a Ferrari 166 Inter Cupê, de 1949, vendida por 258,5 mil euros e o mais novo, o Maserati MC 12 Corsa 2008, não teve oferta.