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Criatividade - Marcas de chassi na pele

Edsel, filho de Henry Ford, deu nome a um dos maiores fracassos da Ford no fim da década de 1950. Enzo Ferrari batizou uma de suas máquinas de sucesso com o nome de seu herdeiro, Alfredino, que morreu precocemente, e emprestou seu apelido - Dino - ao modelo que começou a ser produzido em Maranello, em 1967, com um potente motor V6. Já o empregado de um trailer de alimentação, Otacílio Eustáquio de Souza, não hesitou ao escolher Harley Davidson como nome de seu filho. A inspiração veio de uma jaqueta, na verdade uma japona, que viu quando ia para o Hospital e Maternidade Santa Rita, no Bairro Cidade Industrial, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, conhecer o filho que acabara de nascer.

Vinte e seis anos depois da inspiração do pai, Harley Davidson de Souza é só orgulho do nome. Fanático por motocicletas, trabalha como controlador de qualidade de uma empresa de autopeças e tem uma moto Honda Titan 150. Antes, teve uma Yamaha RD 135 e uma Honda CG 125. "Só ando de moto, e nem penso em ter carro", conta Harley. Perguntado sobre a marca que carrega na carteira de identidade, ele diz que é apenas um sonho, mas admite que já foi ao Bairro Grajaú, em uma loja da Harley-Davidson, para namorar suas xarás.

O nome também rende inevitáveis brincadeiras.

O chefe de Harley só o chama pelo nome composto e movimenta os dois punhos, como se acelerasse a moto, ao se referir ao funcionário. "Outro dia, fui à oficina e o pessoal ficou rindo. Tive que mostrar a carteira de identidade para eles acreditarem", conta. Quando era criança, Harley associava o nome ao cometa de Halley, que passa mais perto da terra a cada 76 anos, e que cruzou o céu quando ele tinha 5 anos. Apesar de gostar do nome, para evitar problemas, resolveu não inventar moda e escolheu o bíblico Sara para a filha.

Processo
O Fusca do gastrônomo Carlos Fernando fica estacionado depois do nome composto e antes de seu sobrenome. Ele se chama Carlos Fernando Fusca Guiguer. A explicação é que o Fusca do caso tem plataforma italiana chegou ao Brasil junto com o avô dele, que se radicou em Pirassununga (SP), onde virou fazendeiro e construiu um hotel.
Porém, quando a VW oficializou o Volkswagen Sedã como Fusca, o tio de Carlos, José Fusca, ficou bravo e processou a multinacional. O processo correu, o tio morreu e a família desistiu da causa. Para Carlos, ficou a simpatia pelo carro, do qual guarda algumas miniaturas, e a vontade de comprar um modelo conservado. "Tive Fusca de 1979 até 1981. Na faculdade, meu apelido era Fusca e o da minha irmã Fusquinha", lembra.

Trombada
Se Harley convive bem com o nome, Brasília Aires de Pontes Siqueira bateu de frente com um colega de escola. Nascida em 1971, a paulistana veio ao mundo dois anos antes do carro da Volkswagen ser lançado no mercado nacional. Mesmo assim, foi o suficiente para aturar provocações: "Um menino tirou sarro no colégio e colou uma placa de vende-se nas minhas costas. Dei um soco no nariz dele, que ficou sangrando, e ninguém mais mexeu comigo", lembra Brasília.
O nome foi uma homenagem a avó, que também se chamava assim. "Quando meu bisavô chegou da Espanha, ele gostou tanto daqui que resolveu chamar a filha de Brasília", explica.

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