Quem olha os gramados dos grandes eventos de automóveis antigos tem a impressão de que aquele hobby é para poucos. Leitores do caderno Vrum questionaram como iniciar uma coleção se a matéria (semana passada) sobre o encontro de Pebble Beach (nos EUA) mostrou Ferraris de US$ 25 milhões, enquanto a revista Veja publicou foto de uma Ferrari Testa Rossa vendida num leilão por US$ 16,6 milhões.
Reluzentes e com detalhes originais, os clássicos na maioria das vezes não foram achados daquele jeitinho de carro que acabou de sair da linha de montagem. E nem todos são tão exclusivos como as Ferraris exibidas na California.
Para o entusiasta, o grande barato (literalmente) é encontrar aquele automóvel em frangalhos e consertá-lo aos poucos. É só garimpar por sites estrangeiros de leilões, como o eBay, ou de antigos. E não se deixe desestimular pela ferrugem ou pelo jeito decrépito das ofertas. A sucata, no caso, vale bastante dinheiro.
Um Jaguar XKE 1967, enferrujado de ponta a ponta, é oferecido por nada modestos US$ 18.950. O carro estava à venda até ontem à tarde no site Beverly Hills Car Club. O velho gato é um legítimo representante da marca, com o motor seis cilindros 4.2 e câmbio sincronizado.
Metamorfose reluzente
Claro que muito trabalho terá que ser investido. É possível importar modelos com mais de 30 anos de idade – produzidos de 1981 para trás. Você paga os impostos sobre o preço de etiqueta do carro, ou seja, quanto mais barato, melhor. A mão de obra por lá é muito cara e acaba encarecendo o preço total da restauração, outro motivo para importar o antigo “no estado”. O envio não custa caro, cerca de US$ 2 mil, e não é difícil encontrar assistência para desembaraçar qualquer burocracia. Com o carro no Brasil, fica mais fácil restaurá-lo.
Objetos de cobiça também por aqui, os Porsches 911 antigos são caríssimos, com preços quase sempre superiores a R$ 130 mil. Mas os faróis dianteiros revelam que quase todos foram importados dos Estados Unidos. Isso se dá pela grande oferta desses modelos por lá. A despeito da configuração americana, que também envolvia motores menos potentes, fica difícil diminuir o apelo de um Porsche 911 por menos de US$ 20 mil.
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O PULO DO GATO
Importar um antigo em péssimo
estado tem três vantagens:
1 – O custo da mão de obra para restaurar um antigo nos EUA pode ultrapassar US$ 500 por hora. No Brasil, um bom artesão pode cobrar um pouco mais por semana. É por isso que, um carro nota 100 nos EUA, que vale US$ 100 mil, é vendido por menos que US$ 20 mil. E para restaurá-lo, a conta não custará menos que US$ 70 mil.
2– Como se pagam impostos sobre o preço total do automóvel, trazer um antigo já restaurado significa desembolsar para o governo o valor referente à restauração. A sucata paga impostos sobre US$ 15 mil, cerca de sete vezes menos que o carro prontinho.
3 – Está sendo criada uma razoável massa de mão de obra especializada em restaurações no Brasil.
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Como importar
A importação de automóveis antigos (mais de 30 anos de fabricação) é regida pela Portaria º 235 de 2006 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e existem despachantes especializados no processo. Os impostos são o de importação, IPI, ICMS, além do PIS/PASEP e Cofins. Num total de cerca de 110% a 120% sobre o valor da nota fiscal de venda..