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Rolimã: De Kombão mundo afora

Confira grandes momentos da kombi espalhados pelo mundo

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

São poucos os sessentões que podem se orgulhar de já ter rodado o mundo inteiro. A Volkswagen Kombi é uma dessas. Produzida atualmente apenas no Brasil, a velha senhora tem papel fundamental no transporte de mercadorias e passageiros, sem encontrar substituta no país. Deixando de lado o fato de ser um modelo pré-diluviano, o Rolimã traz uma pequena seleção de grandes momentos da Kombi pelo mundo, deixando as más notícias para o final.

MAGIC BUS

Em 2008, com a finalidade de arrecadar fundos para a instituição filantrópica inglesa Teenage Cancer Trust (atuante na luta contra o câncer em adolescentes), a banda de rock The Who, juntamente com a Volkswagen, promoveu um sorteio via internet de uma Kombi 1965 personalizada. O modelo especial na cor azul foi caracterizado com a bandeira britânica por todo o teto, o logotipo alvo da banda na lateral e imagens dos quatro integrantes originais: Roger Daltrey, Pete Towshend, Keith Moon e John Entwistle. O valor da rifa foi de apenas cinco libras e também dava direito a download gratuito de uma versão inédita de Magic Bus, famoso hit com temática sobre o transporte público da Inglaterra, gravado em 1968. “O Volkswagen Bus era a única escolha verdadeira da época e todos amavam o carro. Era um lar hippie sobre rodas, algo cult e, até hoje, o modelo é um grande automóvel”, disse empolgado Townshed no evento de comemoração dos 60 anos da Kombi, em 2007. Van típica dos grupos musicais, com espaço para instrumentos e elenco, a Kombi foi adotada por bandas pelo mundo. Até os Raimundos, de Brasília, homenagearam o carro na politicamente incorreta Pitando no Kombão, de 1995.

MISS

No cinema, ela também brilhou. Na comédia norte-americana Pequena Miss Sunshine, lançada em 2006 e dirigida por Jonathan Dayton e Valerie Feris, seis membros de uma disfuncional família percorrem o trecho entre o estado do Novo México e a Califórnia a bordo de uma velha Kombi amarela. O objetivo da viagem é levar a pequena Olive (Abigail Breslin) a um concurso de beleza infantil, Little Miss Sunshine, no qual ela foi classificada. Até a chegada ao destino, temas como drogas, morte, sucesso e referências filosóficas são expostos e direcionam os ocupantes do veículo a uma reflexão existencial. Enquanto isso, a van torna-se o sétimo e simpático protagonista do longa-metragem, que contou com cinco modelos idênticos durante as filmagens.




SESSENTONA

Um evento com duração de três dias realizado em Hannover, na Alemanha, em 2007, comemorou o aniversário de 60 anos da Kombi. Mais de 3.500 exemplares de admiradores e colecionadores participaram da festa que teve exibição ao ar livre do filme Pequena Miss Sunshine e também show da legendária banda britânica The Who. Tudo porque, em 1947, depois de uma visita à fábrica da Volkswagen em Wolfusburg, o importador holandês Ben Pon decidiu criar um veículo que pudesse transportar mercadorias e mais passageiros, tão necessários para a reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

CAMPING

Para aqueles que querem reviver o clima paz e amor dos festivais hippies dos anos 1960, quando muitos cabeludos viajavam e dormiam dentro de uma Kombi pelo mundo afora, foi lançada uma barraca de tecido com tamanho e desenhos idênticos ao de uma clássica 1965. Pode acomodar até quatro pessoas e tem divisória para dois ambientes. O produto é oficialmente licenciado pela Volkswagen e está disponível nas cores azul, vermelho e amarelo. À prova d’água, o zíper de entrada está localizado onde ficavam as portas originais. O produto é vendido por 299,99 euros (cerca de R$ 690) pelo site: www.firebox.com

CAMALEÃO

Para divulgar o potencial futurístico de sua tecnologia automotiva, a Volkswagen norte-americana criou, por meio de seu Laboratório de Desenvolvimento Eletrônico, na Califórnia, um carro conceito inspirado num clássico Deluxe 1964, apelidado de Chameleon. O veículo teve seu visual externo clássico preservado e foi equipado com sistemas eletrônicos de última geração, como instrumentos digitais no volante e painel, equipamento de áudio e som digital, acessórios que podem ser ativados por toques ou comando de voz e sistema de câmeras para auxílio em manobras, além de ignição sem uso de chave. O motor é movido a energia elétrica fornecida por baterias de polímeros de lítio. Painéis solares no teto ao lado de racks para pranchas de surfe completam o veículo preferido pelos hippies e surfistas californianos.

DE OURO

O culto ao modelo ainda continua e são justamente as Kombis dos anos 60 as mais valorizadas. A casa de leilões Barrett-Jackson leiloou nessa semana no Arizona um Microbus 1963, modelo Samba, aqueles com 23 janelinhas de vidro. Comprado por Joe Ingram, professor de história e política no equivalente ao nível médio, por US$ 11.500, cerca de R$ 20 mil, em 2002, o modelo foi reformado, ganhando um trailer e acessórios de época, o que ajudou a conseguir US$ 128.700, o equivalente a R$ 225 mil. Dá para levar mais de quatro Kombi Standard zero quilômetro no Brasil, levando uma usada 2006 com o troco. E olha que não bateu o recorde registrado pela mesma companhia em junho passado, quando um modelo semelhante chegou aos US$ 217.800 em leilão, R$ 382 mil em valores convertidos.

LARANJA MECÂNICA

A Kombi 2012 está sendo exportada para o mercado europeu, mais precisamente para a Holanda. Ela deixou de ser produzida no Velho Continente há tempos, mas está sendo fabricada no Brasil e enviada para lá com algumas das suas características atuais: motor 1.4 , de 80cv, refrigerado a água, e caixa de 4 marchas. Entre as modificações, o que parece ser um estepe na grade dianteira na verdade é um filtro de ar à frente do radiador. Um kit completo de acampamento com sofá, fogão, geladeira, mesa, pia e outros acessórios incrementa ainda mais o veículo que tem previsão de vendas entre 25 e 50 unidades por ano. Ben Pon teria adorado.

AOS 60 DO SEGUNDO TEMPO

O status cult talvez aumente ainda mais com a saída de mercado da Kombi, um carro saudosista para os americanos e europeus, mas ainda uma realidade para os brasileiros. Com a entrada da exigência de crash-test e obrigatoriedade de airbags frontais e freios ABS, a Kombi deve chegar ao seu fim até 2014. A tempo de completar sessenta anos no país, junto com a VW do Brasil. Afinal, foi o primeiro carro produzido pela Volks em 1953 – o Fusca só viria em 1959. Será o adeus da velha senhora.