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Diversos modelos do Batmóvel fazem a cabeça dos fãs do personagem

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

O Batman jamais teve superpoderes como capacidade de voar mais rápido que um trem ou pular mais alto do que um edifício. Habilidades que o contemporâneo Super-Homem esbanja. Além do mais, se tentasse ir de uma avenida a outra se balançando em uma teia, acabaria fazendo referência a outro animal. Mesmo sendo o Homem-Morcego, ironicamente também não aprendeu a voar. Sem se deixar abater, o personagem apelou para a comodidade dos carros desde o início de sua carreira. São esses carrões, muitas vezes feitos sob medida, que fazem a cabeça dos fãs. É o caso do Batmóvel projetado por Gordon Murray, inventor do McLaren F1 e criador dos monopostos de Ayrton Senna na escuderia McLaren.

ROCAMBOLESCO O modelo será exibido no espetáculo britânico Batman live, show
que reúne personagens em uma recriação de Gotham e que será realizado em São Paulo a partir do dia 11 de abril. E não poderia faltar (é claro!) o Batmóvel. O modelo de Murray investe em uma imagem balística, quebrada apenas pelo aerofólio, e herda muita coisa de um carro de Fórmula 1, o que seria de se esperar de um projetista que ive no mundo das corridas. Mas esse carro do Homem-Morcego também segue preceitos do rocambolesco modelo do filme Batman eternamente, de 1995, o que fica bem claro ao se olhar para as rodas iluminadas. Não sei se faria sucesso na sisuda Gotham City, mas certamente seria um arraso em Miami Beach ou Los Angeles.

SIMPLICIDADE Antes de chegar ao ápice do exagero, o Batmóvel começou de maneira até humilde. O detetive criado por Bob Kane surgiu em 1939, na edição da Detective Comics (daí o DC da editora), e, logo de cara, dirigiu um cupê vermelho que poderia ser um modelo Ford 48. Se não fosse assim, imagine só ele tentando pegar um táxi ou um bonde. Lembrando que Bruce Wayne é apenas um ser humano normal, sem poder de superautoestima para aturar a galhofa que provocaria com sua roupa colante.

AGORA SIM Parece um início simplório demais. Porém, como a figura fez sucesso rápido, ganhou uma revistinha própria em 1940. No ano seguinte, surgiu o primeiro Batmóvel de verdade, na edição número 5. Esse sim tinha a cara do morcego: vinha com um escudo que reproduzia a máscara do herói na dianteira e tinha uma barbatana traseira – ninguém ainda sabia direito o que era um spoiler. O carrão tinha venenos típicos da época, com direito a compressor volumétrico, para garantir desempenho suficiente para alcançar supervilões, que estavam sempre em desvantagem tecnológica.

CERTO REALISMO Dentro da máxima de que o Batman é um herói, por assim dizer, mais realista, a maioria dos seus carros guardou parentesco com modelos que existem na vida real. No primeiro seriado para a televisão, entre 1943 e 1949, o cruzado de capa se valia de um Cadillac ou um Mercury. Até o modelo criado para a série de TV, lançada em 1966 (e televisionada por anos no Brasil), o carro era o preexistente Lincoln Futura, conceito de 1955 criado pelo estúdio Ghia na Itália e customizado por George Barris. Era um carro único, de US$ 250 mil, mas Barris gastou US$ 30 mil para caracterizar o possante, que ganhou até turbina. Empurrão que nem o Tumbler lançado no filme Batman begins (de 2005) dispensa. Falando nele, o Batman é um fã do downsize: se o Batmóvel de 1989 tem 6,24metros, o novo fica nos 4,57m.

TURBINA O uso de turbinas a jato peca pela resposta lenta. Se os engenheiros tentam eliminar até o atraso de entrada do turbo, imagine só o trabalho de fazer o ajuste fino de uma dessas (de avião). É por isso que, na série animada de 1992, o modelo criado para o segundo filme de Tim Burton serve de inspiração, embora o bólido tenha motor a pistão como força primária. Isso não desencorajou Casey Putsch, da americana Putsch Racing, que criou uma réplica do modelo usado nos filmes Batman (1989) e Batman: o retorno (1992). O carro bebe querosene de aviação e até diesel, além de fazer churrascos improvisados, porém não tem flex para etanol ainda. Nem as celebridades resistem ao status de se ter um Batcarro. O cantor pop Justin Bieber personalizou o seu Cadillac CTS-V com os motivos do herói – é que o Robin não tem carros tão legais.

BATMANIA Embora o Tumbler de 2005 tenha até sido carro madrinha da Fórmula Indy e tenha parado para andar junto de um Fórmula 1 da Toyota, os mais populares ainda parecem ser o Batmóvel da série de TV e do filme de 1989, criado por Anton Furst. Tanto que o pessoal do programa de Webtv Super Power Beat Down (competição de superpoderes), reuniu duas réplicas para uma arrancada em sua estreia. Saiba quem ganhou no site www.superpowerbeatdown.com e fique ligado que a próxima competição envolverá Gandalf de Senhor dos anéis e Darth Vader de Guerra nas estrelas. Será que o mago fará o vilão falar fino?

MANUAL O interesse do público pelos Batmóveis levou à criação do Batmobile Owner Manual (Manual do proprietário do Batmóvel), em 2009, escrito por Mike McAvennie e publicado pela editora britânica DK, somente em inglês. Também há site dedicado aos carrões (www.batmobilehistory.com). O portal Centives até criou uma estimativa de custos médios de cada Batmóvel, que sairia pela média de US$ 214 mil. Segundo o pessoal, o mais caro seria um Mercedes-Benz CLK-GTR, bólido de motor central criado para homologação, que custaria US$ 1,8 milhão. Mas como o Batman já usou até protótipos únicos, como o Ford GT90, fica difícil estimar qual era o custo de alguns destes. De qualquer forma, Bruce Wayne tem uma fortuna estimada pela revista americana Forbes em US$ 6,5 bilhões e fica em oitavo no ranking fictício liderado pelo Tio Patinhas, que, aliás, acharia essa mania de comprar vários carros um desperdício.
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CIVIS Porém, desde os mais realistas anos 1970, a tática do herói nos quadrinhos é mais frugal: basta comprar um carro comum como base e transformá-lo com blindagem, armamentos e outras traquitanas. Afinal, com tão poucos aliados, onde o Batman faria outro Batmóvel com facilidade? Mas o encapado também curte carros civis. Se nos filmes o playboy Bruce Wayne só gosta de rodar de Lamborghinis (“muito sutis”, segundo Alfred), nos antigos quadrinhos o ricaço gostava de outro símbolo yuppie: o Porsche 911, o carro que quebrou o Batman.
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BANE O novo filme O cavaleiro das trevas ressurge, marcado para estrear no dia 27 de julho deste ano, terá como vilão o Bane, que já apareceu no infantilizado Batman e Robin (1997) como o incapaz capanga da Hera Venenosa (Uma Thurman), mas pintou bem antes nos quadrinhos. O grandalhão que será interpretado por Tom Hardy surgiu em 1993 na saga A queda do morcego. Ele nasceu em uma prisão na fictícia Santa Prisca – república das bananas caribenha –, onde se tornou obcecado pela figura do morcego. Previsivelmente, decide fugir e ir a Gotham destruir o Batman, algo que faz ao final da história, deixando o pobrezinho paraplégico (passageiramente, lembrando que na época até o Super-Homem empacotou durante um tempo). Mais curiosa é a desculpa que Robin e Alfred inventaram para explicar como Bruce Wayne se deu mal: arrebentaram a marretadas o Porsche 911 do bilionário e jogaram o cupê em um precipício. Dado o caráter manhoso dos antigos Porsche, até que faz sentido. Santa desculpa, Robin!