Você está na estrada com seu Audi A1? E se de repente houver perda brusca de potência que faça você perder o controle do automóvel e se envolver numa colisão. Há a possibilidade. Na Austrália e Nova Zelândia, quase 26 mil unidades do Volkswagen Group (Audi inclusa) produzidas entre 2008 e 2011 se submeteram a recall por causa disso. Há casos semelhantes no Brasil, mas a postura da Audi aqui é outra.
Luiz Sacoman adquiriu seu A1 zero quilômetro em outubro de 2011. Antes de completar o primeiro ano de uso, ao tentar fazer uma ultrapassagem, Sacoman ficou em apuros. O carro perdeu potência de maneira súbita e prejudicou a manobra. O dono levou-o à autorizada e, de acordo com os mecânicos, uma avaria no turbo era a causa do problema. Aparato trocado, Sacoman acreditou que tudo a partir daquele momento iria correr bem.
“As pessoas me falavam para passar o carro adiante, mas me recusava a passar problema tão sério para outra pessoa, pois esta correria sério risco de vida se o problema ocorresse em uma estrada, por exemplo”, expressa Sacoman. Pois bem, depois de insistentes conversas com a marca alemã, que insistia que o problema se referia a um “vício oculto”, Luiz ouviu frase deveras animadora, para não escrever o contrário, de um gerente: “Você foi premiado com um problema”. Olhe, ser “premiado com um problema” do naipe é receber a bonança, hein.
Ironias à parte, o cliente recebeu proposta “interessante”. A Audi “recolheu” o modelo problemático e ofereceu um zero quilômetro 12/13 por uma quantia ínfima, um “descontão”. Confiante, Luiz aceitou a proposta e embarcou novamente no Titanic. O novo veículo apresentava os mesmos problemas do anterior.
NINGUÉM ESTÁ SOZINHO O caso de Sacoman não é único no Brasil. O mesmo problema ocorreu com proprietários de A1 em Curitiba e no Rio de Janeiro, que pediram para omitir os nomes. O primeiro reclamou dos irritantes ruídos metálicos vindos da caixa de marchas. Tanto que os mecânicos da autorizada fizeram um “reparo” nela, envolvendo-a num plástico. No entanto, seu veículo também apresentou o mesmo problema do cliente de São Paulo. “Pisei no acelerador, mas o giro (do motor) não subia o suficiente. A velocidade reduziu drasticamente na estrada”, diz o proprietário de Curitiba.
No recall ocorrido na Austrália e na Nova Zelândia este ano, que envolveu modelos produzidos entre 2008 e 2011 (além de outros, feitos entre outubro de 2012 e abril de 2013, na Oceania), o problema foi atribuído à eletrólise. De acordo com o fabricante, “as transmissões DSG (de sete velocidades) são suscetíveis à formação de depósitos condutores nas unidades de comando da caixa de velocidades, causando a explosão do fusível”. Ainda é ressaltado que “caso o fusível queime com o veículo em movimento, súbita perda de potência ocorre, o que pode constituir num perigo”.
RESPOSTA O que a Audi tem a responder? No caso de Sacoman, a marca limita-se a comentar que “o caso do A1 dele refere-se a um inconveniente de desempenho do motor que já foi sanado. O cliente recebeu um carro reserva da Audi Brasil enquanto o seu veículo estava sendo diagnosticado e reparado na concessionária”. Faltou dizer que o novo A1 do cliente segue em reparos e que o “inconveniente” ocorreu nos dois modelos adquiridos por ele, constituindo numa “premiação com um problema”.
No caso do cliente curitibano, foi dito que “o ruído em questão é normal do comportamento do trem de força, o que pode ser comprovado pela própria homologação do produto frente aos quesitos de ruídos do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).