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Testes revelam fragilidade das cadeirinhas infantis

Falhas ocorrem principalmente na proteção de colisões laterais. Leia o resultado

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

No teste de impacto lateral, a criança (dummy) bate a cabeça na carroceria


Cadeirinha e carro não se comunicam no Brasil. Esta é a avaliação do pesquisador Dino Lameira, da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), que acaba de realizar testes de segurança com 11 modelos de dispositivos de retenção infantil comercializados no país. O resultado divulgado esta semana, nada animador, mostra que nossos bebês e crianças ainda estão longe de obterem a segurança que merecem. Foram realizados testes de impacto frontal e lateral em seis modelos de bebê conforto (bebês até 13kg) e cinco de cadeirinhas (crianças entre 9kg e 36kg) e nenhum obteve a pontuação máxima, de cinco estrelas, dificultada principalmente pelos testes de impacto lateral, com os piores resultados. De maneira geral, os bebês conforto tiveram desempenho melhor que as cadeirinhas.

Na avaliação de impacto frontal, o fato mais enfatizado pela Proteste foi que a presença do Isofix (sistema em que o dispositivo de retenção é preso por ganchos diretamente na estrutura do veículo, sem a “gambiarra” de fixação pelo cinto de segurança do carro) atenuaria, e muito, os impactos sofridos durante o acidente. Apenas para comparação, já que o sistema ainda não é aprovado no Brasil, dois dos modelos testados foram avaliados tanto com a fixação pelo cinto quanto pelo Isofix. Neste caso, a marca escolhida foi a Britax modelo Roemer Duo Pluss TT e o resultado para a fixação com Isofix foi dois níveis acima do obtido sem o Isofix. Mas, independentemente de o Isofix atenuar os impactos que a desaceleração provoca no corpo por manter o dispositivo fixado diretamente na estrutura do veículo, Lameira acrescenta que outra vantagem está na facilidade de encaixe da cadeira ou bebê conforto. “Só o fato de o Isofix facilitar a instalação já é muito importante, pois prender a cadeirinha corretamente com o cinto é muito difícil. Muitas vezes é preciso passá-lo por dentro da cadeira por onde não há boa visão e a responsabilidade da instalação é toda dos pais”, ressalta.

Entre os principais problemas averiguados nos testes de impacto lateral, é que não há padrão internacional de conformidade para realizá-lo. Não há método e tampouco equipamento para tal. Segundo Lameira, falta proteção correta. “O dispositivo de retenção tem que funcionar como uma cápsula e principalmente com maior abrangência de peso”, explica o pesquisador, apontando que em alguns casos os bebês (ou crianças) maiores ficam muito apertados no dispositivo de retenção e a cabeça acaba ficando acima do topo da cadeira. Além disso, há situações em que a proteção lateral do equipamento é frágil e, às vezes, nem existe, fazendo com que a cabeça bata na lateral do veículo. “Tem que haver a cobertura correta de toda a área e o ajuste permitir que os esforços sobre o corpo sejam menores”, continua.

ENSAIOS Para Lameira, um dos dificultadores de melhoria dos dispositivos de retenção comercializados no Brasil é o fato de não haver normas específicas para os testes, que são feitos pelos fabricantes de cadeirinhas (e outros dispositivos) sem levar em conta o carro. “Cadeira e carro não se falam. Quando os fabricantes testam os equipamentos, nem sequer usam um carro de verdade. Há um sistema que simula o carro, mas não é uma situação real”, diz. “Já os nossos testes são baseados na experiência do Global NCAP (Programa de Avaliação de Carros Novos, ou New Car Assessment Program), que usa uma metodologia amplamente discutida na Europa. Usamos a estrutura de um VW Golf, com bancos de verdade, estrutura real, aço real, cinto original, ou seja, é um teste mais realista. E no caso dos testes feitos pelo Latin NCAP, um braço do Global NCAP, é mais real ainda porque o dispositivo de retenção é colocado em cada veículo durante a avaliação do próprio carro”, compara.

Por fim, apesar de todas as considerações, Lameira enfatiza que ainda é melhor usar as cadeirinhas e/ou bebê conforto não tão seguros do que não usar nada. “Quando divulgamos os resultados de nossos testes, de jeito nenhum é para dizer que as pessoas parem de usar esses dispositivos, pois é muito pior sem eles. Quem já tem um desses modelos testados, se não tiver condição de comprar o avaliado, por exemplo, deve continuar usando o que tem. É melhor do que deixar a criança solta”, enfatiza.

Enquanto isso...

...Inmetro promete modelos para 2014

Apesar de ser considerado mais seguro em todo o mundo, o sistema Isofix enfrenta dois obstáculos no Brasil. O primeiro é que está disponível ainda em poucos modelos de veículos e o segundo é a falta de regulamentação específica. Atualmente é exigido o selo de certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para que os dispositivos de retenção infantil sejam comercializados no Brasil. Mas as normas seguidas pelo Inmetro não contemplam o Isofix. Uma nova regulamentação está prevista há um bom tempo e segundo o próprio Inmetro até o segundo semestre possivelmente já estaria em vigor, o que não aconteceu. Ontem, em resposta à reportagem, a assessoria de imprensa do Inmetro ressaltou que a comercialização das cadeiras com Isofix no Brasil não é proibida, desde que elas possibilitem também a instalação pelo cinto de segurança. Ainda segundo o Inmetro, a partir de 2014, o consumidor brasileiro já encontrará modelos certificados pelo Inmetro com o sistema Isofix.

DESCONTO

Tendo em vista o alto preço dos dispositivos de retenção infantil – vale destacar que os mais bem classificados nos testes estão entre os mais caros –, a Proteste fez uma parceria com uma loja virtual que garante 15% de desconto num dos modelos de bebê conforto melhor aprovados, que é o Chicco Keyfit. O preço (ainda salgado) de R$ 769 diminui para R$ 653. Para obter o desconto, o consumidor deve entrar no site da Proteste (www.proteste.org.br) e preencher um cupom.