UAI

ANP determina redução no teor de enxofre da gasolina vendida no Brasil

O teor de enxofre na gasolina vendida no Brasil vai diminuir muito a partir de janeiro. Saiba o que seu carro vai ganhar com a diminuição da substância fedorenta

Publicidade
SIGA NO google-news-logo
ANP determina redução no teor de enxofre da gasolina vendida no Brasil
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

A quantidade de enxofre da gasolina comum vai diminuir de 800mg/kg para 50mg/kg: mudança benéfica


Se o capeta fosse escolher uma fragrância, um perfume, certamente iria se encantar com o cheirinho da gasolina vendida no Brasil. Quer saber por quê? Nossa gasolina tem um imenso teor de enxofre (nada menos que 800 mg/kg), que é o cheiro favorito do demônio. Mas, a partir do primeiro dia de 2014, ele vai ter que achar outro lugar para encontrar a essência, já que a Resolução 40/2013 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determina que a partir dessa data o teor máximo de enxofre da gasolina deve ser de 50 mg/kg.

Mas como isso vai afetar a sua vida? Provavelmente você não vai nem perceber, mas essa mudança será muito benéfica. De acordo com o engenheiro Francisco Satkunas, diretor da Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE Brasil), a partir do abastecimento do carro com gasolina, em algum momento o enxofre vai entrar em contato com água, resultando em ácido sulfúrico. Esse ácido é bastante agressivo e, em contato com aço ou alumínio, provoca corrosão. É por isso que os fabricantes usam aço inoxidável em alguns componentes, já que esse material tem alta resistência a oxidação.

E a vantagem de se ter menos enxofre é simples: menos ácido sulfúrico, menos oxidação e mais vida útil para diversos componentes. Quer saber onde a oxidação pode atacar? No tanque de combustível de um veículo flex de material metálico, o enxofre da gasolina se encontra com a água presente no etanol (que tem cerca de 8% de água), já formando ali o ácido. Além do tanque, ele pode atacar a bomba de combustível, quando imersa. Como as linhas de alimentação são de polímero (plástico), não são afetadas. Os bicos injetores são de aço inoxidável, e também são poupados.

SÓ GASOLINA Já dentro da câmara de combustão, com o veículo abastecido apenas com gasolina, o ácido sulfúrico vai se formar a partir da mistura do enxofre com o vapor d’água formado na combustão. Geralmente esse ácido provoca a corrosão nos pistãos e nos anéis de segmento. Por fim, todo o sistema de exaustão também sofre o efeito do ácido sulfúrico. Na maioria dos modelos o sistema de descarga só é feito em aço inoxidável em alguns componentes, como o catalisador e o primeiro abafador. Outro fator que contribui para a formação do ácido sulfúrico é que, até o motor atingir a temperatura ideal, acontece formação de água no sistema de escapamento.

MENOS EMISSÃO
Além de impactar no aumento da vida útil de vários componentes do veículo, essa medida vai reduzir em 94% a emissão de enxofre na atmosfera, melhorando a qualidade do ar e a saúde das pessoas. Apesar dessa redução, nossa gasolina ainda não pode ser comparada à de países desenvolvidos, que têm de 5 mg/kg a 7 mg/kg de enxofre. Segundo Satkunas, a gasolina Podium da Petrobras é a única encontrada no Brasil com esse teor, com a vantagem de ter alta octanagem, que faz a diferença em veículos mais sofisticados. O mito que precisa ser quebrado é que nem a gasolina aditivada nem a com baixo teor de enxofre melhoram o desempenho do veículo.

ADITIVADA Essa redução do enxofre na gasolina foi estimulada para que os veículos alcançassem os novos limites de emissão da fase L6 do Proconve, assim como o uso obrigatório de aditivos a partir julho de 2015. Os aditivos detergentes/dispersantes na gasolina asseguram a limpeza do sistema de alimentação do veículo (tanque, linha de combustível, bomba e injetores), dificultando a carbonização na câmara de combustão.