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Fiat divulga imagem do último Uno Mille produzido da história

Modelo sai de linha após quase 30 anos de produção na fábrica de Betim. Relembre as versões do Uno Mille ao longo dessas três décadas

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Última unidade do Mille

A Fiat divulgou na tarde desta sexta-feira (03), a imagem da última unidade do Uno Mille da história. A foto foi tirada na linha de produção do modelo, em Betim, pouco antes da virada do ano e início das férias coletivas. O modelo foi aposentado depois que a Fiat julgou economicamente inviável a instalação de airbags e freios ABS, itens de segurança obrigatórios em 2014.

 


Foram quase 30 anos de produção nacional e no início o Uno foi encarado como revolucionário, por causa de seu design moderno para a época e até hoje é referência em espaço interno e visibilidade entre os hatches compactos. Com 3,7 milhões de unidades produzidas no Brasil, o Uno deu início a soluções inéditas, como o estepe instalado no vão do motor e o limpador de para-brisa com braço único. Inaugurou no Brasil o segmento dos carros modernos com motorização igual ou menor que 1000cc.

Inédito: estepe no vão do motor tinha uma função prática



Para marcar este momento na carreira do compacto que ficou conhecido como bota ortopédica por causa de seu formato, a Fiat lançou no final de dezembro a última edição do Mille – a Série Especial Grazie Mille, com tiragem limitada a 2 mil carros que foram numerados. A série especial vem recheada de equipamentos e itens de personalização exclusivos, que inclui a cor verde Saquarema, desenvolvida apenas para o carro. O Grazie Mille exibe tecido exclusivo com o bordado da série, placa com o número do carro no painel, pedaleiras esportivas, forro do teto preto, cobertura em carpete completa do porta-malas, com capa para o triângulo de segurança e extintor e sobretapetes no mesmo material.

Grazie Mille é vendido por R$ 31,2 mil



Na parte externa, faróis com máscara negra, rodas de liga leve de 13”, ponteira de escapamento esportiva e pintura na caixa das rodas. Frisos e adesivos completam o visual do carrinho. Além da cor verde Saquarema, os interessados também podem comprá-lo no tom prata Bari.

O Grazie Mille também oferece ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, desembaçador/ limpador do vidro traseiro e retrovisor externo com comando interno. O carro também conta com rádio Connect com CD/MP3, viva voz Bluetooth e entrada USB e caixa Subwoofer.

Uma história de sucesso
O Mille é uma versão do modelo Uno, que foi concebido para ser o primeiro carro mundial da Fiat. O palco escolhido para sua apresentação à imprensa em 20 de janeiro de 1983 foi o Cabo Canaveral, atualmente Cabo Kennedy, na Flórida, Estados Unidos. O projeto do carro inovador começou no final dos anos 1970, com dois estudos: o 143, desenhado pela equipe de Pier Giorgio Tronville, do Centro Stile Fiat, e o 144, desenhado pela Italdesign de Giorgietto Giugiaro. O projeto 144 seria direcionado para a Lancia, marca de luxo do Grupo Fiat, mas acabou aprovado pela Fiat em dezembro de 1979. Em 1982 começava na Itália a produção em série, após quatro milhões de quilômetros rodados com protótipos.

Apresentação do Fiat Uno para a imprensa em Cabo Canaveral, na Flórida, EUA



O Uno foi lançado com conteúdos inovadores, como as maçanetas embutidas na versão três portas e o limpador de para-brisa com um único braço, mas de ampla área de varredura. Os bancos ficavam em uma posição elevada, o que aumentava a impressão de espaço. Este inclusive é até hoje um de seus pontos fortes. O interior era moderno e funcional.

Um ponto de destaque eram os satélites do painel, conjuntos de comandos próximos ao volante, e o cinzeiro corrediço e removível. Os instrumentos incluíam um sistema de verificação que apontava defeitos ou irregularidades em diversas funções. Na Europa eram oferecidos motores de 903, 1116 e 1301 cc, com potência de 45, 55 e 70cv, respectivamente. Era um veículo com um conceito simples e moderno, com motor transversal, tração dianteira e suspensão McPherson com mola helicoidal à frente. Na traseira era usado feixe de molas transversal, com rodas independentes. Foi eleito Carro do Ano na Europa no mesmo ano.

Uno-S, de 1984



O Uno foi lançado no Brasil em agosto de 1984. Veio para substituir o 147, então com oito anos de mercado. Mantinha as linhas do modelo italiano, mas com uma importante diferença: o capô envolvia parte dos para-lamas, o que permitia a acomodação do estepe no compartimento do motor, da mesma forma que no 147, de maneira a ampliar o porta-malas e evitar o incômodo de ter de descarregá-lo para o acesso ao pneu de reserva.

A fábrica também recebeu melhoramentos tecnológicos com o lançamento do Uno. Eram necessárias 470 operações de prensa para construir a carroceria do 147. No Uno o número de operações reduziu-se para 270, uma otimização expressiva que significava também menos soldas e, em consequência, maior resistência do conjunto.

Em três décadas, o Uno contou com várias opções de motorização:1.0 , 1.3, 1.4 turbo, 1.5 i.e e 1.6 m.p.i, mas ele ficou conhecido mesmo foi por seu apelo popular, com o motor ' mil ciclindradas'.

O Uno gerou uma grande família, com a versão sedã Prêmio e a perua Elba. Também virou furgão com o Fiorino e picape com a Fiorino LX, além da versão Uno Furgão. Esses veículos foram substituídos com o tempo com base em outro modelo da marca, o Palio, com exceção do Fiorino e Uno Furgão, que agora passam a ser baseados no Novo Uno.

Fiorino Furgão era a versão cargueira com maior capacidade que o Uno Furgão

Elba era a versão 'perua' do Uno

Prêmio era um sedã compacto baseado no Uno



Em outubro de 1985 chegava a versão esportivo SX, identificada externamente pelo para-choque dianteiro com spoiler incorporado e faróis de longo alcance, calotas integrais e molduras em preto fosco nos para-lamas. Por dentro trazia um painel completo, incluindo conta-giros e manômetro de óleo, e volante de quatro raios em vez de dois.

Em 1987 foi lançado o esportivo 1.5R, sucessor do SX. Era identificado pelas faixas laterais, rodas com calotas que lembravam discos de telefone, spoiler e o detalhe único da tampa traseira em preto fosco, qualquer que fosse a cor da carroceria. Por dentro, os cintos de segurança e uma faixa central dos bancos esportivos eram vermelhos. O motor era o mesmo 1500 a álcool do Prêmio, porém com comando de válvulas para um desempenho esportivo, taxa de compressão mais alta e carburador de corpo duplo, que elevavam a potência de 71,4cv para 86cv, com torque de 12,9mkgf. Com freios dianteiros a disco ventilado e pneus esportivos, a dirigibilidade do 1.5R, principalmente em estradas sinuosas, era um prazer, pois, além do ganho na potência, o carro era dotado de notável estabilidade.

O modelo 1988 do CSL ganhava melhorias no motor 1500 que o aproximavam ao do 1.5R, passando a 82cv e 12,8mkgf. A linha Uno 1989 chegava com novos acabamentos. As versões mais luxuosas ganhavam um painel mais tradicional e refinado. O Uno 1.5R ganhava novo grafismo nas laterais, amortecedores pressurizados e rodas de alumínio. A suspensão teve a geometria revista, para menor desgaste dos pneus. Os retrovisores ficaram mais amplos e os bancos dianteiros ganhavam rebatimento mais leve e prático na versão três portas.

Foi, porém, em agosto de 1990 que a Fiat lançaria um produto que revolucionaria o mercado de automóveis: o Uno Mille. Este modelo inaugurou um segmento que hoje representa cerca de 40% do mercado. Esta versão de 994,4 cc do conhecido motor foi lançada apenas 60 dias após a redução tributária efetuada pelo Governo Federal. Modelos de 800 a 1000 cc passavam a ter alíquota de 20% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), metade do praticado até então. O motor de 48cv e torque de 7,8mkgf tinha como pontos fortes a rapidez com que subia de giros e a suavidade de funcionamento, o que proporcionava a este veículo agilidade.

Uno Mille foi o primeiro 1.0 da montadora, em 1990



O Uno Mille podia acelerar de 0 até 100 km/h em 21s e atingir 135km/h. Com a chegada do Uno Mille, neste mesmo período, as versões com motorização e acabamento superiores receberam algumas mudanças estéticas: um novo frontal com faróis com nova grade de perfil baixo e o para-choque. As versões CS e 1.6R passavam a oferecer bagageiro no teto sendo que, neste último, teto solar com deslocamento externo e comando manual. No ano seguinte surgiu a série limitada Mille Brio, com carburador de corpo duplo e 54 cv de potência.

Em novembro de 1992, a Fiat lançou o Mille Electronic. Este modelo contava com ignição digital , que permitia alta taxa de compressão, e carburador de corpo duplo. Este modelo tinha potência de 56 cv e torque de 8,2mkgf. Segundo a Fiat, era o 1.0 mais rápido.

Mille Eletronic



O Uno Mille foi também o primeiro 1.0 a oferecer uma versão com cinco portas e ar-condicionado que era dotado de mecanismo automático que cortava a energia destinada ao compressor durante acelerações a fundo para facilitar retomadas e ultrapassagens. O Mille ELX trazia ainda um frontal novo, volante de quatro raios, novo quadro de instrumentos, pneus 165/70, ar-condicionado, vidros e travas elétricas. Esta versão também era oferecida em três ou cinco portas. Era uma versão popular de luxo.

Mille ELX era um popular de 'luxo', que tinha o ar condicionado como apelo de vendas



Ainda em 1994 a Fiat inovaria novamente com o lançamento do primeiro turbocompressor original de fábrica do Brasil: o Uno Turbo i.e. Esta versão era equipada com motor de 1372 cc produzido na Itália, utilizava resfriador de ar (intercooler), radiador de óleo e atingia potência de 118cv e torque máximo de 17,5mkgf, valores similares aos de um motor 2.0 de aspiração natural. A velocidade máxima era de 195 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em apenas 9,2 s. Os primeiros proprietários tiveram direito a um curso de pilotagem, iniciativa inovadora no mercado.

Primeiros compradores do Uno Turbo ganharam um curso de pilotagem



O modelo contava também com rodas de 14” e pneus 185/60, para-choques e minissaias esportivos, bancos envolventes, volante de três raios exclusivo e quadro de instrumentos completo, incluindo manômetros de óleo e de turbo e termômetro de óleo, o que realçava a esportividade do interior.

Plano de aposentadoria abortado

Em julho de 1995 a Fiat introduziu a injeção eletrônica no Mille. Desta forma a versão ELX passaria a ser denominado EP e o Eletronic passava a i.e. A potência chegava a 58cv, a maior do segmento. No fim daquele ano, a Fiat revelava imagens do Palio que chegaria em abril de 1996 com a missão de aposentar o Uno. A estimativa era que as versões 1.5 e 1.6 sairiam de linha ficando apenas o Mille como opção mais acessível, por pouco tempo.

Mille EP substituiu o ELX, no final de 1995



O mercado, no entanto, mantinha o desejo pelo Mille e em 1997 a linha era concentrada na versão SX, de acabamento intermediário entre as anteriores, que incluiu a série limitada Young, com painel de fundo claro e adesivos decorativos.

Mille Smart chegou em 2000 para ocupar o lugar deixado pela versão EX

Em 1998 a versão SX torna-se EX e em março de 2000 esta cedia lugar à versão Smart que trazia nova grade e volante de quatro raios. Em julho daquele ano o Uno recebia o motor Fire de 55cv.

Mille Fire foi lançado em 2001. Foto mostra linha de montagem do modelo, em Betim, em 2003



No inicio de 2004, o Uno sofreu sua mais significativa reestilização. A parte frontal foi totalmente remodelada com novos faróis, nova grade, novos para-choques (a traseira com placa incorporada), novo capô, nova tampa traseira e novas lanternas. Em 2005 chegava ao mercado o Uno Mille com tecnologia Flex e frontal com novas grades.

Em 2004, Mille ganha um grande facelift e sobrevida



Em 2006, a Fiat disponibiliza no mercado o kit Way, composto de amortecedores de curso mais longo, 4 centímetros a mais de altura livre em relação ao solo, molduras de para-lamas exclusivas, soleiras e caixas de roda pintadas em preto fosco.

Mille Way chega em 2006 na onda do estilo 'fora de estrada'

Em 2006, Mille passa a ser Flex



Em agosto de 2008, a Fiat lançou uma versão ainda mais econômica do Fiat Uno, denominada Mille Economy, com a mesma potência da versão anterior, porém com novas regulagens de motor, suspensão e novos pneus com baixa resistência ao rolamento, que o tornaram cerca de 10% mais econômico.

Versão Economy chegou em 2008 com a promessa de ser 10% mais econômico

Em maio de 2010, a Fiat lançou o Novo Uno, equipado com os motores Fire 1.0 Evo e o Fire 1.4 Evo, ambos flex, que incorporam modernas tecnologias para garantir economia de combustível e baixo nível de emissões. O premiado desenho do novo modelo nasceu de intenso diálogo entre os designers do Centro Estilo Fiat para América Latina e Centro Estilo Fiat da Itália e os consumidores. O primeiro passo era identificar como o Fiat Uno era visto pelo mercado.

Versão Way continuou em linha até o último instante de vida do Mille



Segundo a Fiat, a resposta foi: um ícone, um parâmetro de longevidade, um carro robusto, confiável e econômico – tanto na hora da compra quanto da manutenção e do consumo de combustível. Uma história de sucesso de formas quadradas, bem distante das linhas afiladas e arredondadas da maior parte dos modelos no mercado atualmente.

Novo Uno conviveu por mais de três anos com o Mille



Dentro desse universo, foram propostos vários conceitos. O vencedor foi o conceito “Round Square”, ou quadrado arredondado, que norteou todo o desenvolvimento do novo carro. E o que, exatamente, é um quadrado arredondado? Partindo do ícone Uno e suas formas quadradas, os designers cunharam o novo quadrado – pop e moderno. Ou seja, a releitura do quadrado. Uma evolução. O novo Uno, que conquistou seu espaço no mercado e conviveu, de 2010 até agora, com o Mille.