Mesmo com os estímulos do governo ao setor automotivo, o financiamento de veículos recuou 4,4% no ano passado e "contaminou" o crescimento dos empréstimos para as famílias. O corte do cordão umbilical com as montadoras, a alta dos juros básicos da economia, dos juros para aquisição da casa própria e o "saco de maldades" do Ministério da Fazenda tornaram difícil a expansão de 12% do mercado de crédito neste ano, como prevê o Banco Central.
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Consumidor deve comparar valor de financiamento da concessionária com outras revendas e bancosFinanciamento, consórcio ou poupança? Saiba a melhor forma de comprar um carro zeroProdução de veículos avança 13,7%, mas vendas não acompanham crescimentoCrise nas montadoras leva fabricantes de autopeças a cortar 19 mil empregosCrise na indústria automotiva gera medo de demissão nas montadoras de MinasDemissões são revogadas e trabalhadores da Volkswagen encerram greve Enquanto nova taxa Selic não vem, montadoras oferecem facilidades o financiamentoNovo IOF: entenda por que financiar carro ficou mais caro no BrasilOs bancos públicos continuaram a liderar a oferta de crédito no País, mas já não mostram o mesmo fôlego de antes. Da mesma forma, cresceram os recursos para o financiamento imobiliário das pessoas físicas, mas num ritmo mais lento. No caso dos empréstimos via BNDES, só não houve perda de força no ano passado porque os prazos são mais longos e a alta do dólar ajudou a manter o estoque ainda elevado em 2014. Para este ano, com o aumento das taxas cobradas pela instituição, o quadro certamente será outro.
O saldo de crédito total, que chegou a pouco mais de R$ 3 trilhões no fim de 2014, mostrou a menor alta (11,3%) em um ano desde 2003. Foi o quarto ano seguido de desaceleração.
"Essa moderação do crescimento dá sustentabilidade ao crédito", avaliou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. E lembrou que a fatia do crédito no PIB era de 25,9% há dez anos. O avanço da oferta de empréstimos, disse, ocorreu de forma simultânea ao crescimento da renda. "Tivemos aumento de salário, de emprego e de prazos nesse período. O crédito para investimento também ganhou relevância, principalmente para imóveis".
A expansão dos empréstimos direcionados, com algum tipo de subsídio, foi de 19,6% no ano passado - em 2013, fora de 24,5%. No crédito livre, a alta desacelerou de 7,8% para 4,7% no mesmo período. "Houve uma desaceleração significativa", disse Maciel.
Maciel ressaltou também que o quadro de inadimplência é "tranquilo" e contribui para um sistema financeiro "dinâmico e robusto". O calote permaneceu praticamente estável em 2014, ficando na casa de 4,8% - estava em 4,7% no encerramento de 2013 Já as taxas de juros subiram de 29% para 32,4% no período, o dobro da alta da Selic, que avançou 1,75 ponto porcentual.
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