UAI

Controle de estabilidade ainda está longe da maioria dos carros nacionais

Equipamento é uma evolução do sistema ABS de freios, que já é obrigatório no Brasil, mas não está presente na maioria dos veículos. Custo de recursos vinculados, porém, não parece ser o problema

Publicidade
SIGA NO google-news-logo
Controle de estabilidade ainda está longe da maioria dos carros nacionais
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Controlado por uma unidade de comando eletrônica (ECU) sistema evita a derrapagem e acidentes



Freios ABS, bem como airbags frontais, são obrigatórios nos carros nacionais desde 1º de janeiro do ano passado, proporcionando histórico avanço na segurança veicular. O próximo salto evolutivo do sistema, controlado por uma unidade de comando eletrônica (ECU) que evita a derrapagem e, em consequência, o acidente, porém, está longe da maioria dos modelos vendidos no Brasil. Aplicado pela indústria pela primeira vez em 1995, o controle de estabilidade, também conhecido pelas siglas ESP, do inglês electronic stability program; ESC, de electronic stability control; e VSA, de vehicle stability assist, é artigo raro entre as 10 principais marcas do mercado, conforme levantamento do caderno Vrum (veja infográfico). Embora a distribuição eletrônica de frenagem (EBD) tenha se tornado padrão em todos os carros com ABS, os sensores que trabalham em conjunto com o antitravamento só equipam dois nacionais – o novo Ford Ka e o New Fiesta –, sendo restrito quase sempre a modelos intermediários ou topo de linha.


Recente pesquisa do Insurance Institute for Highway Safety (IIHS) –, órgão de segurança de seguradoras nos Estados Unidos –, indica que o número de acidentes fatais com veículos individuais caiu 56% no país graças à aplicação do controle de estabilidade. Desempenho que tende a melhorar com a popularização desse equipamento, já presente em todos os carros fabricados na Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão – na América Latina, Argentina e Equador preparam a exigência do equipamento para 2018.



ESTABILIDADE Um carro equipado com ABS, a 80km/h, segundo testes da Bosch, precisa de 20% menos espaço para frear totalmente do que um sem o equipamento. “O ABS foi um primeiro passo. Num segundo passo, o controle de estabilidade tem sido extremamente importante na redução de acidentes. O equipamento é considerado por instituições como a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), órgão de segurança no trânsito do governo norte-americano, a maior invenção da segurança veicular depois do cinto de segurança”, pondera o chefe da Divisão de Chassis e Sistemas de Controle da Bosch, um dos principais fabricantes do setor, Alexandre Pagotto.


O ABS de última geração, da série 8.1, pesa em média 1,6kg – menos da metade (4kg) do que em 1978, quando surgiu. Graças à evolução ao longo dos anos, o sistema permite, além do controle de estabilidade, adicionar uma série de funções vinculadas à ECU. Elas vão do assistente de partida em rampas, que freia o carro sozinho por alguns segundos até que se acelere, ao monitoramento de pressão dos pneus, por meio da comparação do movimento das rodas.
“Esses sistemas são evoluções do ABS. O ESP engloba controle de estabilidade, de tração. Sem dúvida, eles se tornam mais baratos. Mas a aplicação no mercado depende do volume de produção”, analisa o executivo, ressaltando que a peça é parte do custo de produção. “Há também os custos de desenvolvimento e de adaptação a determinado veículo”, lembra.

 

Pagotto acredita, por outro lado, que a maioria dos carros nacionais já venha equipada com o controle de estabilidade num prazo de cinco anos. “No Brasil, ainda estamos um passo atrás dos EUA e da Europa, onde já existem funções para se frear o carro automaticamente a poucos metros de determinado objeto. Estão no refinamento da tecnologia”.
Para o supervisor de serviços da Ford, Reinaldo Nascimbeni, o fato de o ABS já ter chegado ao Brasil bem rodado e formatado tornou-o viável aos carros mais simples. Entretanto, Nascimbeni evita falar quanto custaria adicionar as novas tecnologias aos modelos nacionais. “Os primeiros freios ABS não tinham o aproveitamento técnico de hoje em dia. Atualmente, o sensor de rotação é a própria capa de rolamento de roda. Cai o preço, aumenta a confiabilidade do sistema. Não sei dizer quanto (os sistemas derivados) custariam no preço final do carro”, diz.

IMPORTÂNCIA Por outro lado, o engenheiro e conselheiro da SAE-Brasil (Sociedade Engenheiros da Mobilidade), Francisco Satkunas, acredita que o controle de estabilidade passe a ser mais exigido no Brasil pela importância. Agregado ao monitoramento da tração, o especialista afirma que o sistema não custaria mais do que US$ 300. “Se fosse para optar entre airbag e ABS, optaria pelo ABS por não ser destrutivo, permitindo desviar de um obstáculo sem causar a batida. O controle de estabilidade é algo que vai começar a ser exigido pela importância. É uma coisa tão barata, tão fácil, que se fosse colocado na maioria dos carros, pelo fato de todos já terem ABS, daria uma segurança adicional aos motoristas. As montadoras que forem inteligentes e que não pensarem só em preço, oferecendo vantagem de custo/benefício agregando valor, vão se beneficiar”, aponta.


Quando entrou em vigor, a obrigatoriedade do ABS e dos airbags elevou o preço dos carros populares de 4% a 8% em média – R$ 1 mil a R$ 1,5 mil, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea).

SAIBA OS EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA DE MODELOS VENDIDOS NO BRASIL:

Clique para ampliar!