Vrum

Dá conta, mas bebe

Equipado com motor 1.6 pela primeira vez, EcoSport peca pelo consumo elevado


Com a concorrência forte no segmento dos utilitários-esportivos compactos, a Ford passou a oferecer em sua gama uma versão automatizada mais barata na família EcoSport. Como o tradicional motor Sigma 1.6 oferece modestos 115cv de potência (com etanol), para viabilizar um casamento feliz entre esse conjunto mecânico a marca se valeu do 1.6 TiVCT, que equipa o Focus e o New Fiesta, ganhando 16cv (com etanol). Com isso, a Ford pôde oferecer o EcoSport 1.6 automatizado a partir de R$ 71.900 na versão SE. Existe até outra mais em conta, a SE Direct, vendida por R$ 68.690, mas voltada para vendas diretas (como frotistas e portadores de necessidades especiais).

Como o maior interesse é o comportamento desse conjunto mecânico, vamos direto ao assunto. Sempre que possível, o gerenciamento do câmbio automatizado procura por marchas em que o motor fique em rotações mais baixas. Mas quando você precisa de um pouco mais de força, como em uma subida ou ultrapassagem, ele logo reduz a marcha e o giro sobe bastante (e o motor urra!). E quanto mais você demanda do carro, ligando o ar-condicionado ou enchendo-o de pessoas, mais ele tende a se comportar assim.

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Isso afeta bastante o consumo do veículo. Se você for capaz de manter um ganho linear de força, situação possível com um trânsito fluido e um relevo plano, talvez consiga um consumo razoável.
Mas, como esse é um cenário raro até mesmo em cidades médias, prepare-se para encontros regulares com o frentista. Isso não é culpa do gerenciamento do câmbio, que a maior parte do tempo não vacila nas trocas. A sexta marcha até ajuda a não gastar muito combustível em velocidades elevadas. Mas é que falta força no motor para permitir rotações mais baixas na maior parte do tempo.

O câmbio PowerShift ainda tem um modo esportivo, que sobe mais os giros do motor e permite a troca manual sequencial de marchas, feita por meio de um botão localizado na alavanca, que é pouco prático. É preciso registrar que o câmbio PowerShift vem apresentando problemas frequentes de ruídos, trepidações e trocas prematuras dos kits de embreagens, além de superaquecimento, como o caderno Vrum publicou na edição do dia 12 de setembro. Terminando a análise mecânica, a suspensão do EcoSport mostra boa relação entre conforto e estabilidade, principalmente por se tratar de um veículo alto, com centro de gravidade elevado.

ACABAMENTO Testamos a versão 1.6 AT FreeStyle, que é a intermediária. Por dentro, o acabamento é simples, com bancos em tecido e o predomínio de plástico, o que é quebrado com o aplique parcial de tecido no forro das portas e couro no volante.
Com algumas peças desniveladas, a montagem deixa a desejar. Algumas peças plásticas ainda apresentam rebarbas. A tradicional posição elevada de dirigir, que proporciona boa visibilidade de quem está na frente, é complementada pela regulagem lombar e de altura, além de descansa-braço. Se o espaço no banco traseiro é limitado, os três ocupantes têm direito a apoios de cabeça e cintos de três pontos.

Já o vidro traseiro é pequeno, talvez por causa do estepe fixado na tampa do porta-malas, e, se não fosse pelas janelas vigias, a visibilidade seria um problema sério neste carro. Interessante ver como a posição do estepe muda a forma de lidar com o veículo. Muitos reclamam de ter seu carro amassado pelo pneu sobressalente dos aventureiros. De fato, ele torna o EcoSport 25 centímetros mais longo e o sensor de estacionamento traseiro devia ser item de série. Por estar mais exposto, o estepe fica mais propenso a ser furtado.
Para abrir totalmente a tampa do porta-malas é preciso ter um espaço de pelo menos 1,15 metro. Por outro lado, o estepe aparente preserva espaço no porta-malas, que não é dos maiores. Esse espaço pode ser ligeiramente ampliado ajustando-se o encosto do banco traseiro, que é regulável, para a frente.

VALE? Esta versão 1.6 AT FreeStyle custa exatos R$ 5 mil a mais do que a de entrada e oferece a mais apenas as rodas de liga leve de 16 polegadas, vidros elétricos tipo um toque, sensor traseiro de estacionamento e alarme. É muito dinheiro para pouco acréscimo. Talvez seja mais interessante optar pela versão SE, que já traz o básico que se espera de um carro dessa categoria e acrescenta controle de tração e estabilidade. Se a preocupação é segurança, a versão topo de linha com esse conjunto mecânico oferece ainda airbags laterais e de cortina, além de bancos revestidos em couro, mas custa R$ 80.300..