De La Verkin (EUA) - Nada melhor do que um belo cenário, com condições de piso e clima adversos, para testar toda a capacidade de um autêntico utilitário-esportivo. E essa foi a proposta da Land Rover no lançamento mundial da quinta geração do Discovery, modelo de tradição da marca inglesa, que chega ao mercado com visual “sensualizado” e linhas mais esportivas. Dirigimos duas versões do SUV, ambas com motor V6, gasolina e diesel, e câmbio automático de oito marchas, que desembarcarão no Brasil em meados do ano. Com muita eletrônica e um conjunto mecânico eficiente, o novo Discovery até rebola em condições severas, mas se saiu muito bem no asfalto com neve, nas pedras lisas, na areia fofa das dunas e em estrada com muita lama. Confira o teste.
Depois de um voo marcado por muita turbulência, causada pelo mau tempo desde a saída de Los Angeles, na Califórnia, aterrissamos tranquilamente na majestosa pista do pequeno aeroporto de La Verkin, no estado de Utah, na região das montanhas rochosas dos EUA. E lá já estavam à nossa espera algumas unidades do novo Land Rover Discovery, que passou por uma transformação radical. Começava ali a expedição que colocaria à prova a eficiência do utilitário-esportivo. A versão escolhida para iniciar o teste foi a equipada com o motor V6 3.0 litros a gasolina, de 340cv e 46kgfm de torque.
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Na prática, o novo Discovery perdeu completamente aquele estilo quadradão da primeira geração, lançada em 1989. Ele agora segue as linhas do Evoque e do Discovery Sport, com aspecto bem mais esportivo e aerodinâmico. A frente ganhou grade e faróis mais estreitos, mas a coluna C mais larga foi mantida, preservando a identidade do SUV. A traseira tem lanternas também estreitas e horizontalizadas, revelando um conjunto equilibrado. A carroceria monobloco tem 85% de alumínio, resultando em uma redução de 480 quilos em relação ao modelo anterior.
Na hora de colocar a bagagem no porta-malas, o utilitário-esportivo de sete lugares estava com a terceira fileira de bancos montada, restando uma boa área de 258 litros de capacidade. Com a terceira fileira recolhida, o volume do porta-malas chega a 1.231 litros.
E se o assunto é mordomia, o novo Discovery esbanja. Com suspensão a ar, o modelo tem um recurso que permite abaixar a carroceria em até 4cm para facilitar o embarque e o desembarque. Além disso, as suspensões podem ser ajustadas na altura de acordo com a necessidade. Do lado de dentro, o utilitário-esportivo impressiona. Com acabamento sofisticado e comandos ergonomicamente bem posicionados, o modelo conta com bancos confortáveis, ajustados eletricamente. Os da segunda e terceira fileiras têm comandos elétricos que podem ser acionados via smartphone ou pela central multimídia, sendo recolhidos em apenas 14 segundos.
Para os que curtem tecnologia e conectividade, o novo Discovery traz uma moderna central multimídia com tela tátil de 10 polegadas, bem mais rápida, com GPS, TV digital, e permite conexão com até oito dispositivos. São nove entradas USB distribuídas dentro da cabine, facilitando a vida do motorista e passageiros. Além disso, o SUV conta com ajustes elétricos de altura e distância do volante e o câmbio automático é um botão giratório no console, onde também está o All Terrain Response 2, sistema seletor que ajusta o carro para trafegar sobre asfalto, grama, neve, lama e pedras. Outros dois dispositivos (All-Terrains Progress Control e Low-range) controlam o carro em descidas íngremes e escorregadias, permitindo que o motorista se preocupe apenas com a direção. O SUV conta ainda com sistema que estaciona o carro e depois o tira da vaga sem a intervenção do motorista.
Depois de fazer o reconhecimento do Discovery e seus recursos, partimos em direção às montanhas avermelhadas do Zion National Park. Nas longas retas e subidas em curvas, o Discovery V6 a gasolina mostrou que tem reações rápidas, com rodar confortável. O motor responde prontamente, garantindo ultrapassagens seguras.
A expedição seguiu rumo a Kanab, cidade símbolo dos filmes de faroeste produzidos pela indústria cinematográfica de Hollywood. O cenário foi mudando e as dificuldades no trajeto aumentando. Antes de chegar a Amangiri, um resort incrustado em uma região repleta de montanhas de composição arenosa, próximo à cidade de Page, enfrentamos um trecho com pedras escorregadias, mas o Discovery não amarelou. Foi possível transpor as pedras, no modo automático, usando apenas o low-range, para suavizar os movimentos e garantir firmeza nas manobras. Com o carro de lado, uma roda no ar, nota-se a rigidez torcional da nova carroceria. E os bons ângulos de ataque e saída contribuem para a boa performance. Depois de mais de 300 quilômetros rodados, pausa para descanso.
No dia seguinte, trocamos o Discovery a gasolina por um V6 Turbodiesel 3.0 litros, que tem potência menor, 258cv, mas com descomunal torque de 61,2kgfm entre 1.750rpm e 2.250rpm. O comportamento desta versão é um pouco diferente, pois as respostas às acelerações não são tão rápidas, mas o motor logo vai despejando toda a força, dando a nítida impressão de que o Discovery pode ir a qualquer lugar.
O SUV com motor diesel rodou tranquilo na areia, mesmo não estando equipado com pneus apropriados para isso. Com o modo low acionado, seguimos transpondo dunas, enfrentando descidas íngremes, e o grandalhão de mais de duas toneladas ficou firme na trajetória. Depois da areia, dirigimos por um trecho razoável de pura lama, com facões e poças d'água gigantes. Ali foi preciso colocar o câmbio no modo manual e dosar a aceleração, pois do contrário era perigoso agarrar. Mas a eletrônica contribuiu e conseguimos voltar intactos a La Verkin.
O novo Discovery tem ainda sistema que detecta uma possível colisão frontal, alertando o motorista e deixando os freios preparados, e outro que percebe que está mudando de faixa involuntariamente, indicando distração ou sonolência do condutor. Em resumo, é um SUV de luxo, capaz de enfrentar trajetos complicados, mas que também roda macio e seguro no asfalto. A Land Rover ainda não divulgou os preços, mas o novo Discovery deve desembarcar no Brasil com preços a partir de R$ 350 mil nas versões S, SE, HSE, HSE Luxury e First Edition.
(*) Jornalista viajou a convite da Land Rover
FICHA TÉCNICA
DIESEL
MOTOR Dianteiro, longitudinal, V6, 24 válvulas, 2.993cm³ de cilindrada, turbodiesel, que desenvolve 258cv de potência a 3.750rpm e torque máximo de 61,2kgfm entre 1.750rpm e 2.250rpm
TRANSMISSÃO Tração permanente nas quatro rodas, com bloqueio do diferencial e Terrain Response 2, e câmbio automático de oito velocidades
DESEMPENHO Velocidade máxima de 209km/h e 0 a 100km/h em 8,1 segundos
PESO 2.230 QUILOS
GASOLINA
MOTOR Dianteiro, longitudinal, V6, 24 válvulas, 2.993cm³ de cilindrada, fasolina, que desenvolve 340cv de potência a 6.500rpm e torque máximo de 46kgfm entre 3.500rpm e 5.000rpm
TRANSMISSÃO Tração permanente nas quatro rodas, com bloqueio do diferencial e Terrain Response 2, e câmbio automático de oito velocidades
DESEMPENHO Velocidade máxima de 215km/h e 0 a 100km/h em 7,1 segundos
PESO 2.193 QUILOS