O presidente e CEO da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si, fez um balanço de como foi o ano para a marca em meio à crise imposta pela pandemia do novo coronavírus. Ele ressaltou que, apesar de todas as dificuldades, a VW conseguiu alcançar “bons números dentro da nova realidade”, com desempenho melhor do que o da indústria em geral. O executivo destacou o “sucesso imediato” do recém-lançado Nivus, com 100% das vendas on-line, falou sobre manutenção de empregos e o futuro dos novos projetos da marca, que podem ser adiados.
Pablo Di Si mostrou os números da VW no primeiro semestre, e pontuou que, enquanto a indústria automotiva nacional registrou uma queda de 39% nos licenciamentos de veículos no período em relação aos seis primeiros meses de 2019, a VW teve uma queda um pouco menor, de 34%. Em termos de produção, a indústria registrou queda de 51%, contra 49% da VW. Mas nas exportações a queda da VW superou a indústria, com 48% contra 47%, respectivamente. No primeiro semestre de 2019, a VW teve 185.910 veículos licenciados, contra 122.926 em igual período deste ano, que aponta a queda de 34%.
As diferenças não são tão significativas, mas em um cenário de crise aguda, qualquer número “menos negativo” é visto como positivo e comemorado. O presidente da montadora disse que a Volkswagen traçou um plano de retorno à produção, respeitando todos os protocolos de segurança e proteção contra o coronavírus. Atualmente, a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) trabalha em dois turnos, enquanto a planta de Taubaté (SP) opera em um turno, e São José dos Pinhais (PR) e São Carlos (SP) em dois turnos parciais.
A marca comemora os bons números de vendas do SUV compacto T-Cross, que foi o terceiro mais vendido no ranking geral em junho.
Questionado sobre a atual situação do mercado de automóveis no Brasil e no mundo, Pablo Di Si reconhece as dificuldades, mas se diz confiante na recuperação da VW, visão que é apoiada na linha de produtos da marca. “O Nivus será um sucesso de vendas pelo pacote de conteúdo que oferece, por ser um compacto moderno e seguro. Sabemos que se trata de um ótimo produto, mas, mesmo assim, ficamos surpresos com o volume de vendas do modelo pelo sistema on-line”, afirmou o CEO da VW.
EMPRÉSTIMO Ele revelou que participou de algumas reuniões com o governo federal para pedir empréstimo para os fornecedores, que passam por situação ainda mais difícil do que as montadoras. De acordo com Di Si, alguns já decretaram falência. “Estive com o ministro Paulo Guedes, mas não pedi nem um centavo para a Volkswagen. Precisamos ajudar os fornecedores, mas até agora não conseguimos nada com o governo”, lamentou o executivo.
O executivo vê muitas incertezas ainda para 2021 e 2022, e acha que será preciso esperar para ver como o consumidor vai reagir depois da pandemia. Ele revela que os planos de investimentos futuros estão sendo revistos e sofrerão cortes, com impactos em médio e longo prazos. Pablo considera um privilégio em plena pandemia a fábrica de São Bernardo trabalhar em dois turnos, mantendo empregos e gerando novos postos de trabalho. “Vamos fazer de tudo para manter essa estrutura, mas precisamos da flexibilização para nos adequarmos à nova realidade”, disse Di Si. “A MP 936 – que autoriza a suspensão de contratos e a redução de salários – foi positiva, mas ficou de fora a desoneração da folha de pagamento”, lamentou.
MUNDO DIGITAL Pablo Di Si disse que a pandemia acelerou o modelo digital no setor automotivo.
Para o CEO da VW, os eventos do setor automotivo já mudaram para sempre. “Os salões do automóvel nunca mais terão o mesmo formato. Tudo será mais digital, ficando as apresentações presenciais para os jornalistas especializados. Pablo revelou que o projeto de eletrificação da linha VW até 2025 também foi afetado pela pandemia e será adiado. “Mas reafirmamos nosso compromisso com o meio ambiente em neutralizar a emissão de CO² em 20 anos” afirmou o CEO.
Questionado sobre uma possível mudança no perfil do consumidor durante e depois da pandemia, com queda de poder aquisitivo e perda de emprego, Pablo reconheceu que haverá mudanças. Ele concorda que haverá uma procura maior por carros compactos mais econômicos, com preços mais baixos. Mas a VW está apostando todas as suas fichas em “SUVs” com preços a partir de R$ 85 mil, e sua linha de modelos de entrada – Gol, Saveiro e Fox – está ultrapassada e pedindo substituição.
O executivo confirmou que foram registrados casos da COVID-19 nas fábricas da Volkswagen, mas garantiu que a situação está sob controle graças aos rígidos protocolos de segurança implantados nas unidades. “Nosso desejo é de que se encontre uma solução voltada para a sociedade. O foco inicial tem que ser primeiro na saúde física e mental das pessoas, e depois na saúde econômica”, concluiu o CEO.