A situação da Nissan no Brasil não é das mais confortáveis. A marca teve uma participação de 3,61% no mercado brasileiro em 2019, somando os segmentos de automóveis e comerciais leves, ficando na 10ª posição no ranking geral. Para tentar melhorar sua participação, a marca anuncia algumas ações, como o lançamento do novo Versa, previsto para novembro. Além disso, a montadora pretende utilizar a capacidade total de sua fábrica, em Resende (RJ), de forma compartilhada com a Renault e Mitsubishi, até 2024.
Nos seis primeiros meses de 2020, a Nissan registrou 3,77% de participação na soma dos segmentos de automóveis e comerciais leves. O SUV compacto Kicks é o modelo mais vendido da marca, seguido pelo sedã Versa e a picape Frontier. Já o hatch compacto Nissan March vê suas vendas caírem significativamente, e sua nova geração não deverá chegar ao Brasil. Em 2019, foram vendidas apenas 6.897 unidades do modelo, e nos seis primeiros meses deste ano foram registrados 1.940 emplacamentos.
O presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva, revelou recentemente que as novas exigências de segurança e emissões previstas para entrar em vigor até 2022 vão dificultar a permanência do March no mercado brasileiro. Para ele, tais exigências tornam o segmento B de hatchbacks muito caro e pouco atrativo para algumas montadoras. Com isso, ele praticamente descartou a possibilidade da vinda da nova geração do March para o Brasil, revelando que a marca tem outros planos para impulsionar sua participação no país.
SEDÃ Apesar do forte impacto ocorrido no setor em decorrência da pandemia da COVID-19, Marco Silva enxerga uma oportunidade de crescimento para a Nissan no mercado brasileiro. E esse otimismo está relacionado ao lançamento do novo Versa, previsto para o último trimestre deste ano, mais especificamente em novembro. “Trata-se de um produto competitivo, atrativo e com muita tecnologia, que certamente vai conquistar os consumidores”, afirmou o executivo.
O novo Versa 2021 chegará importado do México e terá uma única opção de motorização, o 1.6 aspirado, com potência máxima de 114cv, associado ao câmbio manual ou automático do tipo CVT. Com ele, a Nissan espera conquistar parte dos consumidores do March que buscam mais espaço ou um carro que sirva para o trabalho e o lazer da família. O problema é que o novo Versa poderá tirar clientes do Sentra, já que virá com um pacote de equipamentos melhor. Vale lembrar que a atual geração do Versa passa a se chamar V-Drive e será vendida como modelo de entrada da marca, com motores 1.0 e 1.6, também com câmbios manual e CVT.
SUV COMPACTO Em relação ao novo Nissan Kicks, Marco Silva revelou que o lançamento do modelo sofreu alteração devido à pandemia, mas o SUV compacto está confirmado para 2021, chegando como linha 2022. O modelo chegará com alterações de estilo, com faróis mais estreitos full LED, grade em V mais ampla e para-choques redesenhados. Fora isso, o novo Kicks ganhará rodas com desenho diferenciado e lanternas traseiras também em LED. O motor será o mesmo 1.6 aspirado com potência máxima de 114cv e câmbios manual ou CVT.
PARCERIA Para o presidente da Nissan no Brasil, 2021 ainda será um ano complicado para a indústria automotiva. Ele revelou que a fábrica de Resende ficou parada por três meses e foi preciso buscar recursos para manter a operação. A produção foi retomada em 24 de junho e continua operando apenas em um turno. “Temos capacidade para produzir 165 mil carros por ano e podemos ir a 210 mil unidades, mas com a demanda reprimida fica difícil”, afirma Silva. Porém, ele informa que existe um plano de utilização total da capacidade da fábrica até 2024, com projetos desenvolvidos em parceria com a Renault e a Mitsubishi.
REDE A marca pretende fazer investimentos no Brasil nos próximos três anos, mas Marco Silva revelou que o objetivo não é crescer a rede de concessionárias e, sim, fortalecer os grupos existentes. Ele anunciou a abertura de uma nova concessionária Nissan em Contagem. Atualmente, Minas Gerais tem 16 concessionárias Nissan em 13 cidades. Em Belo Horizonte, a marca tem cerca de 2,8% de participação, mas a ideia é aumentar para cerca de 6%.
RETOMADA Mas para que haja uma retomada consistente no pós-pandemia, Marco Silva acredita que é preciso ter foco em dois setores fundamentais da economia: o agronegócio e serviços. “É necessário estabelecer um plano de retomada sustentável, de médio e longo prazo. E a reforma tributária também será fundamental no processo de retomada da economia no país”, concluiu o executivo.