A escassez de alguns componentes ligados à fabricação de veículos já se arrasta desde meados de 2020, um reflexo da pandemia da COVID-19 em todo o mundo. A partir da próxima segunda-feira (19) é a vez da fábrica da Fiat em Betim interromper o segundo turno de produção devido a falta de insumos, levando 1.900 funcionários a entrarem de férias pelo período inicial de 10 dias. A marca não divulgou o volume de veículos que deixará de ser produzido e nem os modelos mais impactados nesta paralisação. Em março, a Fiat também precisou interromper a produção pelo mesmo motivo.
A situação mais grave é da Chevrolet, que paralisou a produção na planta de Gravataí (RS) nos meses de abril e maio, com efeitos ainda em junho, devido ao impacto do coronavírus na cadeia de suprimentos. Lembrando que é nesta fábrica que o Chevrolet Onix é produzido, nada menos que o modelo mais vendido do Brasil nos últimos seis anos, com um volume de vendas alucinante. A Honda é outro fabricante que já precisou parar a linha de montagem pro falta de peças.
A Volkswagen, segundo maior fabricante em volume do Brasil, atrás da Chevrolet, garante que nunca parou sua produção devido à falta de componentes. De acordo com a marca, a área de Compras vem desenvolvendo um trabalho bastante complexo junto aos fornecedores e a matriz para que não falte peças. Ainda assim, o abastecimento é classificado como “um desafio constante” e não existe certeza de que não faltarão insumos.
O alerta de desabastecimento no setor vem sendo feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) desde 2020.
Moraes destaca que, neste cenário, os fabricantes nacionais tiveram que se desdobrar para produzir quase 600 mil veículos no primeiro trimestre de 2021. O esforço para conseguir os componentes envolvem inicialmente os setores de logística e de compras, mas as consequências impactam até na frequente mudança (semanal ou até diária) do mix de produção de cada fabricante, conforme a disponibilidade de peças.
SEMICONDUTORES O desabastecimento mais grave hoje diz respeito aos semicondutores, que são usados em componentes eletrônicos. Até mesmo o veículo mais simples do mercado nacional depende de várias centrais eletrônicas, que fazem a gestão de tudo. Ou seja, em um veículo atual, a mecânica não é nada sem a eletrônica. E a disputa pelos semicondutores está acirrada em nível mundial, e não apena pelo setor de veículos, já que a indústria de eletrônicos (TVs, games, smartphones...) está sob forte demanda. Na análise da Anfavea, a normalização da oferta deste componente em curto prazo é improvável.
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