Chegando no cruzamento das Rua Craveiro Lopes e Padre Pedro Evangelista, no Bairro Coração Eucarístico, região Noroeste de Belo Horizonte, ela perdeu o controle do veículo que acelerava continuamente; bateu na traseira do VW Gol do vendedor Leonardo Henrique Werneck, que estava parado no sinal e precisou manobrar rapidamente para não atingir pedestres que atravessavam a esquina.
"O galão de nitro estava totalmente solto. Escorregou, travou e prendeu o acelerador. Mas, na hora, não deu para ver que era isso", afirma Rosa, que reclama do trabalho feito pela loja Fera Mansa, contratada para a transformação do carro. O responsável pelo serviço, Wagner Nogueira Vaz de Mello Júnior, entretanto, garante que o galão estava preso e não poderia escorregar. Com relação ao fato do carro não ter passado na vistoria, ele contra-ataca: "Quando ela me contratou, pediu para fazer um carro de exposição, um veículo para competir nos campeonatos de tuning e vencer. Esse é um tipo de automóvel que realmente não pode trafegar na rua. Depois, não sei por que, ela resolveu regularizar o carro para andar e aí não passou na vistoria, mas realmente não teria como passar".
Vistoria
O engenheiro mecânico e responsável técnico da Seiv, Antônio Eustáquio Lapa, afirma que o carro foi reprovado devido a uma série de não-conformidades. Uma das mais graves foi a retirada do bocal de abastecimento da lateral do carro. Pela adaptação, um cano passa por todo o interior do veículo, indo até o compartimento do porta-malas por onde o carro é abastecido. As maçanetas também deixaram de existir, ficando a abertura das portas, que passaram a ser no formato "asas de gaivota", por causa de interruptores internos ou controle remoto. O carro foi rebaixado, teve a suspensão alterada e as rodas instaladas ultrapassaram o diâmetro original. Com relação ao galão de nitro, porém, a dúvida permanece, pois, conforme o técnico responsável pela vistoria do carro de Rosa, Igor Antônio Alves Parreiras, no momento na inspeção, o galão ainda não havia sido colocado: "estava só o buraco no painel". "Devido às várias irregularidades, o carro não poderia ser aprovado para circular. Sugeri que regularizassem como carro de competição, mas não quiseram", afirma Lapa. Para ser incluído na categoria competição, o carro pode teoricamente ter qualquer alteração, desde que atenda aos requisitos básicos de segurança. O documento passa a ter o registro carro de competição e o automóvel não pode mais circular pelas ruas, tendo que ser levado de carreta para os locais de exposição ou competição. A saída seria voltar a forma de abastecimento ao normal, por questão de segurança.
Cuidados
Lapa alerta para os riscos a que estão sujeitos motoristas que aderem à moda tuning: "Gastam muito dinheiro e, quando chegam aqui, o carro não é aprovado". Entre as alterações mais comuns, pouquíssimas passam na inspeção: pintura, saias laterais, rodas desde que mantenham o diâmetro das originais, bancos em formato de concha e com cintos de segurança de quatro pontos, potência (turbo). Não se pode mexer, por exemplo, em chassi e suspensão, e o veículo deve permanecer com altura original do solo. "É comum colocarem vários objetos pontiagudos no painel, o que também não pode", continua Lapa. O engenheiro aconselha os interessados em transformar um carro a primeiro procurar saber o que realmente pode ser feito para não se arrependerem depois.
Para qualquer transformação, é preciso, primeiro, obter autorização do Detran. Atualmente, elas são regidas pela Resolução 25 do Conselho Nacional de Trânsito, mas no fim de fevereiro entrará em vigor a Resolução 201, com regras mais rigorosas. Ambas estão no site www.denatran.gov.br.