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Fim da proibição de compra de carros novos em Cuba - espanando a ferrugem

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação


Charutos, rum, cha-cha-cha... e carros enferrujados. Poderia parecer uma combinação esquisita em qualquer outro país, mas são alguns dos elementos que se fundem em Cuba. Só que uma das tradições está ameaçada: a dos carros pré-revolução. E não é a ferrugem que os ameaça desta vez, e sim a liberação das vendas de automóveis no país, promulgada em 28 de setembro. O embargo vai cair de vez em 2012, como uma das partes da renovação prometida pelo irmão de Fidel, Raul Castro. Agora, qualquer cubano e residentes estrangeiros podem fazer o que quiserem com os seus carros sem autorização prévia, algo simples, mas que era proibido há 50 anos. Os calhambeques começaram a trocar de mão e decidimos falar mais sobre a fauna que roda pelas ruas da ilha caribenha.

 

Confira mais fotos de carros em Cuba!

 

SE VENDE As reformas foram também pedidas pela população. Antes mesmo do fim formal do embargo, em 14 de setembro, esse Dodge Coronet 1958 já desfilava com a nada discreta inscrição Se vende diante do bulevar El Malecon, em Havana. Não que isso fosse proibido, mas exigia uma difícil autorização prévia antes de anunciar o seu possante. E não foram só os carros, não: a população também vai poder vender suas casas livremente. Outra mudança foi a expansão do setor privado reconhecido pelo Estado, antes restrito a 143 mil profissionais, incluindo um sem-número de mecânicos que trabalham em oficinas precárias ou até mesmo na rua.



DE ONDE
A história com os carros americanos não é uma questão de gosto. Após a revolução de 1959 e os seus desdobramentos, os Estados Unidos impuseram um embargo, que vem desde 1962. Daí o fato de a frota não ter sido renovada. A maioria dos antigos é americana, mas tem
carro de toda parte, como esse Messerschmitt KR200 de 1957, verdadeiro scooter cabinado feito entre 1955 e 1964, flagrado em Havana. O triciclo foi importado na ocasião e, como outros antigos, sobrevive em bom número: 36 unidades. Para se ter uma ideia, no gigantesco mercado americano sobraram apenas 16, e na Alemanha cerca de 100.



SOVIÉTICOS
É claro que os cubanos recorreram à União Soviética, nova aliada, e desse relacionamento vieram alguns automóveis junto, todos oriundos do bloco. É o caso desse Moskovitch 2138, que ganhou todo o jeito de carro europeu preparado dos anos 1960, com direito a capô e tampa do porta-malas em preto fosco e rodas de liga leve.



ABASTADOS
E quanto aos oficiais e outras autoridades? Bem, esses andam em coisa melhor, como mostra esse oficial parado junto a um dos carros designados do antigo palácio presidencial, agora Museu da Revolução. Como em outros países, o alto escalão de Cuba não dispensa os Mercedes-Benz, como bem prova o Classe E da foto.



CHINESES
Mas a queda do muro veio e Cuba ficou sem ter de onde trazer seus carros. As importações limitadas até deixavam uma ou outra brecha, para esportistas, autoridades e estrangeiros. É o que ajuda a explicar esse Moskvitch desconsoladamente parado ao lado de um reluzente BMW Série 5 na capital. Contudo, as exceções ainda são raras. De 2009 para cá, com o fortalecimento da relação entre Cuba e China, alguns modelos chineses começaram a ser usados como táxis, carros de aluguel ou veículos oficiais. É o caso desse Geely CK da Polícia Revolucionária Nacional, com a câmera 360 graus no teto.



HÁBITOS A abertura em Cuba já dá espaço não apenas a carros novos, como também a outros hábitos culturais. Foi o que provou o casamento, em 13 de agosto, do ativista dos direitos gays Ignacio Estrada e o transexual Wendy Iriepa, que não apenas uniram-se como também desfilaram com todo orgulho sobre um Ford Fairlane conversível. Com direito a bandeira do arco-íris e tudo.