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Ônibus clássico Flecha Azul é reformado para viagens pelo Brasil

Viação Cometa ressuscita coletivo para comemorar 65 anos. Miniaturas do veículo serão sorteadas entre os passageiros. Viagem inaugural será neste sábado, rumo a Belo Horizonte

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Pintura dos 70 está de volta para viagens no Sudeste e Sul do país


Um  grupo de passageiros que desembarcou na tarde deste sábado na Rodoviária de Belo Horizonte  teve a sensação de ter feito uma viagem de volta aos anos 70 no trecho entre São Paulo e a capital mineira. Funcionários do terminal e outros motoristas também tiveram uma surpresa ao ver um clássico ônibus Flecha Azul, com pintura de época e condutor de quepe, manobrar nas plataformas do local.

Clique e veja fotos do Flecha Azul!

Trata-se de um legítimo CMA prefixo 7455, que foi totalmente reformado e  vai fazer viagens comerciais pelo Sudeste e Sul do Brasil para comemorar os 65 anos da Viação Cometa. Além de Belo Horizonte, que recebeu a viagem inaugural,  o coletivo percorrerá em Minas trajetos para  Juiz de Fora, Caxambu e Poços de Caldas. Serão 65 derradeiras viagens passando por outros destinos como Rio de Janeiro, Curitiba e cidades do interior paulista. O valor das viagens é o mesmo cobrado nos ônibus da frota em atividade. As passagens podem ser compradas no hotsite da Cometa.

O Flecha Azul é modelo 1976, mas ano 1999, sendo a última unidade produzida pela Companhia Manufatureira Auxiliar (CMA), fábrica criada pela Cometa para produzir os próprios veículos. Os antigos ônibus CMA Flecha Azul foram aposentados em 2008. Todo o projeto para ressuscitar o coletivo levou  um ano, sendo três meses destinados à reforma completa, feita na garagem da própria empresa.

Ônibus ganhou ar-condicionado e bancos em couro sintético vermelho



Ao final de cada viagem, uma miniatura do ônibus será sorteada entre os passageiros. Motorista e cobrador foram treinados para tirar dúvidas dos viajantes e usam uniforme retrô, que inclui até óculos Ray-Ban. Um concurso cultural vai premiar ainda outros admiradores com uma passagem e um almoço. Basta contar uma história envolvendo o ônibus na fanpage da empresa. Cerca de 50 já foram enviadas. As melhores ganham o prêmio.

“Mais simbólico que fazer uma festa ou evento é restaurar um ônibus que marcou a história da empresa. É uma oportunidade de convidar nossos clientes e entusiastas a comemorar conosco, viajando nesse ônibus”, afirma Anuar Helayel, diretor-executivo da Viação Cometa. Antes de pegar estrada, o veículo foi exposto no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo.

Câmbio manual de seis velocidades e direção hidráulica



O ônibus recebeu melhorias para as 65 viagens:  ar-condicionado e teve as janelas coladas. O interior e cabine do motorista foram totalmente reconstruídos e os bancos dos passageiros receberam couro sintético vermelho.  O painel de instrumentos também foi recuperado.

A lataria recebeu a pintura clássica da Cometa dos anos 70, com faixas azul e amarela e parte inferior com o alumínio exposto.  No topo do coletivo, a logo antiga da empresa, bem como o conforto oferecido na época, “Suspensão a ar”.  Na traseira, o histórico desenho do cometa Halley, iluminado por lâmpadas de LED. “Diferente do original, a pintura do modelo é metálica e ainda recebeu um polimento especial que deixou o alumínio com efeito de cromado”, explica Anuar. O valor do investimento não foi revelado.

Motor Scania tem seis cilindros em série e 360 cv de potência



Motor, suspensão e caixa de marchas também foram reformados. O propulsor ganhou acabamento cromado, mas manteve as configurações originais da última série dos CMA. “O trabalho foi quase todo feito na nossa oficina; apenas o estofamento e polimento ficou a cargo de uma empresa especializada. Queríamos fazer algo que realmente marcasse. Quem viajar se sentirá num ônibus zero quilômetro, mas com ambiente e atendimento de época”, ressalta o executivo.

Estilo Americano

O Flecha Azul possui chassi Scania K-113 CLB 360 e motor DSC133b01. Trata-se de um seis cilindros em linha com potência de 360 cavalos e injeção direta de diesel, capaz de chegar até os 125 km/h. O consumo é de aproximadamente 3 km/l, mas com autonomia de até 1200 km, graças ao tanque com capacidade para 470 litros de combustível.

Restauração do ônibus durou três meses. Veículo ganhou ar-condicionado



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O ônibus tem câmbio manual G777, de seis marchas e direção hidráulica. O para-choque é de fibra de vidro O comprimento é de 13,2 metros por 3,62 de altura. O peso do Flecha Azul é 11 toneladas.

A lataria do veículo é em duralumínio, uma solução para deixá-lo mais leve, poupando motor e freios, mas mantendo a resistência. O Flecha Azul segue o design dos ônibus americanos dos anos 60 e 70, com a depressão entre a cabine do motorista e a fila de bancos de passageiros. O estilo marcou época e caiu na memória afetiva dos amantes dos ônibus



Após as viagens, o último Flecha Azul será aposentado e passará para o acervo da empresa. “Estamos muito certos do sucesso da campanha, pois recebemos muitos elogios nas redes sociais e em grupos de busólogos. Na apresentação que fizemos no Terminal do Tietê, em São Paulo, distribuímos mais de dez mil panfletos e o ônibus foi fotografado por muita gente”, comemora Anuar.

A Cometa surgiu em 1948 em São Paulo. Nos anos 50 e 60 ficou conhecida por utilizar ônibus americanos da General Motors. Com as dificuldades de importação  na década de 70, optou por construir os próprios ônibus, mantendo o mesmo estilo. Mais de dois mil Flecha Azul foram fabricados. Em 2002 a empresa foi vendida para o Grupo JCA, que controla outras empresas de transporte na região Sudeste.

Motoristas do Flecha Azul vão usar uniformes retrô, com o tradicional quepe



Desenho antigo do Cometa Halley ficou na memória



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