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GM traz do México o novo Chevrolet Tracker LTZ em versão com motor 1.8 e câmbio automático

De olho no sucesso de EcoSport e Duster, montadora entrou na dança do utilitário-esportivo

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GM traz do México o novo Chevrolet Tracker LTZ em versão com motor 1.8 e câmbio automático
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

A Ford foi a primeira a enxergar o grande potencial dos utilitários-esportivos compactos no mercado brasileiro, ao lançar, em 2003, a primeira geração do EcoSport. O sucesso atraiu a Renault, que foi buscar na subsidiária romena Dacia um representante que pudesse abocanhar também uma boa fatia desse apetitoso “bolo”. E, mesmo sem linhas empolgantes, o Duster conquistou seu lugar ao sol e continua firme no segmento. A competição ficou acirrada e o modelo da Ford teve que se renovar (a marca criou uma nova geração do jipinho) para se manter no topo. Agora, a disputa vai esquentar ainda mais com o Chevrolet Tracker, que desembarca com um único pacote de equipamentos (na versão LTZ, que é completa em conforto e segurança), motor 1.8 e câmbio automático de seis velocidades.

FEZ A FAMA… Ninguém nega que o Tracker – na verdade um Suzuki Grand Vitara com gravatinha –, que parou de ser vendido aqui em 2010, deixou uma boa impressão no mercado brasileiro. Tratava-se de um modelo com boa disposição tanto para o fora de estrada (tração 4x4) como para o asfalto (bom acerto de suspensão) e que tinha uma boa relação custo-benefício, já que era importado da Argentina (via Mercosul). E isso acabou aparecendo nas pesquisas que a GM fez para escolher o nome do utilitário-esportivo, que é vendido no México como Trax. Como o nome Tracker gozava de boa fama e continuava fresco na memória dos consumidores, acabou sendo o escolhido. Apesar de as carrocerias serem diferentes.


IDENTIDADE O novo utilitário-esportivo tem a frente bem focinhuda, que lembra a do monovolume Spin e segue a filosofia atual de design da GM, com a grade dividida ao meio por uma barra que abriga o símbolo da gravatinha. Os grandes faróis têm duplo refletor e invadem o capô e os para-lamas, enquanto os de neblina estão envoltos por uma moldura cromada. De perfil, destacam-se as proteções plásticas nos para-lamas e nas partes de baixo das portas, a linha de cintura alta e as rodas de liga leve com desenho esportivo. Os acabamentos plásticos imitando cromado presente nas maçanetas, na base dos vidros e nas barras longitudinais do teto dão uma pitada de elegância. A traseira apresenta linhas mais recortadas, as lanternas têm lentes vermelhas e a parte de baixo do para-choque exibe dois refletores. Verdade seja dita: o Tracker transmite muito mais a impressão de um crossover do que de um utilitário-esportivo. E não é apenas pela falta do estepe na tampa traseira, é pelo conjunto mesmo.

Com jeitão de crossover, ele não tem o estepe pendurado na tampa traseira, como o EcoSport

POR DENTRO Se a primeira impressão é a que fica, então o Tracker está bem na fita, pois o acabamento interno passa a sensação do uso de material de boa qualidade. A unidade avaliada misturava as cores cinza e preta, presentes no revestimento em couro dos bancos, no painel e nos painéis de porta. O painel de instrumentos, assim como outros modelos da marca (Cobalt, Sonic, entre outros), tem conta-giros analógico e velocímetro e marcador do nível de combustível digitais. Mas falta indicador de temperatura do motor. Volante de três raios tem boa pega e abriga os comandos do controle automático de velocidade, com computador de bordo, do Bluetooth e do sistema de áudio. Destaque para o sistema multimídia MyLink, que possibilita ver vídeos e fotos, ouvir músicas, falar ao telefone etc. Detalhes interessantes: gaveta sob o banco dianteiro (bom para esconder objetos dos amigos do alheio) e botão de travamento/destravamento do apoio de braço da porta do passageiro da frente.

Falta apoio de cabeça para quem senta no meio do banco traseiro

O Tracker não trata os ocupantes do banco traseiro tão bem quanto cuida dos que sentam na frente. Falta espaço para as pernas e quem fica no meio é incomodado pelo apoio de braço embutido no encosto e não conta com a proteção do apoio de cabeça (embora tenha cinto de três pontos), que pode evitar o efeito chicote e lesões sérias na coluna cervical. O porta-malas tem capacidade (306 litros) inferior à dos principais concorrentes (EcoSport e Duster) e não tem rede para prender pequenos objetos. Por outro lado, há vários ganchos para fixação da carga e o banco traseiro rebate em 1/3 e 2/3, o que pode aumentar o espaço, dependendo da quantidade de passageiros no banco de trás.

RODANDO O motor 1.8 Eco tem bom fôlego e casa bem com o câmbio automático de seis velocidades, mas as respostas aos comandos do acelerador são um pouco lentas em algumas situações, falta a opção da tecla S para mudanças mais esportivas e a troca manual (feita por tecla no pomo da alavanca de marchas) não é muito prática. Rodando com etanol, três adultos e ar ligado por uma estrada de mão dupla e pouco tráfego, o computador de bordo registrou 8,3km/l. Na mesma condição, na cidade, a marca foi de 5,7km. Com gasolina, dois adultos e ar ligado no trânsito urbano, o consumo foi de 9,4km/l. Números que ficam um pouco abaixo da concorrência, mas dentro do razoável. A suspensão equilibra bem conforto e estabilidade, mas incomoda um pouco quando se roda por pisos irregulares.É imperdoável a falta de controles de tração e estabilidade num carro desse preço.

Porta-malas é menor que o dos concorrentes

FICHA TÉCNICA
» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.796cm³ de cilindrada, 16 válvulas, que desenvolve potências de 140cv (gasolina) e de 144cv (etanol) e torques de 17,8kgfm (gasolina) e de 18,9kgfm (etanol)

» TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio automático de seis velocidades

» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira, semi-independente, com eixo de torção / 7 x 18 polegadas, em liga leve / 215/55 R18

» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

» FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS

» CAPACIDADES
Do tanque, 53 litros; e de carga útil (passageiros e bagagem), 420 quilos

Teto solar elétrico é um item de curtição no Tracker

EQUIPAMENTOS
» DE SÉRIE
Alarme antifurto com acionamento e travamento das portas por controle remoto, airbags frontais, faróis e luzes de neblina, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, freios ABS, sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis, ar-condicionado, coluna de direção com regulagem de altura e distância, computador de bordo, controle automático de velocidade, direção hidráulica, revestimento dos bancos em couro sintético e sistema multimídia My Link, com tela LCD do tipo touchscreen e de sete polegadas.

» OPCIONAL
Teto solar com acionamento elétrico, airbags laterais e revestimento dos bancos em couro do tipo Medium Titanium.

No painel, destaque para a tela do tipo touchscreen do sistema My Link


QUANTO CUSTA
O Tracker é vendido apenas na versão LTZ, que tem preço sugerido
de R$ 72.190. Com todos os opcionais, sobe para R$ 75.690.

NOTAS (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 7
Porta-malas 7
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 8
Segurança 8
Estilo 9
Consumo 7
Tecnologia 8
Acabamento 8
Custo-benefício 7

De perfil, chama a atenção a linha de cintura alta



AVALIAÇÃO TÉCNICA
ACABAMENTO DA CARROCERIA
A qualidade do acabamento da pintura é razoável. A tampa traseira está descentralizada, assim como o capô. As quatro portas têm pontos com desnivelamento entre si e a carroceria. Os para-choques, lanternas, faróis, espelhos retrovisores, barras longitudinais do teto e acabamento plástico que envolve toda a parte inferior da carroceria têm boa montagem.
REGULAR

VÃO DO MOTOR
O motor fica em um nível de altura abaixo do normal e preenche todo o vão, limitando bastante o acesso à manutenção de vários componentes. O resultado do isolamento acústico é satisfatório. Os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. Quando aberto, o capô é sustentado por vareta manual e o ângulo de abertura é bom.
REGULAR

ALTURA DO SOLO
Toda a parte inferior do motopropulsor tem proteção por chapa em aço vazada. Não ocorreram interferências com o solo, inclusive quando o veículo está com carga útil (420 quilos), numa condução mais atenta e sobre piso irregular usual.
POSITIVO

CLIMATIZAÇÃO
O teto solar tem correta vedação e é do tipo tampa deslizante, que blinda o sol e permite a sensação homogênea de conforto para condutor e passageiro. Sistema apresentou ótimo funcionamento. O painel tem quatro difusores de ar. Os laterais têm formato circular e corpo interno que gira 360° e boa angulação. A caixa de ar tem quatro velocidades, com cinco opções de direcionamento do fluxo.
POSITIVO

FREIOS
O pedal de freio tem boa sensibilidade e relação. Os conjuntos dianteiro e traseiro estão bem dimensionados e calibrados, com ABS eficiente. A desaceleração foi satisfatória e, em frenagem de emergência simulada, sobre asfalto seco e terra batida, o carro manteve a trajetória, com espaço percorrido até a imobilização satisfatório. O freio de estacionamento atuou normalmente.
POSITIVO

CÂMBIO
Conjunto conta com dispositivo no pomo da alavanca para o uso manual sequencial. Falta a opção de tração 4x4, embora não seja esta a proposta deste automóvel e seu segmento de mercado. Em 6ª marcha e a 110km/h, o motor gira a 2.800rpm; e em 3ª e a 60km/h, a 3.800rpm, que é a rotação de torque máximo do motor. As relações de marchas/diferencial satisfazem a dirigibilidade no uso misto. O quadro de instrumentos tem display indicando a marcha e o modo selecionados.
POSITIVO

MOTOR
A sua dinâmica é boa, mas sem brilho. A aceleração e retomadas de velocidade satisfazem e são razoáveis quando o carro está com carga útil e ar-condicionado ligado. O nível de ruído de funcionamento é normal para um 16V. O sistema flex atuou bem, mas o rendimento é melhor quando com somente etanol no tanque, o que proporciona mais 4cv de potência e 1,1kgfm de torque.
POSITIVO

VEDAÇÃO
Boa contra água.
POSITIVO

NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
O efeito aerodinâmico se inicia levemente a 100km/h e é crescente com a velocidade. Os ruídos no habitáculo surgem ao trafegar sobre piso de asfalto ruim, terra e paralelepípedo.
NEGATIVO

SUSPENSÃO
O conforto de marcha é nitidamente prejudicado pela adoção de pneus aro 18, homologados, da série 55, e utilizar a pressão de 36lbs. nas quatro, independentemente do peso a bordo. Seria mais lógico para esse tipo de veículo se fossem utilizados pneus como o que vem no estepe (aro 16, da série 70), com ganhos expressivos no conforto, faltando apenas serem de uso misto. A estabilidade é boa numa condução normal e razoável numa tocada mais esportiva. A precisão no contorno de curvas, em geral, é satisfatória e a estabilidade direcional é boa. A inclinação da carroceria é moderada. Não há controle eletrônico de tração e estabilidade.
REGULAR

DIREÇÃO
O diâmetro de giro é longo (11,6m) e incomoda. A coluna de direção tem ajuste em altura e distância, com bom curso. O volante tem boa pega e tamanho. As suas reações são homogêneas, com ótima sensibilidade e rapidez de resposta. A velocidade do efeito retorno satisfaz.
REGULAR

ILUMINAÇÃO
Os faróis têm duplo refletor e o conjunto apresentou boa eficiência no baixo e no alto. Sistema conta com regulagem elétrica de altura do facho. Existe luz de cortesia somente nos para-sóis e porta-malas. No teto há uma lanterna na zona central e outra na zona anterior, que tem duplo spot fixo, sendo satisfatório o resultado da iluminação dentro do habitáculo. O quadro de instrumentos tem iluminação permanente e fácil leitura. Os interruptores elétricos nos painéis de porta e comandos instalados no console central têm boa identificação quando os faróis e faroletes estão acesos. Falta sensor crepuscular.
REGULAR

ESTEPE/MACACO
O estepe tem o aro em aço e o pneu diferente em medidas dos de uso (205/70R16, estepe; e 215/55 R18, de uso), mas são do mesmo fabricante. Ele está instalado dentro do porta-malas, no fundo do assoalho, e o kit de troca está apoiado nele, em uma base plástica. A operação de troca é normal e conta com o auxílio de prisioneiros fixos. A fábrica indica o estepe como temporário e, quando danificado, o conjunto de uso (com aro 18) cabe perfeitamente no local certo dentro do porta-malas, o que seria mais racional se adotado pelo fabricante.
REGULAR

LIMPADOR DO PARA-BRISA
As palhetas apresentaram boa qualidade e varrem uma área satisfatória no para-brisa e vidro traseiro. Os esguichos são eficientes. Sistema não tem sensor de chuva. O acesso ao reservatório de água (instalado dentro do vão do motor) é fácil.
POSITIVO

ALARME
A chave de ignição é codificada e do tipo canivete. Existe proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica, contra invasão pela quebra dos vidros. Os vidros das quatro portas têm função um toque para abrir e fechar e o sistema antiesmagamento atuou com precisão. Ao dar comando para travar as portas, os vidros sobem automaticamente se o condutor continuar pressionando a tecla.
REGULAR

VOLUME DO PORTA-MALAS
O declarado pela fábrica é de 306 litros, o mesmo encontrado com o banco traseiro na posição normal e sem ultrapassar a tampa do bagagito.


(*) Avaliações feitas pelo engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan.
www.danieltecnodan.com.br