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Santa fortuna, Batman!

Um dos carros originais utilizados no filme Batman: o retorno de 1992 foi vendido nos EUA. Equipado com motor V8 Chevrolet, o modelo teve preço pedido de US$ 499 mil

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Quando um automóvel de alguém famoso é leiloado, espera-se que o preço seja bem acima do valor de mercado. E quando o carro não pertenceu a um ícone e, sim, é uma estrela por si só? Nesse caso, não há limites definidos, como bem prova o leilão de um Batmóvel utilizado no filme Batman, o retorno. Não é à toa. O Batmóvel, que completa 70 anos, é indissociável do Batman, que dependia do veículo, ao contrário do contemporâneo Super-Homem. Embora dirija desde a primeira história de 1939, só em 1941 o herói ganhou um carro ao seu gosto, que chegou às telas no seriado de 1966 como um showcar Lincoln Futura 1955 da Ghia, modificado por George Barris. Quando o personagem voltou à ribalta, na década de 1980, resolveram fazer um grande filme. O reinício da franquia, com o filme Batman, de 1989, exigia um transporte mais bruto e dark, seguindo o estilo sombrio do diretor Tim Burton – visto também em Edward mãos de tesoura, Noiva cadáver e na refilmagem de A fantástica fábrica de chocolates.

O resultado não poderia ser mais agressivo: longo nos seus 6,62 metros de comprimento e 1,30m de altura, o Batmóvel é maior que os 6,24m da Ford F-250 cabine dupla. Só de largura são 2,39m, medida a que se soma a distância entre-eixos de 3,58m. O desenho foi inspirado no Chevrolet Corvette Stingray das décadas de 1960 e 1970 – curiosamente, o Corvette é um dos Batmóveis recorrentes dos quadrinhos. Tudo misturado a elementos aeronáuticos, em especial na cobertura deslizante do cockpit, nos instrumentos e na propulsão, que se valeria de um turbojato com pós-queimador, como nos caças. Com a turbina ligada, o cupê iria aos 100km/h em cerca de 4s e alcançaria qualquer criminoso, graças à velocidade máxima de 531km/h.

INTIMIDAÇÃO Uma máquina de guerra que não deixou de fora as geringonças que tanto fizeram sucesso nos bond cars: metralhadoras Browning embutidas nos para-lamas, arpões que se prendem aos postes na hora de uma curva fechada, bombas ejetadas pelas rodas traseiras, reconhecimento e comando remoto por voz, macaco hidráulico central, para poder girar sem empecilhos, entre outras. O segundo filme da série, de 1992, ofereceu um olhar mais detalhado sobre o bólido, que tem o sistema de blindagem que o protege quando estacionado exibido em computação gráfica. A trama também tem cenas de ataques e perseguição melhor trabalhadas, com direito até a sabotagem, bem ao estilo 007.

Na ficção, o Batmóvel conta com o auxílio da propulsão a jato, que na realidade cede lugar ao mais realista motor V8 5.7 de origem Chevrolet, que já moveu modelos esportivos como o Camaro e Corvette



A proximidade com os carrões do agente secreto tem explicação: o supervisor de efeitos especiais Derek Meddings trabalhou em filmes do Bond, entre eles O espião que me amava, de 1977, famoso pelo Lotus Esprit submarino. Aliás, as dimensões avantajadas do Batmóvel talvez estejam ligadas ao primeiro trabalho de Meddings nos grandiosos (e diminutos, em se tratando de modelos em escala) veículos da animação Thunderbirds da década de 1960. Na vida real, o Batmóvel foi feito sobre os chassis de dois antigos Chevrolet Impala. Da marca da gravata também veio o motor V8 5.7 injetado, que ganhou preparação – o vendedor da Flórida se limita a dizer que a potência é superior a 200cv. Deve ser o suficiente para desfilar em baixa rotação, em rondas noturnas – pelas boates, provavelmente.

WAYNE O Batmóvel dos dois primeiros filmes acabou por se tornar mais famoso do que os posteriores, dos apagados Batman eternamente e Batman e Robin. Mesmo diante do Thumbler dos bem-sucedidos Batman begins, de 2005, e O cavaleiro das trevas, de 2008, considerados os mais realistas, o Batmóvel da década de 1980 ainda é insuperável em estilo. Talvez por isso mesmo o modelo exposto no eBay tinha o preço de US$ 499 mil, o equivalente a R$ 833 mil. O felizardo que levou o carro para a sua batcaverna não pagou tudo isso, apenas US$ 370 mil, ou R$ 617 mil. Ainda assim, é o suficiente para comprar um Maybach 57. É grana para Bruce Wayne mesmo, cuja fortuna fictícia é estimada em US$ 6,5 bilhões pela revista Forbes, mais de R$ 10 bilhões. O consolo: pelo menos o valor inclui um trailer para transportar o carrão.

A traseira não dispensa as barbatanas, só que em formato de asas de morcego