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Clientes Sundown desamparados

Fábrica brasileira está sem produzir desde agosto e concessionárias com falta de peças há pelo menos três meses. Telefones não atendem e nem as revendas conseguem contato

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Depois da troca da ignição, há um ano, Leonardo não tem mais a quem recorrer

Há exatamente um ano, o consultor de empresas Leonardo Navarro Vidigal Ferreira conseguiu, em garantia, a troca do conjunto de ignição de sua motocicleta Sundown Hunter 90, como mais uma tentativa de solução do problema que já se arrastava desde a aquisição da moto, em 2006: o veículo simplesmente apaga quando começa a chover (reportagem publicada em 6 de fevereiro de 2010). Depois de diversas trocas de peças, o defeito parecia consertado até a volta das chuvas, no fim do ano passado. Na primeira saída, “eu estava atrasado e começou a chover. Não deu outra: a moto parou”, lembra Leonardo. A solução para ele seria procurar uma concessionária da marca mais um vez e reivindicar novo conserto em garantia. O problema é que as concessionárias Sundown não têm mais contato com a fábrica, tornando praticamente impossível a solução de dilemas como o de Leonardo.

Em Belo Horizonte, a única concessionária da marca é a Minas e Trilhas, cuja gerência não é a mesma da época em que o consultor de empresas levou a moto para a troca do sistema de ignição. A concessionária até tem o registro que confirma a passagem da moto de Leonardo na época e a nova gerência se colocou à disposição para reavaliá-la, mas não conhece o histórico do veículo e tampouco vem tendo contato com a fábrica para a tentativa de novo serviço em garantia.

E a Minas e Trilhas não é a única. Veículos tentou contato com concessionárias Sundown em todo o Brasil, mas muitas já deixaram a bandeira. O site da marca (www.sundonwnet.com.br) trava quando se tenta acessar as revendas e as listas de concessionárias encontradas por outros meios já não estão atualizadas. Procurando em todo o Brasil, a reportagem contatou algumas revendas em São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco. A maioria informa que não tem conseguido falar na fábrica, “que está passando por um processo de reestruturação”, e não há telefone nem e-mail para contato. “Também estamos sem comunicação”, afirma o responsável por uma das revendas. Todas informam que o fornecimento de peças — que já era complicado — foi interrompido há pelo menos 90 dias, “mas deve estar normalizado a partir da segunda quinzena deste mês”, e algumas nem têm moto zero-quilômetro para vender. Mas uma reunião estaria para ser marcada com os concessionárias nos próximos dias. Apenas uma das concessionárias afirmou que a fábrica já teria voltado às atividades na última semana, mas passou um número de telefone que também não atende.

PRODUÇÃO A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) informa que agosto foi o último mês em que houve produção da Sundown, mas de apenas quatro motocicletas, todas do modelo Hunter Max 125. E a assessoria de imprensa da associação também não tem notícias a respeito de um possível retorno da fábrica, que fica em Manaus (AM), às atividades. A reportagem tentou falar por diversas vezes nos antigos telefones do escritório da Sundonw em São Paulo, mas a ligação nem chega a completar. Também foi tentado contato com dois executivos por meio de celulares, que não atenderam.

Marca Sundown, que produziu modelos como a SMX 250, paralisou atividades em 2010