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Em período de chuva, cuidado: carro não é submarino

Durante o período chuvoso de verão, o motorista pode se deparar repentinamente com um trecho alagado. Saiba o que fazer nessa hora

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Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Nesta época do ano, as pancadas de chuva podem transformar num piscar de olhos ruas e avenidas em rios e lagoas. Se o motorista puder evitar esses trechos, melhor, mas se tiver que atravessá-los deve fazer com muito cuidado para evitar acidentes e prejuízos como a entrada de água no motor, que pode causar o famigerado calço hidráulico, cujo conserto custa caro.

BURACOS Eles representam um perigo ainda maior nessa situação, pois ficam encobertos pela água. Além da possibilidade de dano em rodas ou componentes da suspensão, ao passar por eles o nível de água “sobe”, o que pode ser fatal para que ela entre pelo sistema de captação de ar do motor ou que atinja algum componente eletrônico. Nos dois casos, o prejuízo é grande. Uma dica: observe por onde os outros carros estão passando antes da travessia.

CALÇO HIDRÁULICO Trata-se de um problema bastante comum nesta época do ano, que acontece quando a água entra na câmara de combustão e no interior dos cilindros pelo sistema de captação de ar do motor. Ao passar por locais alagados, o movimento de aspiração de ar, realizado pelos pistãos (que funcionam, neste caso, como o êmbolo de uma seringa), acaba puxando água para dentro do motor. Quando o pistão tenta subir, encontra a enorme resistência da água, que, diferente do ar, é pouco compressível. O enorme esforço do pistão provoca o empenamento das bielas, ocasionando o chamado calço hidráulico e, consequentemente, o travamento do motor.

ANÁLISE Se o motorista deixar o motor apagar durante a travessia, a primeira recomendação é não tentar fazer com que ele funcione (nem “no tranco” nem na chave), pois o motor poderá estar cheio de água e essa atitude poderá provocar o calço hidráulico. O melhor a fazer é colocar a alavanca de marchas em ponto morto, empurrar o veículo até um local seguro e chamar um reboque, para que seja feita uma análise mais detalhada em uma oficina. Isso pode evitar que a conta fique muito salgada.

ESCAPAMENTO Mas a água pode entrar também pelo escapamento, causando o mesmo calço hidráulico. Se o motorista realmente tiver que cruzar um trecho alagado, ele deve engatar uma segunda marcha (não faça nenhuma troca no meio do caminho) e manter uma aceleração média e constante, pois isso vai evitar que a força de aspiração do motor seja muito alta, a ponto de puxar água para dentro do motor, e fazer com que o volume de gás expelido pelo propulsor seja suficiente para impedir a entrada de água pelo escapamento. A velocidade deve ser baixa para evitar a formação de ondas, que poderiam atingir o motor e os componentes eletrônicos.

BOM DE ÁGUA O carro bom para “navegar” é aquele que tem a tomada de ar para o motor mais alta; em que o coletor de admissão não tenha um formato que facilite a entrada de água; em que o escapamento esteja a altura razoável do chão e que os componentes elétricos e eletrônicos, como a central da injeção e outros, não estejam localizados em posições mais baixas. Também é preciso considerar a posição do alternador, fusíveis e sensores de oxigênio (os chamados sonda lambda), além da vedação do sistema de embreagem, pois se o conjunto ficar encharcado, o carro terá dificuldade de locomoção. É importante ressaltar que quanto maior a cilindrada do motor, mais facilmente ele sugará água pela admissão; e quanto maior a taxa de compressão, menor será a tolerância ao volume de água admitido.

NÍVEL DE SEGURANÇA O conceito geral é de que se a água bater no meio das rodas, pode-se arriscar a travessia. Acima disso, o risco de problemas é muito grande.

QUAL O PREÇO DO MERGULHO?

Quando o motor de seu carro sofre um calço hidráulico, ele precisa ser aberto para a troca, revisão e reforma de alguns componentes. Mas, antes de abri-lo, deve-se ter a certeza de que realmente ocorreu empenamento da biela. Como fazer? Segundo Fábio Monteiro, da Retífica Monteiro, primeiro deve-se fazer a medição da face superior do pistão com a face superior do bloco, colocando um aparelho chamado relógio comparador, que vai indicar se algum dos pistãos está mais baixo, o que significa que a biela está empenada. De acordo com Fábio, a abertura de um motor 1.0, de oito válvulas, o “brunimento” dos cilindros, a revisão do cabeçote, a conferência dos pistãos, o polimento no virabrequim e a troca da(s) biela(s), casquilhos, anéis e jogo de junta fica em torno de R$ 2,2 mil. Mas vale lembrar que se precisar trocar o bloco – pois em alguns casos a biela perfura o bloco do motor –, o prejuízo sobe para cerca de R$ 4 mil.