DE PARIS - O Captur é, segundo o fabricante, um crossover compacto derivado da nova geração do Clio na Europa. Crossover é um utilitário com altura elevada em relação ao solo e sem tração 4x4, além de ter acabamento mais próximo de automóveis. A receita deu certo e as montadoras investem muito neste nicho. O Peugeot 2008 é uma derivação do hatch 208 e será produzido no Brasil a partir de 2014. O Ford EcoSport é o alvo direto inicialmente. E o Duster? Bem, o Duster tem dimensões mais avantajadas e estilo rude dos autênticos SUVs. Os crossovers são um pouco mais delicados. Questiona-se se Captur e Duster não concorrerão no mesmo segmento, mas a Renault acredita que há espaço para ambos. Por isso, o Captur deverá ter preço superior ou próximo da versão 4x4, a mais cara do Duster. Deverá custar cerca de R$ 70 mil.
Veja fotos do Renault Captur!
Num test drive de cerca de 100 quilômetros, saindo da capital francesa e percorrendo os arredores da cidade, foi possível perceber os atributos e mazelas do carro. O Captur tem linhas agradáveis da carroceria com estilo limpo, sem rebuscamentos. A grade frontal com o enorme losango ao centro é comum a toda nova geração da marca. Aliás, o Clio nacional, que é de segunda geração, tem aparência semelhante. O europeu está na quarta geração. O acabamento interno é superior ao do EcoSport, mas usa plásticos duros, inclusive no painel central. O tecido de forração dos bancos segue a tendência atual e fica no meio-termo: nem desaponta e tampouco empolga.
Crossovers têm que ser práticos e bem mais do que os automóveis. Por isso, em vez do tradicional e, às vezes, pouco prático porta-luvas, uma gaveta de ótimo tamanho. E o porta-malas tem divisória na altura, o que permite escamotear objetos e evitar abaixar para colocar as compras. O espaço interno é bom também pela boa distância entre-eixos, de 2,60 metros, mas no banco traseiro o assento central é destinado às crianças. O motorista encontra logo a melhor posição elevada de dirigir. Esse é um dos chamariscos desse tipo de carroceria e que vem agradando bastante. O banco traseiro é regulável em distância e se desloca 16cm, aumentando o espaço para bagagem ou pernas. Assim, a capacidade do porta-malas varia de 230 a 300 litros.
Dirigimos a versão 0.9 turbo de 90cv e torque de 13,8kgfm, que está cotada para ser importada juntamente com a 1.2 turbo de 120cv. Motores de baixa cilindrada e turbo estão na ordem do dia em nome da redução de poluentes e consumo de combustível. O computador de bordo registrou média de até 20km/l de gasolina no percurso misto cidade/estrada, respeitando-se os limites previstos em lei. Com dois ocupantes, o Captur mostrou agilidade nas acelerações e necessidade de redução de marcha para ultrapassar mais rápido. Os engates do câmbio são precisos e contorna curvas sem inclinação acentuada de carroceria. O senão é o comportamento da suspensão traseira em piso irregular, que pula e transfere um pouco para dentro. A direção é leve e bem calibrada.
O modelo tem tudo para dar certo no Brasil e o sucesso dependerá muito mais do preço e atributos em relação aos concorrentes diretos.
*O jornalista viajou a convite da Renault.
Veja fotos do Renault Captur!
Ficha técnica
» Motor – 900cm³ de cilindrada, a gasolina, 90cv de
potência a 5.250rpm e torque de 13,7kgfm a 2.500rpm
» Câmbio – manual de cinco marchas
» Dimensões (metros) – Comprimento, 4,12; largura,
1,78; altura, 1,57; distância entre-eixos, 2,60
» Porta-malas (litros) – 230 a 300, conforme posição
do banco traseiro
» Peso (kg) – 1.245
» Desempenho – Velocidade máxima 171km/h
e aceleração até 100km/h em 12,9 segundos