Se você chegar à conclusão de que a picape média que melhor o atende deve ser flex, com tração 4x2 e câmbio automático, nem precisa pesquisar, pois só há uma opção: a Toyota Hilux. Testamos a versão SRV, a topo de linha cabine dupla. Bom, com esses atributos podemos imaginar que quem opta por esta versão não precisa nem de muito espaço na caçamba nem de muita potência e tampouco transpor terrenos muito difíceis. Talvez um veículo para ir ao sítio com a família.

A Hilux serviu como inspiração para várias picapes concorrentes, que ganharam o mesmo porte e o acabamento esmerado. Porém, agora passados 10 anos do lançamento, a Hilux já apresenta sinais de cansaço, mas nada que abale a credibilidade. A idade do projeto e o flagrante do que seria uma nova geração da picape em testes de rodagem sugerem que a estrada dessa Hilux pode estar chegando ao fim.

AO VOLANTE O motor 2.7 trabalha em sintonia fina com a transmissão, e não falta fôlego à picape. A princípio, o câmbio automático de apenas quatro velocidades deixa dúvidas quanto à eficiência, mas ao rodar em diferentes situações fica claro que as relações de marchas foram muito bem escalonadas, não deixando lacunas. As trocas de marcha são feitas sempre no melhor momento e com o devido conforto. O câmbio apresenta funções mais sofisticadas, como limitar a troca de marchas quando for adequado. Por exemplo, num longo trecho em declive, basta coloca a alavanca na posição “L” e o câmbio vai permanecer em primeira marcha, atuando como freio-motor, poupando os freios e evitando a fadiga.

A BORDO Como toda picape média, a Hilux pula feito uma cabrita quando se transita sobre piso irregular. O efeito é amenizado com carga na caçamba. Desde que se esteja na velocidade correta, a picape não prega peças nas curvas, apresentando uma boa estabilidade e pouca rolagem da carroceria. Também como em toda picape, o banco traseiro é baixo em relação ao assoalho, o que é desconfortável para os passageiros. Faltaram ali itens básicos de segurança como o cinto de segurança de três pontos e o apoio de cabeça para o passageiro do meio.

MANCADAS Outra mancada na segurança é o freio antiblocante (ABS) sem a função de distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), item já comum no mercado e que não poderia faltar num veículo desta categoria. A Toyota tambem ficou devendo vidros elétricos do tipo “um toque” para todas as janelas (só existe para o motorista) e rebatimento elétrico dos retrovisores externos, o que é interessante quando se está manobrando num lugar estreito. O comando de ajuste elétrico dos retrovisores está posicionado à esquerda do volante, em posição inadequada, e nem sequer é iluminado. Já a câmera de ré é uma ótima ajuda nessa situação.

CAÇAMBA O sistema multimídia é bastante completo e, além de música, navegação e telefonia, conta também com DVD e TV digital. A caçamba tem o comprimento aproximado de 1,5 metro, portanto, não levando carga muito comprida, e é rasa. Existem quatro ganchos de amarração, sendo o santantônio um opcional bem-vindo tanto para amarrar melhor a carga quanto para apoiar algum volume maior.

AVALIAÇÃO TÉCNICA

Acabamento da carroceria
Não tem grade protetora para o vidro traseiro da cabine e arco superior para transportar cargas longas, mas há proteção plástica interna no vão de carga e na tampa da caçamba. A tampa da caçamba tem opção de fechadura com chave e montagem razoável, assim como o capô e as quatro portas. O acabamento da pintura é bom. Nas laterais da caçamba existem somente quatro ganchos para fixar cargas.

Vão do motor
Os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. O capô, que não é leve, é sustentado aberto por vareta manual, com bom ângulo de abertura. Não tem isolante acústico e o ruído do motor incomoda em rotação mais alta.

Altura do solo
Não ocorreram interferências com o solo e são bons os ângulos de ataque e saída. Há proteções para motor e parte da suspensão dianteira/sistema de direção, câmbio e tanque de combustível.

Climatização
É automática digital. Não tem difusor de ar específico para os passageiros de trás nem regulagem de temperatura diferenciada para condutor e passageiro. Funciona bem, com boa vazão de ar. A rumorosidade de funcionamento é razoável e está bem vedado.

Freios
Tem ABS atuando nas quatro rodas com boa calibragem e eficiência. O freio de estacionamento é por comando manual. O pedal de freio tem boa relação, com sensibilidade razoável, e o conjunto apresentou bom comportamento dinâmico no uso misto com reações balanceadas nos dois eixos e boa resistência térmica.

Câmbio
Funciona bem e, mesmo com somente quatro marchas, proporciona uma dirigibilidade satisfatória no uso misto. A resposta em kick down é boa.

Motor
A performance agrada e é baixo o ruído de funcionamento. A curva do motor é boa e tem pequeno ganho no rendimento com etanol. A aceleração é eficiente e as retomadas de velocidade (uso misto) aceitáveis. Com carga útil simulada de cinco adultos (70kg cada), 200kg na caçamba e ar ligado, a perda na dinâmica é bem sentida, mas ainda proporciona dirigibilidade razoável.

Vedação
Boa contra água.

Nível interno de ruídos
O efeito aerodinâmico é baixo e satisfatório, mesmo em velocidades mais altas. Os ruídos do habitáculo são contidos, inclusive sobre piso irregular.

Suspensão
A estabilidade é discreta, mas atende bem numa utilização normal do veículo. A precisão em curvas sobre asfalto liso e terra batida em boa conservação é satisfatória, o que não ocorre quando com ondulações de remendos no asfalto e terra com costelas, quando altera a trajetória imposta, principalmente no eixo traseiro. O conforto de marcha é bem limitado e incomoda o nível das transferências das imperfeições do solo para dentro, mas apresentou ganhos quando carregado.

Direção
A precisão na reta e em curvas é razoável e o diâmetro de giro limitado. A velocidade do efeito-retorno é aceitável e as cargas do sistema assistido estão bem definidas. A posição de dirigir é ruim para os de estatura média/alta, devido ao curso muito curto em altura da coluna de direção e pela altura do banco, mesmo na posição mais baixa.

Iluminação
O grupo óptico dianteiro tem construção com parábola única e é eficiente no baixo e no alto, mas não tem regulagem elétrica de altura em função da carga transportada, o que deveria ser de série. No teto tem uma lanterna central e dois spots fixos juntos ao retrovisor, que também fazem a função lanterna quando as portas estão abertas, com resultado razoável em iluminação. Há faróis auxiliares, mas não tem nenhuma luz de cortesia.

Estepe/macaco
O macaco e o kit de troca estão acondicionados abaixo do assento traseiro. A operação de troca é ruim, cansativa e não limpa. Se for noturna, será necessária uma lanterna para achar o ponto de encaixe da extremidade da extensão que ativa o sistema de basculamento do pneu, que fica abaixo do vão de carga. Os pontos de apoio do macaco (tipo garrafa) estão sob a travessa da suspensão dianteira e alojamento do eixo traseiro.

Limpador de para-brisa
Os esguichos são do tipo spray em V e atingem grande área no para-brisa, facilitando a varredura feita por palhetas de qualidade que limpam uma área satisfatória. É fácil o acesso ao reservatório d’água dentro do vão do motor.

Ferramentas
Tem duas chaves de boca (10x8mm – 12x14mm) e uma chave de fenda combinada com Phillips.

Alarme
A chave de ignição é codificada. Há proteção perimétrica contra abertura forçada das partes móveis, mas não tem a volumétrica contra a invasão do habitáculo pela quebra dos vidros. Ao dar comando para travar as portas, os vidros não sobem automaticamente. Tem função um toque para descer/subir o vidro somente na porta do condutor e o sistema antiesmagamento atuou com precisão.

FICHA TÉCNICA

» MOTOR
Dianteiro, longitudinal, de quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 2.694cm³ de cilindrada, flex, que desenvolve potência máxima de 158cv com gasolina e 163cv com etanol, ambos a 5.000rpm, e torque máximo de 25kgfm a 3.800rpm com qualquer um dos combustíveis

» TRANSMISSÃO
Tração 4x2 e câmbio automático de quatro marchas

» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, com braços duplos triangulares; e traseira com eixo rígido e feixe de molas semielípticas de duplo estágio/7 x 16 polegadas (liga leve)/ 265/70 R16

» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

» FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS nas quatro rodas

» CAPACIDADES
Tanque, 80 litros; capacidade de carga (passageiro %2b carga), 730kg; peso, 1.830kg

» DIMENSÕES (AxBxCxDxE) (m) (*)
5,26 x 1,84 x 1,86 x 3,09 x 0,22; ângulos de entrada 30° e de saída 23°

» DESEMPENHO  (**)
Velocidade máxima (km/h), ND; Aceleração até 100 km/h (s), 14,5(e)
Consumo (km/l) cidade, 7,6(g)/5,5(e) e estrada, 8,6(g)/6,4(e)

(*) A: comprimento; B: largura; C: altura; D: entre-eixos; e E: altura mínima do solo
(**) Dados dos fabricantes
ND – Não disponível
Gasolina (g) e etanol (e)

EQUIPAMENTOS

» DE SÉRIE
Ar-condicionado digital; direção hidráulica; acendimento automático dos faróis; banco do motorista com regulagens elétricas; coluna de direção com regulagem em altura; computador de bordo; console com porta-objetos e apoio de braços; desembaçador do vidro traseiro; volante, bancos, manopla de câmbio e laterais das portas em couro; protetor de caçamba; retrovisores externos com regulagem elétrica; sistema multimídia (navegador, leitor de CD/MP3/DVD, telefonia, TV digital, rádio, câmera de ré e entradas USB e auxiliar) integrado à tela sensível ao toque de 6,1”; volante com comandos integrados; vidros elétricos, sendo o do motorista do tipo “um toque”; airbag duplo frontal; freios antiblocantes (ABS); travas elétricas; tampa traseira com chave; alarme; faróis de neblina.

» OPCIONAL
Não tem.

Quanto custa?

» A Toyota Hilux SRV 2.7 flex cabine dupla 4x2 automática tem preço sugerido de R$ 104.900.

Notas (0 a 10)

» Desempenho 8
» Espaço interno 8
» Caçamba 6
» Suspensão/direção 7
» Conforto/ergonomia 7
» Itens de série/opcionais 7
» Segurança 6
» Estilo 7
» Consumo 7
» Tecnologia 7
» Acabamento 7

» Custo/benefício 7