UAI

Vai comprar um usado? Confira estas dicas para não entrar numa gelada

O momento é favorável para a compra de um carro usado, mas todo o cuidado é pouco para que o veículo não se transforme em dor de cabeça. Veja as dicas de um especialista

Publicidade
SIGA NO google-news-logo
Vai comprar um usado? Confira estas dicas para não entrar numa gelada
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

 

Em um cenário onde o carro zero está com preço para lá de salgado, os seminovos têm sido a saída para quem não pode esperar para trocar de veículo. Mas é preciso ter cuidado antes de assinar o cheque, para não levar para casa uma bomba-relógio. Conversamos com o engenheiro mecânico André Fagundes, da consultoria técnica automotiva Confiar, que deu várias dicas para que o leitor consiga reconhecer se tem alguma coisa errada com o carro que pretende comprar.

 

 

Escorrido de verniz mostra que alguma intervenção foi feita na pintura

 

FORA
Na pintura, procure por diferenças de tonalidade, opacidade, algum escorrido de verniz ou deformidades de lixamento sob a tinta.
Veja se a lataria não apresenta ondulações.
Confira o alinhamento dos faróis e lanternas.
Abra e feche as portas, porta-malas e capô, veja se encontra alguma dificuldade.
Confira se existem folgas nas extremidades das portas, capô, tampa do porta-malas, assim como o alinhamento em relação às partes fixas.
Se o carro é rebaixado, a chance de ter sido muito exigido é grande.
Para descobrir se a carroceria foi reparada, procure por vestígios do serviço, como alguma pulverização da tinta, pó de massa plástica ou restos da fita usada para isolar o local, que muitas vezes ficam nas borrachas, peças plásticas ou nas caixas de roda.
Se a roda tem um grande amassado, o choque pode ter afetado a suspensão.
Desgaste irregular nos pneus revela desde problema de alinhamento até dano estrutural.
As sujeiras podem revelar o local onde o carro foi usado, como em uma região de mineração, que causa desgaste em determinados componentes, como a correia dentada.

 

Falta uniformidade nos pontos de solda originais, sinal de que o local foi reparado

 

DENTRO
Teste todos os itens: vidros elétricos, travas, ar-condicionado etc.
Fique ligado, um mau cheiro pode revelar alguma infiltração.
Já perfume forte pode ter sido usado para mascarar algum dano, como o causado por alagamento
É possível evidenciar reparos estruturais analisando o aspecto em vários locais, como sob o carpete do assoalho do porta-malas ou sob o assento do banco traseiro. Outra forma fácil é mover as borrachas dos quadros das portas e tampa traseira em vários pontos. Veja se encontra alguma sequência de pontos de solda irregular ou diferente dos demais. Se achou estranho, compare com o outro lado.
Veja se a gravação do chassi na carroceria corresponde com a do documento. Os oito algarismos finais também devem estar gravados nos vidros e em várias etiquetas adesivas distribuídas pelo carro (como na torre do amortecedor dianteiro direito, coluna A da porta dianteira direita). Se um ou outro não tiver, é normal que algum vidro já tenha se quebrado. Mas se vários estiverem sem gravação ou apresentarem aspecto diferente entre si, é preciso olhar o veículo com mais cuidado, pois pode ter sido adulterado ou sofrido colisão forte.
Avaliar o aspecto da gravação do chassi, se está com aparência irregular, oxidado ou se a pintura do local apresenta diferença com as áreas vizinhas. Isso pode evidenciar remarcação, adulteração ou até mesmo ter sido transplantado de outro veículo e colocado ali. Se remarcado, a informação deve constar no CRLV.

 

Vestígios de tinta no friso denunciam que a lateral foi repintada

 

Restos do isolamento colocado na parte de plástico para pintura da peça


DENTRO DO CAPÔ
Conferir os lacres originais de tinta dos parafusos das dobradiças do capô e de outros parafusos e porcas de elementos do motor que não deveriam ter sofrido intervenção.
Normalmente, há uma etiqueta no painel dianteiro com o número do chassi, que deve ser o mesmo do veículo, relacionado com o número do motor e até mesmo da caixa de marcha. Pesquise onde o fabricante do veículo costuma gravar o número do motor e compare com a informação da etiqueta.
Desconfie de um motor muito limpo, que pode ter sido lavado para esconder vazamento.

 

Lanterna ainda guarda um pedaço da fita usada para isolá-la durante a pintura


NO ELEVADOR
Leve o carro até um posto de combustível ou oficina e peça para erguê-lo num elevador. Procure por amassados, manchas de óleo nos amortecedores, vazamento de óleo ou graxa em componentes do motor e transmissão, marcas de solda em componentes mecânicos do motor ou suspensão ou se os pneus têm algum dano nas laterais internas.

RODANDO
Ligue o carro e veja se as luzes de advertência (vermelhas ou laranjas) se apagam.
Repare se o veículo apresenta nível exagerado de ruído, tanto do motor quanto dos componentes internos.
Sinta se o carro tende para algum lado na freada um pouco mais forte, o que pode evidenciar problemas no sistema de freio ou suspensão.
Acelere de forma mais vigorosa e veja se ele puxa para algum lado, o que pode indicar também problema na suspensão, como uma borracha do leque rompida.
Sinta se o volante está com folga, se trepida em velocidades mais altas (entre 80km/h e 90km/h), se está torto ou se a direção puxa para algum lado.
Se uma fumaça branca densa estiver saindo pelo escapamento, é um indicativo de que o motor está queimando óleo.

 

 

Desgaste no volante pode revelar que a quilometragem do veículo não é tão baixa

 

QUILOMETRAGEM REAL
Como alterar a quilometragem do veículo é uma prática comum, compare esse número com o estado geral (desgaste) de alguns componentes: pedaleira, volante, manopla da alavanca de câmbio e bancos. Puxe o cinto de segurança até o fim e compare o estado do cadarço mais exposto com o que fica recolhido.
Se o carro é seminovo e pouco rodado, certamente os pneus devem ser originais. Atenção: é comum que algum pneu seja substituído devido a um dano qualquer, mas se dois ou até todos forem novos, é sinal de que o veículo não rodou pouco.

 

O estado dos pedais também ajuda a saber a real quilometragem do veículo



IMPEDIMENTOS
Procure por uma empresa que faça uma busca no histórico do veículo para saber se ele já esteve em um leilão, se foi sinistrado, se é furtado, se há algum impedimento na Justiça, multas, etc.