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Entenda porque o Latin NCAP rebaixou a nota de segurança do Hyundai HB20

Após auditoria dos testes realizados em 2019, compacto teve a nota rebaixada de quatro para apenas uma estrela. Confira o posicionamento da Hyundai a respeito do ocorrido

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Entenda porque o Latin NCAP rebaixou a nota de segurança do Hyundai HB20
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

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O Latin NCAP (Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe) rebaixou a nota de segurança do Hyundai HB20. Das quatro estrelas (de cinco possíveis) que o modelo tinha obtido para proteção aos passageiros da frente em 2019, quando o modelo passou por uma significatica reestilização, o compacto agora ostenta apenas uma. A nota relativa à segurança dos passageiros de trás, três estrelas, foi mantida.

O motivo foi o desempenho obtido em uma nova bateria de testes de impacto, realizada em setembro, auditoria prevista para testes patrocinados, quando o próprio fabricante cede o veículo para o Latin NCAP.

O resultado do teste de auditoria revelou que o HB20 ofereceu menor proteção no tórax do ocupante adulto do que no teste original durante o ensaio de impacto lateral, ultrapassando os limites biomecânicos máximos permitidos para o corpo. De acordo com o protocolo do Latin NCAP 2016-2019, sob o qual o veículo foi avaliado, quando uma área crítica do corpo é detectada, a nota máxima do veículo é de uma estrela.

“É surpreendente e decepcionante que um fabricante como a Hyundai, líder em segurança nos mercados globais, seja caracterizado por um fraco desempenho de segurança na América Latina”, afirmou Alejandro Furas, Secretário-Geral do Latin NCAP, confrontando o HB20 com a a boa configuração de segurança do novo Chevrolet Onix (seis airbags, controle eletrônico de estabilidade e proteção para pedestres como equipamento de segurança padrão), que lhe rendeu cinco estrelas para proteção do ocupante adulto e infantil. Vale lembrar que a geração anterior do compacto da Chevrolet chegou a ter zero estrela na avaliação do programa de segurança veicular.

“É possível produzir veículos populares cinco estrelas no Brasil; portanto, os brasileiros deveriam questionar a Hyundai sobre por que eles estão sendo tratados como cidadãos de segunda classe, enquanto outros fabricantes como a Chevrolet oferecem aos latino-americanos a mesma segurança básica que a proporcionada aos clientes em outros mercados globais”, completou Alejandro Furas.

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FRAUDE? Porém, o Secretário-Geral do Latin NCAP tratou de deixar claro não acreditar que a Hyundai preparou um veículo especial para ter um bom desempenho nos testes de colisão. “O Latin NCAP não encontrou diferença na construção dos dois veículos, mas no próprio desempenho. Notamos uma desaceleração diferente sob as mesmas condições de teste e um comportamento ligeiramente diferente no painel interno das portas durante a colisão. Os sistemas de segurança não devem mostrar essas variações de um teste para outro”, afirmou.

Alejandro Furas criticou a estratégia adotada pela Hyundai quanto aos sistemas de retenção de impacto lateral do HB20. Ele diferenciou os projetos de segurança feitos para “ganhar estrelas” dos que foram pensados para realmente proteger pessoas. Segundo ele, a aposta da Hyundai de apenas reforçar elementos estruturais seria menos efetiva que a adoção de airbags laterais. O Secretário-Geral do Latin NCAP explicou que a opção de proteger o habitáculo a partir de elementos estruturais deixa a segurança mais sujeita às variações de produção, o que pode ser muito arriscado, dependendo da tolerância que as marcas têm em questões de qualidade.

Porém, Fujas esclarece que nenhum desses elementos separadamente seja a solução. O engenheiro afirma que a estrutura é a base necessária para uma boa proteção, mas geralmente não é suficiente. O airbag complementa o sistema de retenção e adiciona robustez à proteção dos ocupantes. Existem modelos que sem airbags laterais têm uma boa classificação, mas são exceções. Boas pontuações de impacto lateral são com airbags. Pode acontecer que o carro tenha airbags, mas a estrutura não é tão boa e a proteção é insuficiente. Em uma colisão lateral, o espaço (distância) para absorver energia e dissipá-la antes de chegar ao ocupante é muito menor do que em uma colisão frontal.

De acordo com a Hyundai Motor Brasil, não houve qualquer mudança no processo de produção ou na especificação do veículo que possa justificar a  extrema variação entre os dois testes realizados pelo Latin NCAP em menos de um ano. “A Hyundai está investigando profundamente os testes do Latin NCAP a fim de entender a causa real para resultados tão diferentes entre o recente teste de auditoria e o teste original de setembro de 2019. Nenhuma conclusão pode ser elaborada antes dessa investigação completa”, informou o fabricante.

AUDITORIA Segundo o Latin NCAP, desde o início do programa muitos outros modelos foram auditados, o que faz parte do protocolo de avaliação para modelos patrocinados. “O teste de auditoria visa conferir ou verificar que o carro original não tenha sofrido modificações de produção ou desempenho. Quando o teste de auditoria é pior do que o teste original com tolerância superior a 10%, ele é publicado e o novo resultado é divulgado, como no caso do HB20. Por outro lado, quando a auditoria dá melhor do que o teste original ou pior, mas dentro da tolerância de 10%, então a auditoria não é publicada nem são feitas alterações na publicação original”, explicou Alejandro Fujas.

O Latin NCAP assume que há variações involuntárias de produção, que se tornam "voluntárias" a partir do momento em que o fabricante é responsável por implementar sistemas de controle de qualidade adequados que possam garantir que o carro não tenha um desempenho inferior a segurança do que avaliada originalmente. Há outros casos em que a intenção não vem da área de engenharia de segurança, mas da área de produção, em que se economiza dinheiro na produção. Portanto, é necessário monitorar se o nível de segurança do carro é constante e não diminui com o tempo.

TESTES PATROCINADOS O Latin NCAP esclarece que nos testes patrocinados as unidades não são diretamente doadas pelas montadoras, mas sim escolhidas pelo programa de forma independente em uma loja ou no estacionamento de distribuição da fábrica, quando o carro já teve um destino final e a marca não pode fazer modificações nele.

“Pode acontecer que algumas marcas tenham uma política de produção mais criteriosa antes dos testes e depois relaxem. Por isso o Latin NCAP tem que fazer a auditoria para verificar que essas mudanças não aconteceram. Vários modelos foram auditados e na grande maioria os resultados estão dentro da margem de tolerância”, explicou o Secretário-Geral do Latin NCAP.