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Estado de Minas

Duelo de gerações - Álcool x flex

Voyage da primeira geração movido somente pelo combustível derivado da cana-de-açúcar enfrenta sucessor, que consome também gasolina, e resultado do comparativo surpreende


postado em 06/12/2008 11:30

Estilos diferentes nas duas gerações: linhas retilíneas predominam no modelos dos anos 80 e o atual tem traseira mais alta e arredondada(foto: Fotos: Marlos Ney Vidal/EM/D. A Press - 23/10/08)
Estilos diferentes nas duas gerações: linhas retilíneas predominam no modelos dos anos 80 e o atual tem traseira mais alta e arredondada (foto: Fotos: Marlos Ney Vidal/EM/D. A Press - 23/10/08)
Como o carro é a álcool, está lá no painel o botãozinho para injetar gasolina nas manhãs mais frias (ainda não tinha o sistema "automático"...).

O carro pega rápido e funciona silenciosamente. Os 81 cavalos do motor 1.6 garantem o bom desempenho. Mais agradável do que muitos sedãs compactos atuais. Anda quase igual ao irmão mais novo...

O painel é correto, mas faltam o conta-giros e relógio de horas, opcionais na época.

Veja mais fotos do duelo de Voyages!

A caixa é ótima, mas uma pena que só vai até a quarta: caixa de cinco era também opcional. O engate das marchas é preciso e não exige esforço: elas entram na maciota. Uma das poucas vantagens do motor longitudinal, hoje só encontrado, no mundo, no velho Gol.

Os freios são a disco na dianteira, a tambor na traseira, com auxílio do vácuo. E funcionam muito bem, mesmo sem ABS, que ainda não existia no Brasil. Aliás, nada eletrônico ou informatizado no carro: exportado para os EUA, o sistema de injeção do Voyage tinha de vir importado da Alemanha. Conseqüência da estúpida legislação brasileira da época, de reserva de mercado à informática.

A suspensão é boa, firme. O carro é confortável e estável. Visibilidade? A traseira é melhor que a do mais novo.

O conforto é relativo: os bancos não são exatamente anatômicos. O que nunca foi ponto alto na linha Gol, nem nos dias atuais. O espaço traseiro é razoável. O porta-malas é ótimo, praticamente igual ao do novo Voyage.

Apoios de cabeça eram (todos) opcionais. Segurança ainda não era tema em voga...
Modelo atual tem até comandos de som no volante. Painel simples e volante de aro muito fino era tendência em 85. Motor 1.6 a álcool tem menor potência e fica na posição longitudinal, o que diminui o espaço interno, e o propulsor flex está na transversal.
Modelo atual tem até comandos de som no volante. Painel simples e volante de aro muito fino era tendência em 85. Motor 1.6 a álcool tem menor potência e fica na posição longitudinal, o que diminui o espaço interno, e o propulsor flex está na transversal.

No tanque, a VW não evoluiu muito: a capacidade permanece nos mesmos 55 litros.

Desempenho do velho Voyage "preocupa" o novo: o consumo, entre cidade e estrada, de quase 11km/l com álcool. E arranca muito bem: até 100 km/h em apenas 11,4 segundos (segundo a fábrica: será?). Velocidade máxima por volta dos 150 km/h: perde feio para o novo. Mas precisa de mais?

Ponta em Gotham City
O Voyage foi lançado em 1981, no ano seguinte ao Gol, como sedã de duas portas. Uma resposta da Volkswagen ao Chevette da GM. Seu primeiro motor foi o 1.500, o mesmo do Passat. Em 1983, a evolução para o 1.600 e depois o 1.8, emprestado do Santana. O Gol deu origem também a Parati e Saveiro. Era a "Família BX".

Sucesso extraordinário de vendas, o Voyage foi eleito "Carro do Ano" pela revista Auto Esporte em 1982. Em 1987, com o nome de Fox, foi exportado para os Estados Unidos. Muito barato (U$ 5.200), foram 220 mil unidades exportadas até 1993. Preste atenção em alguns filmes do Batman: o Fox (Voyage) marca presença em Gotham City...

Além dos EUA, o Voyage foi para o Iraque e vários países da América do Sul batizado de Amazon e Gacel. E até com motor 1.9 a diesel para a Argentina, como Senda.

Em 1983, surge a carroceria de quatro portas. Um fracasso, pois era tudo o que o mercado brasileiro não queria, na época...

Veja o teste do novo Voyage!
Veja fotos do novo Voyage!

Numa das decisões mais atrapalhadas da VW do Brasil, o Voyage se despediu do respeitável público em 1995 (fabricado na Argentina), com cerca de 850 mil unidades produzidas. Pura bobeada dos "gênios de marketing" da VW do Brasil, pois a marca perdeu presença nesse segmento e que contribuiu para a VW ter perdido a liderança do mercado brasileiro.

Seu sucessor demorou exatos 13 anos. Se o primeiro só tinha o Chevette para enfrentar, o atual combate uma tropa completa de sedãs compactos: Classic, Celta e Corsa da GM; Clio e Logan da Renault; Siena da Fiat; Peugeot 207 Passion e Ford Fiesta.

DESEMPENHO
Apesar dos quase 30 anos, o velho Voyage 1.600 anda quase tão bem e bebe mais ou menos o mesmo que o novo. Palmas para ele.
Velho 9 X Novo 8

MECÂNICA
Dentro das possibilidades de cada época, a fábrica fez o possível nas duas gerações.
Velho 9 X Novo 9

ESTILO
O velho foi muito mais marcante na época do que o novo.
Velho 10 X Novo 9

VISIBILIDADE
O novo prejudica o motorista com suas largas colunas traseiras.
Velho 9 X Novo 7

SEGURANÇA
O velho fica devendo, pois não havia nem equipamentos nem a preocupação. No novo, falta apoio de cabeça central atrás.
Velho 7 X Novo 9

ESPAÇO
O novo ganha apertado, mesmo assim graças ao motor transversal e aos quase 20 centímetros a mais no comprimento.
Velho 7 X Novo 9

PORTA-MALAS
No empate, é justo prestar homenagem ao velhinho...
Velho 10 X Novo 9

CONSUMO
Como é que a VW explica que a geração anterior fica “ali” com o novo?
Velho 10 X Novo 9

TOTAL
Voyage 71 X Novo Voyage 69

Desnecessário lembrar que o jornalista foi rigorosamente parcial e suspeito na avaliação. Primeiro, por ser um apaixonado pelos carros antigos. Segundo, porque o Voyage 1985 foi o último carro de seu pai, o médico José Feldman...

Ficha técnica - Voyage 2009
Características
Motor
Tipo Quatro cilindros em linha, 1.6 VHT Total Flex
Posição Dianteiro, transversal
Cilindrada (cm3) 1.599
Válvulas 8
Diâmetro/Curso (mm) 76,5 x 86,9
Taxa de compressão 12,1
Potência (cv/rpm) 101 (G) / 104 (A) a 5.250
Torque (mkgf/rpm) 15,4 (G) / 15,6 (A) a 2.500
Combustível Gasolina/Álcool
Transmissão
Câmbio manual de cinco marchas; tração dianteira
Suspensão
Dianteira Independente, do tipo McPherson, com braços triangulares transversais e barra estabilizadora
Traseira Interdependente, com braços longitudinais
Direção
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica (opcional)
Freios
Dianteiro Discos ventilados
Traseiro Tambores
Rodas/Pneus
Liga leve (opcional) 6 x 14" / 175/70 R14
Dimensões e Capacidades
Comprimento (m) 4,23
Largura (m) 1,65
Altura (m) 1,46
Entre-eixos (m) 2,46
Porta-Malas (l) 480
Tanque de Combustível (l) 55
Peso (kg) 989
Desempenho
0 a 100 km/h (s) 10,1 (G) / 9,8 (A)
Velocidade máxima (km/h) 191 (G) / 193 (A)
Consumo
*Cidade (km/l) 13,1 (G) / 8,8 (A)
*Estrada (km/l) 18,5 (G) / 12,4 (A)
*Média (km/l) 15,8 (G) / 10,6 (A)
**Média Vrum (km/l) 10,1 (G) / 6,5 (A)
Fonte: Fabricante
(*) Números divulgados pela Volkswagen;
(**) Média Vrum é a média de consumo no circuito de testes do programa, que é metade estrada e metade cidade.

Ficha técnica - Voyage 1985

Características
Motor
Tipo Quatro cilindros em linha, 1.6
Posição Dianteiro, longitudinal
Cilindrada (cm3) 1.588
Válvulas 8
Diâmetro/Curso (mm) -
Taxa de compressão -
Potência (cv/rpm) 81 a 5.200
Torque (mkgf/rpm) 12,8 a 2.600
Combustível Álcool
Transmissão
Câmbio manual de quatro marchas; tração dianteira
Suspensão
Dianteira Independente, do tipo McPherson
Traseira Semi-independente com braços longitudinais
Direção
Do tipo pinhão e cremalheira
Freios
Dianteiros Discos
Traseiros Tambores, com servo
Rodas/Pneus
Aço, 5x13 / 175/70 R13
Dimensões e Capacidades
Comprimento (m) 4,06
Largura (m) 1,60
Altura (m) 1,36
Entre-eixos (m) 2,35
Porta-Malas (l) 460
Tanque de Combustível (l) 55
Peso (kg) 820
Desempenho
0 a 100 km/h (s) 11,4
Velocidade máxima (km/h) 156
Consumo
Cidade (km/l) 10
Estrada (km/l) 12
Média (km/l) 11
Fonte: Fabricante

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