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Estado de Minas

Cavalo-de-pau - Giro de loucura

Chevette com motor AP 2.0 de 250cv pilotado por dono de caminhão-reboque é o recordista brasileiro de rodopios sobre sua circunferência, com manobra de 1.260 graus


postado em 03/08/2007 10:33

Movimento começa na área de escape da pista e, quando a velocidade chega a 180 km/h, freio de estacionamento e acionado e o carro começa a rodar(foto: Fotos: Marcus Michelin)
Movimento começa na área de escape da pista e, quando a velocidade chega a 180 km/h, freio de estacionamento e acionado e o carro começa a rodar (foto: Fotos: Marcus Michelin)
Carlos Renato da Silva, de 32 anos, é proprietário de caminhão-reboque no Bairro São Salvador, na Região Noroeste de Belo Horizonte, na qual mora e trabalha, guinchando veículos batidos e estragados. Quando tinha 14 anos, pegava o automóvel do pai para lavar e, escondido, esticava com voltas pelo quarteirão. Com o passar dos anos, as voltas ficaram mais longas, tirou carteira de habilitação e se aprimorou nas ruas naquilo que é mestre: dar cavalo-de-pau. Com o nome completo, ele é um desconhecido no Autódromo do Mega Space, em Santa Luzia. Lá, quem desafia o bom senso, rodando 1.260 graus com um Chevette 1982 é Renatinho, como é conhecido pelos 2 mil torcedores que - em média - vão ao local todas às noites de quinta-feira assistir à acrobacia.

Renatinho não é a única atração das noites, mas é a maior. Há ainda arrancadas, mostra de carros tunados e outros pilotos que também fazem manobras arriscadas. O que faz a fama dele é o recorde que ostenta, junto com outro piloto de Brasília, de ser o brasileiro que mais vezes rodopia, equivalente a três voltas e meia. As primeiras rodadas foram feitas em um Opala Diplomata 1986, seu segundo carro - o primeiro foi um Fusca 1966. Mas ele não revela os macetes para dominar o veículo.

Um dos espectadores assíduos das manobras passa e diz que criou uma comunidade no Orkut (site de relacionamentos) para ele com a seguinte frase: "Se Romário é mil, Renatinho é 1.260". Renatinho diz "achar bacana" esse tipo de reconhecimento e lembra da vez que uma fã tirou a blusa e pediu um autógrafo nela. Quem não gosta da lembrança é a mulher dele, Cassilanda Jardim: "Disse que não ia ter autógrafo". No fim, a cena de ciúme foi contemporizada e a fã saiu com o autógrafo. Cassilanda é casada com Renatinho há três anos - estão juntos há 10 - e já acompanhou o marido em vários cavalos-de-pau, principalmente nos tempos em que ele os fazia na rua: "Não tenho medo. Tem que firmar os pés e segurar".

As manobras são bem conhecidas do público no Mega Space
As manobras são bem conhecidas do público no Mega Space


Cara limpa
Renatinho faz questão de ressaltar que agora só faz a manobra no autódromo e que também não usa bebida ou droga, quando acelera até 180 km/h e puxa o freio de estacionamento. "Esse autódromo foi a melhor coisa que aconteceu. Não aconselho ninguém a fazer isso na rua. É muito perigoso", afirma. A primeira vez em que foi ao autódromo, há dois anos, tinha um Chevette, 1988, e, quando fez o cavalo-de-pau conseguiu rodar 360 graus. Na segunda tentativa, chegou a 540 graus.

Quando comprou o atual Chevette, 1982, instalou o santoantônio, banco concha e investiu mais de R$ 5 mil em um motor AP 2.0, equipado com turbo, que, segundo o preparador Márcio Leandro Silva, rende quase 250 cv de potência. "Conheci o Renatinho quando ainda batia pega perto do Mineirão", lembra Márcio. A época é outra, mas o diagnóstico do amigo continua o mesmo, quando vê o amigo rodar com o Chevette: "Ele é completamente louco".

Quando o carro pára de rodar, Renatinho olha pela janela e pergunta ao fotógrafo se quer que estoure o pneu, já no arame, para fazer mais fumaça e faísca. Não vê problema, pois, se o pneu acabar, o reboque de Carlos Renato leva o Chevette de Renatinho para casa.

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